O Céu e o Inferno

O Céu e o Inferno Allan Kardec




Resenhas - O Céu e o Inferno


1 encontrados | exibindo 1 a 1


marcelgianni 12/07/2016

A Justiça Divina
Não se trata de um resumo ou sinopse do livro (para isso, veja minha resenha completa no link mais abaixo), mas sim de um relato do que me chamou a atenção no livro, e que pode influenciar outras pessoas na sua decisão de lê-lo ou não. Sem o uso de spoilers, faço uma análise sucinta da obra, justificando minha nota atribuída.

Este livro faz parte das cinco obras básicas que fundamentam o Espiritismo. É uma boa leitura para quem está se aprofundando na Doutrina Espírita, ou para quem procura explicações sobre pontos não esclarecidos por outras religiões ou crenças. Um livro que procura passar uma mensagem de otimismo na prática do caridade e do bem.

É dividido em duas partes principais, em que a primeira traz a doutrina sobre o tema – destino das almas após o desencarne como forma de punição ou recompensa por seus atos em vida -; e a segunda parte apresenta diversos exemplos vividos por pessoas nos mais variados graus de evolução.

Inicialmente, Kardec mostra diversos argumentos sobre a certeza na existência da continuidade da alma após o desencarne e, em seguida, procura trazer explicações sobre o nosso medo da morte e o porquê dos espíritas não o possuírem.

Posteriormente, o autor adentra no cerne do objetivo do livro, trazendo as explicações da doutrina espírita para o que seria o Céu ou Paraíso, conceituado assim por diversas seitas e religiões. Para o Espiritismo, não existe essa dualidade – Céu e Inferno -, mas sim, uma infinidade de patamares em que os espíritos permanecem, transitoriamente (pois estão sempre em evolução), de acordo com seu mérito. No caso das almas que enfrentaram suas provas na terra e se saíram bem, praticaram o bem e a caridade, preceitos de Cristo, estas vão para posições mais elevadas dentre os demais, no mundo espiritual.

Dentre as explicações para esta gradação, a doutrina traz as citações de Jesus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas”, e ainda: “A cada um segundo suas obras”, para determinar a velocidade do avanço de cada alma.

A felicidade suprema seria partilhada apenas por espíritos perfeitos ou Espíritos Puros, um estado alcançado pelo progresso da inteligência e moralidade. Este seria o nosso objetivo final como espíritos.

Como não seria possível atingir tal grau de felicidade suprema em apenas uma vida terrestre, o livro defende a multiplicidade de vidas, por meio de sucessivas reencarnações, para o aperfeiçoamento da alma.

Os espíritos bem-aventurados não estariam numa eterna ociosidade contemplativa, como querem nos fazer crer algumas crenças, mas sim, trabalhando constantemente em prol do bem e do avanço das demais almas imperfeitas.

Há um capítulo focado no “Inferno”, detalhando como o Inferno Cristão imitaria o inferno Pagão, e traz alguns pontos conflitantes e/ou ilógicos. Dentre eles, temos o fato de que, no inferno Cristão, alguém que comete um pecado menor ou maior termina por ir ao Inferno por toda a eternidade. Então, alguém que mentiu poderia ir para o mesmo lugar a que irá também o assassino e estuprador, por exemplo.

Outro ponto em que há um incoerente favorecimento por parte de Deus a algumas almas está na aparente imunidade e benefício dos demônios. Estes seres, que só praticariam o mal, não sofrem nenhum castigo por isso, mas passam todo o seu tempo punindo as almas errantes que expiam, justamente por terem praticado o mal. Porque os demônios não são punidos?

Sobre o Purgatório, o livro mostra que a Igreja o admitiu somente no fim do século VI, e que no Evangelho não há qualquer referência a ele. Para a Igreja, o purgatório seria um lugar semelhante ao Inferno, mas menos intenso, em que as almas expiariam seus pecados. No entanto, a Igreja não traz muitos detalhes sobre ele.

