Tragédias

Tragédias William Shakespeare




Resenhas - Tragédias


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thexanny 20/08/2022

Romeu e Julieta, Macbeth e Otelo, o Mouro de Veneza
Romeu e Julieta
Nota: ?????

Não leia Romeu e Julieta esperando uma história de amor. Essa história é sobre as consequências da imaturidade, de se deixar levar pelas emoções, de desobedecer seus pais, de pensar que ama alguém que nunca nem conversou.

Ela não pode ser vendida como "a maior história de amor", que amor? Um amor que começou em um domingo, sem nenhuma conversa. E que terminou na quinta, com o suicídio de ambos.
Para mim a maior mensagem dessa peça é mostrar que nossas escolhas têm consequências, e que pensar que sabemos de tudo é só uma prova de que não sabemos de nada.

É lindo o jeito que Romeu fala de Julieta, o jeito que Julieta olha para Romeu. Mas não é real. Romeu estava apaixonado por outra garota e só demorou um instante para amar Julieta, e esquecer Rosália.
O casamento deles com certeza não teria sido feliz, o final foi trágico, mas eu me pergunto se poderia ter acabado de outra forma. Acredito que uma hora ou outra eles teriam terminado, ou os dois seriam infelizes no casamento.
O pior é que Julieta não era burra, muito pelo contrário. Ela era determinada e muito mais madura que Romeu, tanto que quando Romeu começou a fazer juramentos de amor, ela o repreendeu. Disse a ele não prometer nada que não pudesse cumprir. Foi ela que propôs casamento, porque não queria só ficar de namorico. E quando ela se suicidou, não foi com um simples veneno e sim com uma adaga no peito. É uma pena ver que sua vida acabou de um jeito tão triste e, posso dizer? Trivial.

A briga entre as famílias Capuleto e Montéquio (que nunca chegamos a saber o motivo), é bem desgastante, não podiam estar no mesmo teto sem se cutucar. E acredito que Shakespeare queria deixar isso bem claro na peça, que eles nem sabiam porque estavam brigando, por isso nunca temos um motivo. O único motivo é a imaturidade, de não saber conversar e pensar que tem a verdade na palma da mão.

"Fale, anjo,outra vez, pois você brilha
Na glória desta noite, sobre minha cabeça,
Como um celeste mensageiro alado
Sobre os olhos mortais que, deslumbrados,
Se voltam para o alto, para olhá-lo,
Quando ele chega, cavalgando nas nuvens,
E vaga sobre o seio desse espaço"

A escrita é linda, não tem como não sair tocado. Mesmo eu sentindo raiva da escolha dos personagens, consegui me sentir comovida lendo em voz alta (até porquê para ler uma peça direito, você precisa ler em voz alta), consegui sentir a emoção que Shakespeare queria passar.

"Dramaturgos não são romancistas. Eles criam obras que precisam ser atuadas, interpretadas. Para serem reinterpretados através dos séculos. Graças à sua genialidade, Shakespeare nos deu um material tão cru que realmente pôde sobreviver através dos tempos, resistindo à miríade de reinterpretações que damos a ele. Porém, para apreciarmos Shakespeare de fato, para compreender por que ele sobreviveu ao tempo, devemos lê-lo em voz alto, ou melhor, ainda, vê-lo sendo interpretado, quer seja num traje de épica ou absolutamente nu, num prazer dúbio que tenha tido." Livros apenas um dia, pag.204

Após a leitura eu assisti uma adaptação lançada em 2013, me arrependi um pouco por tem começado por essa porquê ela não me tocou muito. E pelo que eu vi é uma das adaptações mais fracas em relação à atuação. Porém, eu achei o roteiro fiel, com uma mudança aqui e ali. Quero assistir outras por que só essa não me contentou.


Macbeth
Nota: ????

A história se desenrola na Escócia, no século XI. Os generais Macbeth e Banquo retornam vitoriosos de uma batalha. No caminho para casa, eles se deparam com três bruxas que fazem uma profecia: Macbeth se tornará barão e depois, rei. E os filhos de Banquo serão os próximos soberanos.

A peça mais curta de Shakespeare, mas uma das mais importantes. Macbeth vai nos falar sobre a ambição, o desejo e o destino inexorável.

