JB 08/09/2011
Lingua Tertii Imperii - Parte 1
Victor Klemperer era um judeu alemão "assimilado" (convertido ao cristianismo), professor de filologia, marido de uma "ariana", sobrevivente do Holocausto, uma mente inquieta que mesmo em meio à destruição que o rodeava, às humilhações a que era sujeito, a vida difícil do trabalho e das Jundenhaus (casas judaicas) fez um cuidadoso e extenso trabalho de anotação, um diário, dos aspectos mais importantes no que se referiu à manipulação da língua alemã por aquele regime que se instalara em 1933.
A leitura desse livro desperta uma imediata relação com 1984 de George Orwell, sendo que é imediata a relação da LTI com a Novilíngua orwelliana. Se ela não é a construção absolutamente nova como proposta em 1984, o regime nazista apropria-se inicialmente da língua para jogar todo seu peso na doutrinação, alienação, na coquista das mentalidades, dos termos, da ideologia.
É todo esse contexto que Klemperer explora com rara maestria. Indentifica as raízes do nazismo no romantismo alemão, no sentido que essa corrente literária deu ao mundo "Volkish", ao binômio elementar terra e sangue, à pretensa supremacia do rural sobre o urbano, da assimilação crescente do ideário nazista à partir das palavras e expressõs que resignificaram (evito dizer corromperam) a língua alemã, de forma a, no limite, constatar que as próprias vítimas assimilaram a LTI e a usaram.
Ao contrário do que se possa imaginar, o livro que tinha tudo para ser massante é de uma leitura instigante e de profundo interesse para quem goste compor o grande panorama de uma das ideologia totalitarista que marcaram a história do Século XX.
No entanto, o grande serviço que esse livro nos dá, além do conhecimento do período nazista , nos permite pensar não apenas o uso da linguagm em nosso cotidiano, seja nos aspecto político como nas mais diversas áreas da vida social.
Indispensável!