O livro traz um capítulo com argumentos a favor e contra a Doutrina das Penas Eternas, explicando a razão pela qual ela existiu, e outro capítulo sobre as penas futuras segundo o Espiritismo, pregando alguns ensinamentos importantes, como: “A alma ou Espírito sofre, na vida espiritual, as consequências de todas as imperfeições de que não se despojou, durante a vida corporal. O estado feliz ou infeliz é inerente ao grau de sua purificação ou de suas imperfeições”; ou ainda: “A soma das penas é proporcional à soma das imperfeições, como a soma das alegrias é proporcional à soma das qualidades”.

“A duração do castigo é subordinada à melhora do Espírito culpado. Nenhuma condenação por um tempo determinado lhe é imputada. O que deus exige para colocar fim aos sofrimentos é uma melhora séria, efetiva e um retorno sincero para o bem”

“O arrependimento é o primeiro passo para o progresso, mas não o suficiente: é preciso ainda expiar e reparar os erros”

Outro capítulo aborda os “Anjos”, diferenciando-os segundo a Igreja, e apresentando sua contestação, relatando que, nessa doutrina, eles seriam seres privilegiados, escolhidos para a felicidade suprema e eterna desde a formação do Mundo. Em seguida, apresenta os anjos segundo o Espiritismo, expondo que eles seriam almas dos homens que chegaram ao grau possível de perfeição para a criatura, e que, antes de atingirem o grau supremo, desfrutaram de uma felicidade relativa ao seu progresso.

No capítulo “Intervenção dos demônios nas manifestações modernas”, o livro traz as explicações dadas pela Igreja às evocações e demais fenômenos espíritas, apontando que seriam obras de demônios, já que os demais espíritos não poderiam entrar em contato com os humanos. Por essa ótica, o livro infere que, para a Igreja, Deus deu aos demônios mais facilidades para fazer os homens se perderem do que aos Anjos da guarda para salvá-los, o que resultaria numa injustiça por parte do Criador, algo inconcebível, pelo fato de Deus ser perfeitamente justo.

Com a ajuda das mesmas comunicações, ditas infernais, o Espiritismo busca reconduzir as pessoas a Deus e ao bem os que estão mergulhados no mal. Diante disto, se esta Doutrina recebe o apoio de Demônios, então estes estariam fazendo o que os anjos da guarda não podem fazer. Logo, não seriam seres maléficos, e sim, benfeitores.

No último capítulo da primeira parte, “Da proibição de evocar os mortos”, o livro analisa os motivos que a Igreja alega para condenar tal prática, que vêm da lei de Moisés, mas aponta algumas contradições para esta condenação, como:

– Se Moisés proibiu evocar os mortos, é porque eles podem vir. Então, como são espíritos dos mortos, não seriam Demônios.
– Se os espíritos dos mortos podem ser evocados, então eles não permanecem no lugar que lhes foi destinado pela justiça divina, isto é, no paraíso ou no inferno. – Se as Almas que estão em seu estado de felicidade suprema (Paraíso) não podem deixar seu lugar afortunado para vir em socorro dos mortais, por que a Igreja invoca a assistência dos santos?

A segunda parte do livro procura explicar e detalhar o que ocorre com o espírito no momento da morte/desencarne, por meio de exemplos diversos, conseguidos por meio de evocações. Nesta parte, procura-se demonstrar o que acontece no momento e logo após o desencarne em diferentes níveis de evolução espiritual, expondo desde os espíritos felizes, passando pelos espíritos em condições medianas, até os espíritos sofredores. Traz ainda exemplos envolvendo suicidas, criminosos arrependidos e espíritos endurecidos.

site: https://idaselidas.wordpress.com/2016/07/01/o-ceu-e-o-inferno-a-justica-divina-segundo-o-espiritismo-allan-kardec/
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1