Quando às três irmãs bruxas falam para Macbeth que ele será rei da Escócia, ele cria esperanças e um desejo de ter todo esse poder. E sua esposa, Lady Macbeth, uma mulher também muito ambiciosa, encoraja e, de certo modo, pressiona Macbeth para matar o Rei Duncan, de modo a se tornar rei o mais rápido possível. 

E mesmo no começo Macbeth tendo dúvidas sobre o assunto, ele acaba cedendo, porque ele não consegue deixar de lado sua ambição, que é maior que qualquer outra coisa.

Macbeth poderia ter se tornado um grande Rei, humilde e amado por seu povo. Ele precisava apenas ter paciência, e deixar de lado seus desejos egoístas. Mas ele decidiu largar tudo, matar o Rei que jurou servir, matar um amigo que lutou ao seu lado em batalhas, matar crianças e mulheres. Tudo para alcançar o que tanto queria, e que quando teve se sentiu tão vazio e tão infeliz quanto antes. ?Nada se ganha, ao contrário, tudo se perde, quando nosso desejo se realiza sem satisfazer-nos. Mais vale ser a vítima do que viver com o crime numa alegria cheia de inquietudes. ? ( III- II )

Ate que ponto os nossos desejos podem ser levados adiante? A graça da vida é aprender a não ter tudo e assim se contentar, a ser grato, a não deixar se levar por promessas de: fama, luxuria e prazer. ?A vida é muito curta e ansiosa para aqueles que esquecem o passado, negligenciam o presente e temem o futuro.? ? Sêneca.
Isso tras um discussão antiga, sobre o desejo. Na idade Média acreditava-se que só era homem quem ignorava seus desejos e seguia as regras. Hoje em dia, dissemos que só é homem quem tem a coragem de realizar o desejo. Mas a pergunta é: ir ou não ir atrás do desejo? Acredito que Macbeth, Romeu e Julieta, Otelo, o mouro de Veneza tem a resposta para essa pergunta.

Quando descobre a morte de sua amada esposa, Macbeth faz um discurso niilista sobre a morte. Ele perdeu o sentido da vida e não sabe para que lutou todo esse tempo, porque vê agora que nada valeu a pena. Comparando a vida com uma vela, que facilmente pode ser apagada. Uma vida sem significado e felicidade. Sua vida perdeu o sentido quando ele deixou seus valores para trás, pensando somente em si mesmo.

"Ela devia morrer um dia.
Haveria um tempo para essa palavra.
Amanhã... e amanhã... e amanhã...
Deslizam nesse pobre desenrolar
de dia a dia
até a última sílaba do registro dos tempos
e todos os nossos ontens iluminaram para os tolos
o caminho até o pó da morte.
Apaga-te... apaga-te breve vela!
A vida nada mais é que uma sombra que anda...
um pobre ator que se pavoneia e se agita durante sua hora no palco e depois não é mais ouvido.
É uma estória contada por um idiota cheia de som e fúria que nada significa.
Nada!"

A história de Macbeth me fez refletir sobre o que nós estamos lutando, quais são os nossos desejos? As pessoas, especialmente os jovens, parece que perderam o sentido da vida. Queremos tanto e queremos agora. Pensando somente no "eu", no momentâneo.

Eu adorei essa peça, foi a segunda que eu li do Shakespeare. Percebi certas semelhanças com Romeu e Julieta, como o autor não deixa nenhum personagem ileso, se alguém fez algo errado terá suas consequências. A peça teve várias cenas importantes, e muitas mensagens. Na resenha eu não comentei sobre o período histórico em que a peça foi escrita, mas vale a pena pesquisar pra entender algumas coisinhas na hora da leitura.

Otelo, o mouro de Veneza
Nota: ?????

Otelo, o mouro de Veneza é uma peça fenomenal que abre caminho para diversas discussões, sobre o ciúme, a confiança, e a importância que damos as aparências. Como qualquer obra antes de ler deve-se saber o ano em que a obra foi criada e seu período histórico, para que assim possamos ter a melhor experiência de leitura e também fazer criticas concretas. As obras do Shakespeare são difíceis de determinar uma data concreta, contudo presuma- se que foi escrita por volta de 1900, ela se passa durante a guerra otomano-veneziana.

