Resenhas - Ficções

Voador 09/06/2016

A ficção imantada de Hilda Hilst
Tirei o "imantada" de um poema de Hilda Hilst, depois musicado e interpretado por Mônica Salmaso. Ficções eu comprei na metade dos anos oitenta em uma livraria que fica atrás do cine Belas-Artes, na Paulista. Nunca esqueci do primeiro parágrafo do primeiro conto, "Projeto": "Hamat, eu Hiram, quero construir a casa. Dentro de mim, sagrado descontentamento.". São vinte contos, pinçados de outras obras de Hilda, "Fluxo-Floema" e "Pequenos discursos. E um grande", com personagens de nomes exóticos ---- Haydum, Kadek, Ruiska ---- e uma completa falta de cerimônias com os gêneros. São contos que parecem jorros, fluxos contínuos, onde a uma ideia, uma imagem seguem-se outras sem interrupções, as vezes sem liame lógico, ficando a sensação de que a apreciação só é possível se pensar em cada texto como um todo. Hilda Hilst não deveria dar medo a ninguém, mas dá. Daí que eu sugiro que se leia Hilda sem pretensões, pulando aqui e ali, como bateia em um garimpo. Hilda Hilst pode surpreender.

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