Julia G 01/12/2015BiaGrafiaNão gosto de ler biografias e não se trata de demérito de um livro ou de outro; o gênero como um todo não me envolve. As biografias apresentam fatos, narram alguns aspectos sentimentais, mas em geral falta aquela poesia e subjetividade tão comumente bem desenvolvidos em romances. Eu dificilmente me envolvo pela racionalidade que as biografias apresentam e é por isso que dificilmente leio livros desse gênero.
BiaGrafia faz parte desse gênero, mas quando Pedro Varella me convidou para ler a história de Bia, sua mãe, e contou um pouco daquilo por que passaram, algo me chamou para essa obra. Ainda que fosse exatamente como outras biografias, naquilo que comentei antes, ao mesmo tempo não foi. Diferente da maioria dos livros que eu comecei e abandonei, cheguei ao final desse totalmente conquistada, e valeu mesmo ter aceitado o convite.
A escrita de Pedro é impecável. A construção textual se tornou bela, ao mesmo tempo que conseguiu demonstrar de forma clara e sem floreios os acontecimentos de sua vida e de sua mãe. Seus gostos, suas conquistas, os momentos mais tristes e difíceis da luta contra o câncer, sem deixar de lado toda a força que tiveram para enfrentar as dificuldades.
Fica claro, desde o início, o gosto que Bia tem pela vida, pela família, pelos amigos. Tudo isso a faz agarrar com toda a força possível as mínimas chances que tinha para lutar contra a doença. E sua resistência foi tanta que, ainda que com os percalços do caminho, manteve sua qualidade de vida e nunca deixou nada do que queria por causa da doença. O mais importante, porém, foi sua resiliência e sua coragem. A resiliência, por aceitar sua condição sem se voltar contra ninguém, e ainda manter sua personalidade e otimismo. A coragem, por ter enfrentado tudo sem se deixar abater, por desafiar a si mesma sempre, por ser forte quando precisava que os outros fossem fortes.
Por todo o texto, o carinho que Pedro demonstrou pela mãe me fez lembrar muito da minha própria e fez repensar várias coisas que nem sempre damos o devido valor na vida. Apesar de não ser mais que um garoto quando soube da doença, com certeza cresceu muito com isso, e tomou decisões guiadas pelo coração que, com certeza, fizeram toda diferença em sua vida e na vida de sua mãe.
Esse amadurecimento, tanto de Pedro quanto de Bia, também me tocou. Por mais que evitemos pensar ou falar sobre, a morte é uma possibilidade constante, razão pela qual deveríamos nos preparar para ela sempre. Porém, sabemos que nem sempre essa preparação acontece, e a forma como eles conseguiram derrubar barreiras, sem banalizar assuntos tão sérios, inspirou-me.
Ainda, um detalhe interessante da obra é que ela é toda intercalada por fotografias que ilustram os acontecimentos, por cartas que Bia escreveu narrando seu dia a dia depois do início do tratamento, por trechos do blog que criou para atualizar seus amigos sobre seu estado de saúde, que, inclusive, continua ativo. Todos esses elementos contribuíram para aproximação do leitor e dinâmica da leitura.
Terminei a leitura de BiaGrafia tocada com a história. Nunca passei por uma situação semelhante, mas sei que, de alguma forma, esse livro me mudou, pelo menos um pouquinho. Para quem quer entender um pouco do que passam as pessoas com câncer, a leitura é válida. Para quem gosta de biografias, principalmente, será inesquecível.
Para quem quiser informações sobre como adquirir o livro, basta acessar a página do livro no Facebook.
site:
http://conjuntodaobra.blogspot.com.br/2015/10/biagrafia-pedro-varella.html