É interessante notar que, apesar de Iago ter ajudado, Otelo já desconfiava de sua esposa. E eu acredito que, um dos principais motivos é que Otelo tinha uma autoestima baixa, por conta de sua origem e tudo o que ouviu dos outros. Ele não via seu próprio potencial, ele não via que ele era um homem que cumpria o seu dever. E ele não entendia o motivo de Desdêmona ama-lo e tê-lo escolhido como seu esposo e isso trazia a desconfiança de que, a qualquer momento ela podia troca-lo.

Um assunto importante também é sobre a confiança. Como Otelo poderia confiar em Desdêmona, e Desdêmona em Otelo, se eles nem se conheciam. Como tudo na vida, a confiança precisa ser adquirida e quando conhecemos pouco alguém, não temos ciência do que essa pessoa é capaz. Tanto que quando Desdêmona diz que nunca havia presenciado tal comportamento de seu marido. Emília responde: ?Não é em um ano, nem em dois, que se conhece um homem. Tudo que eles são é estomago, e nos não passamos de comida. [...]?

O professor José Garcez Ghirardi, no quadro literatura fundamental, fala sobre alguns pontos na peça de Otelo, e ele diz uma coisa que me chamou muito a atenção. No final das tragédias de Shakespeare, a ordem foi restaurada, mas essa ordem não serve para nada. O que adianta Iago ter sido punido, se Desdêmona morreu? O que adianta as famílias Motequio e Capuleto terem se entendido, se Romeu e Julieta morreram?

Como ele diz, essa é a essência das tragédias de Shakespeare. Que mostram essa contradição no tempo Elisabetano, ou seja, o que existia antes já não pode existir e aquilo que vai existir, ainda não pode existir. Essa é uma geração presa entre o que JÁ não é, e o que AINDA não é. Ele explica isso melhor no vídeo, quem quiser assistir, pesquise: ?Otelo, O mouro de Veneza ? José Garcez Ghirardi?.

Acredito, que a principal mensagem dessa peça é que precisamos ter cuidado com quem escolhemos confiar. Não se deixar levar pelo o que os outros dizem, e sim tirar conclusões a respeito dos fatos. Que nem sempre são fáceis de ver. Também ter comprometimento com aqueles que prometemos respeitar, se Otelo tivesse colocado a palavra de sua esposa em primeiro lugar, tudo teria sido diferente. Ele foi enganado e feito de bobo, não pela sua esposa, que ele tanto desconfiava. Mas por seu ?amigo?, que nunca lhe deu uma resposta certa, mas sim especulações que só um coração inseguro, ciumento e desconfiado poderia aceitar como prova.
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Carous 08/06/2021

Resenha de Hamlet - lido em 2014 | Nota: 5
Não fosse uma leitura obrigatória para uma matéria na faculdade, eu nunca leria essa história. Me conformaria em conhecê-la através de resumos na Internet, fingir que entendia as menções em outras produções e admiraria de longe as citações famosas que circulam por aí.

Tive que ler duas vezes a peça, em formatos diferentes, por causa da faculdade. Na primeira vez achei Hamlet um tremendo alienado. Na segunda, me solidarizei com ele. Porém continuo achando que Shakespeare foi injusto com Gertrudes. Mas não posso esperar que um homem entenda as nuances e complicações de ser mulher no século XVI.

Também acho que ele foi injusto com Ofélia, que pouco foi desenvolvida na história e poderia ter uma participação maior e mais relevante. Mas essa personagem também pena por ser escrita por um homem que não estava interessado em contar a história de mulheres na corte e sim de intrigas políticas.

Mas acabou se tornando minha peça favorita de Shakespeare até hoje e atiçou em mim a curiosidade para ler o resto de suas tragédias e comédias. Apesar de não ser escrita em prosa, acho que é uma história completa, que cobre bem toda a traição e intriga no reino (talvez por ser uma peça longa).

Resenha de Romeu e Julieta - lido em junho/2021 | Nota: 3,5
É bom finalmente conhecer esta famosa obra, tantas vezes reencenada nos palcos, adaptadas para as telas, mencionada em outras produções e recontadas diversas vezes. Agora posso entender as referências não porque já ouvi sobre a peça de teatro, mas porque li a peça.

Mas... não vi nada demais nela. Que taquem maçãs e laranjas na minha cabeça, me queimem na fogueira como bruxa, mas pra mim faltou alguma que me fizesse entender por que é uma história é tão famosa e atravessou séculos. Uma sensação que tive quando li outros clássicos.

Entendi a história, as inimizades, as punições, as atitudes drásticas de Romeu e Julieta, e o desfecho, mas não me compadeci de nada. Provavelmente as motivações dos personagens - tanto de Romeu e Julieta quanto dos outros - tenham perdido a força com o passar dos anos pra mim. Elas não conversam mais comigo, pois achei muito drama por nada, muito ódio entre as famílias pra nada. Talvez se não fossem nobres desocupados, não tivessem tempo para cultivarem ódio um do outro nem esse desespero de viver com o ser amado ou morrer.

Eu dou uma colher de chá pra Julieta, pois mulher naquela época tinha opções limitadas, valia pouco, era mais um estorvo pra família que um presente. Sonhar e ser dramática era apenas o que tinha. Mas o Romeu? Não vai dar...

Dificilmente compro paixões avassaladoras ou à primeira vista. Dificilmente compro ódio tão profundo por outra pessoa. E comprar isso numa peça de teatro em que de uma cena da outra não há muita explicação foi bem complicado.

Percebi durante a leitura de que muito do que captei da obra tem mais a ver com o que já ouvi falar sobre esta tragédia. A peça em si é picotada demais para tirarmos muitas conclusões.

Resenha de Macbeth - lido em outubro/2021 | Nota: 5
Levei uma semana para concluir esta leitura e considero bastante tempo para uma peça de míseras 123 páginas ou por aí. Mas não fiquei surpresa porque sempre acredito que lerei as peças de Shakespeare em 2 dias no máximo, por causa do tamanho, e acabo levando mais tempo. Não são difíceis, mas é necessário dedicar um tempo se você quiser absorver o enredo, as críticas e não apenas ticar como lido.

Não leio peças de teatro uma atrás da outra, então, quando pego este volume de Tragédias, eu sempre estranho num primeiro momento a maneira como a história é contada.
Dessa vez, participei de uma leitura coletiva e o administrador dela adivinhou meu problema: as lacunas na história que causam estranheza. Hoje em dia, o leitor precisa de mais conteúdo para acreditar nas motivações dos personagens, mas mudanças de opiniões, etc.
Sempre acho que Shakespeare podia ter desenvolvido mais as cenas, mas não é esse o objetivo de uma peça. E elas não foram feitas para serem lidas e sim encenadas.

Eu achei o Primeiro Ato o mais difícil de ler. Anos separam a publicação desta peça de quando eu li e esse trecho da história deixou isso bem evidente. Haviam referências que eu não consegui captar e nem as notas de rodapé ajudaram nesse quesito.

Depois que eu me acostumei com todos esses aspectos da peça, percebi o quanto estava curtindo a peça. Junto com Hamlet é minha peça favorita de Shakespeare.

É, eu adoro ler clássicos. Eles ultrapassaram séculos não foi à toa.
Agora que concluí a escola e a faculdade, gosto de tentar entender sozinha a razão para o sucesso. E acho muito maravilhoso ver as adaptações. Principalmente quando detecto a ideia original por trás delas.
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Arthur803 17/10/2021

Uma ótima referência para outras obras
Este livro, escrito por Shakespeare, engloba três histórias de tragédia vividas por três núcleos diferentes, Romeu e Julieta, Macbeth e Otelo. Em todas essas histórias podemos esperar desgraças, amores e relações conflituosas entre alguns personagens, o clássico das novelas e romances, a questão de mais destaque é que esse livro é contado em formato de roteiro de teatro, um formato que eu não estava acostumado, mas que demonstrou ser bem fluido e interessante.

Pelo seu formato, o livro é 99% diálogo e 1% descrição, realmente um roteiro, os acontecimentos prosseguem de forma não detalhada, por exemplo: "_ Fulano morre".
Por isso o foco realmente são as personalidades de cada personagem, na minha opinião, pois são essas interações que seguem a história. Essa obra é um ótimo guia de desgraças para outros contos, consegui identificar pelo menos 5 dos 7 pecados capitais, talvez os outros 2 ainda estejam mais nas entrelinhas, sinal de alta manipulação dos nossos sentimentos e dos personagens.

O fato de alguns pontos do livro serem redundantes e desnecessários me fez dar 4 estrelas, pensamentos meio chatos e extensos, entendo um pouco que deveria ter a construção por meio de pensamentos e que deveria frisar isso para conhecermos eles, mas a enrolação ultrapassou esse motivo, na minha opinião.
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Raphael Milão 14/06/2022

Intrigas, romance, combates e morte, William Shakespeare conseguiu juntar isso perfeitamente nas suas obras que no entanto são clássicos até hoje.
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Mesinha 14/06/2023

Sofrencia apenas
Explicando de forma superficial: Romeu é pobre iludido e emocionado, Julieta é filhinha de papai que quer contrariar
Macabeth acredita em palavra de bruxa e fica desumilde?
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Tamara Ferraz.As3Artes 02/11/2021

Uma história poderosa
Os temas centrais de Otelo são inveja, amor e ciúmes. A inveja é o tema central da trama, ela faz o personagem central, Iago, cometer mais pecados. A história é tão rica que aborda muitos aspectos da alma humana: preconceito racial (Otelo é mouro), amor, poder, ciúmes, intrigas, vingança e morte. Sem dúvida essa é a minha peça favorita de Shakespeare. Uma história poderosa.
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deivison 31/07/2022

Incrível!
Gostei muito desse livro, principalmente a tradução! Meu medo era de achar a leitura complicada por se tratar de Shakespeare, e de não eu não estar habituado a ler clássicos na época.
O livro conseguiu me prender bastante nas obras, um problema que tive para terminar esse livro foi pelo simples motivo de uma "queda de interesse" nele enquanto lia, mas de modo geral eu fiquei encantado com a escrita expressiva de Shakespeare (e bote expressiva nisso viu), penso sim em reler algumas das tragédias desse livro, principalmente Macbeth, minha favorita.
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@fabio_entre.livros 12/09/2018

Epítomes

No início da década de 2000 a editora Nova Cultural lançou a coleção “Obras-Primas”, que, na verdade, era formada por reedições de uma coleção publicada pela Abril no fim dos anos 70. Originalmente, o volume “Tragédias” tinha capa verde e era composto pelas quatro mais célebres peças de Shakespeare nesse gênero: “Romeu e Julieta”, “Macbeth”, “Otelo, o Mouro de Veneza” e “Hamlet”. A reedição da Nova Cultural, ainda que tenha suprimido uma das peças – “Hamlet” – apresenta os textos de modo claro e simples, fazendo com que a leitura flua sem problemas, mesmo para aqueles que, como eu, não são adeptos do formato teatral. Isso se deve, em primeiro lugar, à excelente tradução de Beatriz Viégas-Faria (a mesma utilizada nas edições individuais da L&PM); além disso, a boa diagramação da edição também contribui para uma leitura agradável.
Em relação às peças, propriamente, não creio ser necessário me aprofundar em análises individuais delas, uma vez que já há centenas de resenhas (embora poucas possam, de fato, ser consideradas como tal) no Skoob. Contudo, de modo geral, posso afirmar que todas elas representaram, na minha experiência de leitor, alguma forma de epítome.
Em “Romeu e Julieta”, primeiro texto do volume e, provavelmente, a peça mais famosa do autor, há a epítome do arrebatamento romântico juvenil, inconsequente e desvairado na ânsia de consumar seus desejos. “Macbeth”, por sua vez, um drama histórico pretensamente mais “sóbrio” por deixar de lado os arroubos amorosos, nem por isso deixa de abordar também duas formas de epítome: a ambição e a loucura, entrelaçadas nas personificações de Macbeth e sua esposa. A propósito, “Macbeth” lembrou-me parcialmente “Crime e castigo”, de Dostoiévski: embora as motivações e os contextos sejam distintos, o meio (assassinato) e as consequências (culpa, paranoia e loucura) são similares. “Otelo”, por fim, sintetiza o ápice do ciúme desvairado através do personagem-título, mas também do maquiavelismo, manipulação e falsidade na forma de Iago.
Em termos de gostos, o texto de que mais gostei foi “Romeu e Julieta”, mas isso não foi uma surpresa, pois, sendo muito visual, fiquei o tempo todo recordando o filme de Franco Zeffirelli, ao qual assisti antes de ler a obra. O filme é de uma beleza ímpar, combinando as brilhantes atuações dos protagonistas com todo um cuidado técnico, desde a adaptação do roteiro até aspectos como fotografia e figurinos. Já após a leitura das 3 peças, vi também adaptações das outras obras e, a título de indicação, menciono os filmes “Macbeth: Ambição e guerra”, de 2015, com Michael Fassbender no papel principal, e “Macbeth”, de 1971, dirigido por Roman Polanski. Quanto a “Otelo”, indico “Othello”, de 1995, com Laurence Fishburne no papel do Mouro e Kenneth Branagh como Iago.
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z..... 10/01/2019

Romeu e Julieta / Macbeth / Otelo
Em 10/01/2019
"Macbeth", drama sobre a ambição, que enlouquece o casal protagonista na busca pelo poder. A escolha irracional para eles parece a melhor opção, se tornando natural num caminho de monstruosidades (com assassinato do rei, de amigos e de menino). Como expressou Lady Macbeth, a maldade precisava associar-se à ambição para alcançar os objetivos, da qual seu esposo era anteriormente destituído (em outras palavras, sem a qual seu esposo não ascenderia).
O contexto é de suspense, apresentando bruxas que instigam a ambição, frieza para a conquista almejada e desumanização na disposição da personalidade. É nisso que vai se desenrolando a trama, na escalada de cobiça e traição de Macbeth.
Destaque, em termos de curiosidade, para a inusitada floresta em movimento, no cumprimento de profecia das bruxas. Obra interessante e de leitura rápida e fácil.

Em 12/01/2019
"Otelo" - Curiosa a escolha de um mouro como protagonista, haja vista que a contextualização é em país latino que outrora teve embates com o povo de Otelo. Talvez tenha sido para reforçar a percepção sobre as desarmonias, muitas vezes baseadas em visão pejorativa e pré-julgamentos. Historicamente teve muito disso, como as batalhas entre cristãos e mouros, e na obra vemos exemplo também, quando Iago provoca imagem maldosa de Desdêmona na visão de Otelo, motivado por rancor e inveja, desencadeando os conflitos.
Não é uma história de amor, pois não é este que triunfa (nas virtudes expressas biblicamente em I Coríntios 13), mas de atos intempestivos na irracionalidade de pré-julgamentos.
Em aprendizagens, vemos o mal sedutor, prefigurado em benevolência e caminhos retos (como é caracterizado Iago); e vemos também a fraqueza de personalidade em se deixar levar pelas aparências, como folha no vento (Otelo). Este tem disposição fraca e intempestiva na personalidade, pois fora alvo de calúnias no início, ao ser confrontado pelo pai de Desdêmona, onde deu voz à razão, e depois foi oposto, na cegueira de ciúmes quando sua esposa foi o alvo das calúnias.
O ciúme está em evidência no livro e deixo em registro final uma definição expressa por Emília, a personagem que achei mais interessante, pela postura do questionamento em enfrentamento da adversidade. Sobre o ciúme disse o seguinte, após Desdêmona se lamuriar por nunca ter dado motivo:
"Mas almas ciumentas não funcionam assim. Elas nunca são ciumentas porque há uma causa, mas sim porque são ciumentas. Este é um monstro gerado em si mesmo e de si mesmo nascido".

Em 15/01/2019
Não acho uma leitura arrebatadora enquanto história de amor e, em verdade, o casal protagonista pareceu-me em busca de liberdade e desapego do mundo onde eram infelizes. Essa é uma história que vive se repetindo em realidades que conheci pelos interiores onde andei. A semelhança é no seguinte aspecto: de enlaces muito jovens, constituindo famílias adolescentes, no que entendi como busca de emancipação, de abraçamento de nova perspectiva de vida, ainda que muitas vezes ilusórias, numa alternativa que parecera viável, sedutora e promissora, comprando esse ideal mesmo que de forma inconsequente. Romeu e Julieta, no meu entendimento, abraçaram essa perspectiva, de felicidade ao lado de alguém que se identificaram (não esqueçamos que as coisas caminhavam em casamento arranjado para a jovem e o moço depositava no encontro amoroso a motivação de vida, diante de enfado que só via - esse era o mundo em que eram infelizes). Assim como os casais adolescentes que conheci nos interiores, Romeu e Julieta valorizaram também esse projeto de felicidade aparente para si. Essa é a maior reflexão que a obra provocou em minha leitura.
Oportunizou também o desvendamento de três curiosidades (ainda que banais) que os quadrinhos provocaram. Queria saber por que morder o polegar em gesto direcionado a alguém era ofensa (tive que mergulhar na net e a resposta era de declarar o outro infantil, imaturo, moleque, onde o gesto remetia à lembrança da amamentação). Outra coisa é sobre a referência de um terremoto circunstancial na infância de Julieta (sim, está presente na obra, na lembrança da Ama de Julieta, que também foi ama de leite e, ao que parece, perdera a filha na circunstância citada e assim passou a acompanhar a protagonista, amamentando também). E a curiosidade final (a mais banal também) remete ao duelo entre Páris e Romeu na tumba de Julieta (tinha visto coisas escandalosas em termos de adaptação em HQ, com Romeu matando o oponente à paulada, pé-de-cabra e até com uma picareta... que coisa insensível e grotesca... o duelo fora com as espadas encontradas pelo Frei Lourenço... presta atenção, ô, no que quadrinizas).
Finalizando, a personagem inusitadamente mais marcante (e falo por mim) foi a Ama de Julieta, pelo jeito espirituoso entre o drama e a comédia. Mas que figura! Já tinha visto exclamações surreais, macacos me mordam se não! Convenhamos, porém, que "Pois, por minha virgindade - perdida aos doze anos -, pedi-lhe que viesse para cá. Qual o que, essa ovelhinha!" (respondendo à Lady Capuleto sobre Julieta) é bastante atirada. Mama mia! Acho que ela era tipo uma Dercy Gonçalves. E o que falar daquelas exposições em que coloca-se como motivo de riso... É preciso ser uma pessoa muito espirituosa: "Posso jurar por catorze de meus dentes - mas, verdade seja dita, infelizmente só tenho quatro..." (em diálogo com Julieta). Ressalte-se que é uma personagem que teve postura mais compreensiva com a moça do que a própria mãe e o pai, apesar da jovem, em sua cegueira ilusória, ter-lhe retribuído com palavras pra lá de mesquinhas em dado momento.
Em termos de desbocamento, Mercucio porém foi imbatível, mas não registro.
E o frei, hein? Porca miseria! Mais inconsequente que o tenro casal, semeando a mentira...
Ah, vale o registro de uma frase de Romeu no diálogo com o boticário: "Aqui está seu ouro, o pior veneno para a alma humana, o que comete mais assassinatos neste mundo detestável - mais que esses pobres compostos que o senhor está impedido de vender. Sou eu quem estou lhe vendendo veneno; o senhor não me vendeu nenhum."
Entre as discussões possíveis com o clássico, satisfaço-me com estas.

Dou cinco estrelas para cada obra, mas as quatro valeram pela edição, que essencialmente traz só os textos shakesperianos, não oportunizando notas (como a necessária sobre o tal gesto do polegar) ou comentários e apresentações bem-vindas para enriquecer a leitura.
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Camila0831 15/09/2021

Perigos do amor
A adolescência de um amor impulsivo e fatal, a maturidade de um amor companheiro e igual, o desabrochar de uma amor que ainda está se conhecendo e, por isso, tão propício à dúvida. As três tragédias shakespeareanas reunidas aqui nos ensina muito sobre o humano, mas principalmente nos leva a pensar nesse sentimento tão humano e tão perigoso que é o amor romântico.
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laura.brunca 11/01/2022

tragedias
impressionante como escutamos todos os dias as injustiças da vida e ainda assim só acreditamos ao ver,mais um relato nesse livro
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Amanda 10/03/2022

Perda da poesia de Shakespeare
Obras como a de Shakespeare, na minha opinião, não são possíveis de se traduzir integralmente, pois se perde tanto da linguística no processo. Eu gostei do livro, mas as duas primeiras peças não me entusiasmaram tanto quanto Otelo, talvez pois ali o vilão é humano e pessoal, enquanto nos outros os vilões são abstratos. Ainda assim, acho que se deve ler Shakespeare no original, porque parece que falta algo ao texto traduzido.
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Profe Ariely 26/07/2022

Edição maravilhosa em capa dura com relevo dourado! Contém 3 peças importantes e renomadas do bardo inglês. Romeu e Julieta, Otelo e Macbeth.
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Karen.L.P 22/09/2022

3 histórias marcantes de Shakespeare
Romeu e Julieta, um clássico sem igual. Como assim até hoje eu não tinha lido? Só em filmes mesmo. Pode ser pelo fim trágico que não quis me aventurar nessa leitura.
Macbeth não me prendeu em nada.
Otelo do meio para o fim, não conseguia parar de ler. Foi bem emocionante. Confesso que queria um final diferente, mas são as Tragédias de Shakespeare. Então é o que temos. Otelo me surpreendeu.
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