vitinho 16/02/2023
Se você quiser ler esse livro minha dica é: pirateie
Porque não vale o dinheiro gasto na compra deles.
Não tenho resenha elaborada para os outros volumes então farei dessa para todos: os livros não são, nem de longe, agradáveis. Arthur Conan Doyle era um imperialista racista misógino e xenofóbico de marca maior, e isso fica claro em muitas, muitas cenas de sua narrativa.
"Ah, mas ele é um homem da sua época, em 1800 e la vai fumaça" f*da-se. Se você consegue ler tranquilamente um livro em que ele chama os negros de selvagens e fala sempre que tem a chance que as mulheres são sexo frágil e que a vida de nativos vale menos que a de um homem branco, boa sorte e vá se lascar tanto quanto ele, porque eu não consigo.
O protagonista, o John, é em alguns momentos cativante, mas enquanto narrador reflete o ego de quem o criou: um veterano que acha que o mundo deve alguma coisa a ele porque ele estava no campo de batalha curando uns brancos que matavam os povos revoltosos das colônias da Inglaterra.
Não preciso nem dizer, portanto, que é uma leitura datada, que até daria pra relevar alguns desses aspectos se eles não fossem tão importantes para a narrativa, mas são. Sherlock, por outro lado, não apresenta os mesmos preconceitos que seu companheiro, mas o fato dele simplesmente não ferir os direitos humanos (às vezes acontece) é tratado como uma faceta de excentricidade de sua mente brilhante, mas de sanidade BEM questionável.
Agora, tentando ignorar a má impressão que tenho das narrativas por causa dessas coisas, é válido descorrer um pouco sobre a escrita nos livros. O autor com certeza brilha mais nos contos do que nos romances. Falando nestes, a maioria prendem bastante o leitor, e alguns tem alguns elementos de terror e suspense que contribuem muito para o desenvolvimento curto e fluido dos textos. Exceto pelos que todo o plot twist da narrativa gira em torno de racismo ou misoginia (sim, existem alguns em que isso acontece) que eu li bem rapidamente e sem prestar atenção pois não sou obrigado, em geral gostei deles. Quero fazer uma menção especial inclusive, a o que eu mais gostei, conto presente no volume 4: A aventura da juba do leão.
Para além disso, os romances. Ao todo, são 4, e não abro minha boca para dizer nem movo meus dedos para digitar que são muito bons, porque seria mentira. Cão dos Baskerville é o melhor, mas isso não é dizer muita coisa. Vale do medo não foi necessariamente ruim, mas foi tão pouco memorável que nem da resolução do problema eu lembro. Um estudo em vermelho e Sinal dos quatro são memoráveis sim, mas de tão ruim que são. Enquanto Sinal dos Quatro, além de ser chato e a história péssima, é uma das peças de narração mais racistas que já li em toda a minha vida. Estudo em Vermelho o problema é outro: em um romance cujo ritmo já não estava o melhor do mundo, Conan Doyle nos fez o FAVOR de logo antes da resolução do mistério, colocar tooda uma história que se passa na casa do cachaprego de sei la quantos anos atrás pra dar fundo pro assassino. Sinceramente, se fosse concisa pra explicar o motivo das mortes mais rapidamente, não seria tão ruim. Mas são capítulos e mais capítulos de uma história CHATA que surge do nada e que, sinceramente, ninguém liga.
Depois de tudo, finalmente acabei a saga inteira, e posso falar mal com propriedade dessa bomba que é Sherlock Holmes original. O quarto volume, só de contos, na verdade não foi nem tão ruim assim, mas não vale a pena considerando todo o resto (e vou ser realista também. provavelmente eu curti mais esse porque sabia que estava perto do final e perto de acabar).
2.5 estrelas. Ia dar 3 pra esse volume especificamente mas quando comecei a lembrar de tudo que passei nos outros, fiquei com raiva e diminui a nota. É isso, paz no coração e sou um homem mais feliz por ter finalmente terminado isso.