The Fortuitous Meeting

The Fortuitous Meeting Christopher Kastensmidt




Resenhas - The Fortuitous Meeting


1 encontrados | exibindo 1 a 1


Ricardo Santos 11/03/2016

Um Brazil fantástico
Não é só com romances de fantasia épica de quinhentas, oitocentas, mil páginas, que se faz um gênero. Textos mais curtos, como contos e noveletas, estão ganhando novo fôlego com as facilidades do e-book, tanto para quem produz quanto para quem consome literatura.
As noveletas de fantasia heroica do americano Christopher Kastensmidt, radicado em Porto Alegre, mostram que nem sempre o romance é o melhor formato para desenvolver uma história, um universo literário. O mundo da série The Elephant and Macaw Banner (A Bandeira do Elefante e da Arara) é um Brasil fantástico do século XVI, onde as lendas e mitologias formadoras do país ganham vida. Saci Pererê, Boitatá, Curumim, Iara, Labatut, Capelobo e outros.
Até agora foram publicadas cinco aventuras da dupla Gerard van Oost e Oludara. O primeiro um holandês que veio ao Brasil em busca de fortuna. O segundo um africano do Ketu (atual Benin), trazido à força como escravo. Ambos selam um pacto de amizade que é o fio condutor da série. É uma amizade improvável, mesmo numa versão fantástica de nossa História. O período colonial foi um dos mais brutais, com pouquíssimo espaço para sutilezas e compreensões de outras culturas. A violência era a lei e o convívio entre europeus, africanos e indígenas era conturbado.
Mas, no Brasil criado por Kastensmidt, há gente de muito caráter, a começar pela dupla protagonista. Aqui a gentileza tem uma importância fundamental. É uma mentalidade contemporânea num cenário histórico. Claro que coisas terríveis acontecem, os preconceitos são evidenciados. Porém, por meio da sabedoria de certos personagens, brancos, negros e indígenas, é feita a crítica de comportamentos do passado; e que continuam até hoje. A linha entre o subtexto e o didatismo pode ser tênue. Kastensmidt acerta mais do que derrapa.
E estas noveletas são divertidas, afinal? Sim. São textos fluidos, cheios de ação, com boas doses de humor. O autor mostra o esforço de suas pesquisas sobre as culturas e lugares do período com descrições ricas e dinâmicas, geralmente fugindo dos clichês, sem nunca atrapalhar o ritmo da narrativa e o desenrolar da trama. São histórias curtas, em que nenhuma página pode ser desperdiçada. Há um competente desenvolvimento de personagens, principais, secundários e terciários, inclusive os vilões, com motivações convincentes e personalidades tridimensionais. A estrutura do texto tem montagem cinematográfica com cortes que avançam a trama e perspectivas paralelas. Outro acerto é praticamente concentrar os pontos de vista em Gerard e Oludara, o que dá mais foco e densidade ao que é mostrado.
As noveletas podem ser lidas em qualquer ordem. Possuem tramas fechadas, que não deixam o leitor perdido no meio desse universo. Mas recomendo que as aventuras sejam lidas conforme a ordem de publicação. É a melhor maneira de perceber a evolução desse mundo, das trajetórias dos protagonistas e da escrita do autor.
As edições em e-books são simples, mas muito caprichadas. A começar pelas capas belíssimas, com ilustrações que fazem referência ao tema de cada aventura, finalizadas com uma titulação marcante.
Algumas dessas noveletas já foram publicadas aqui no Brasil pela Devir, em formato de bolso. O leitor brasileiro, juvenil ou adulto, merece conhecer essa inteligente e divertida visão estrangeira de nosso país.
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR