spoiler visualizarLuana 27/05/2023
Eu acreditei que seria bom, mas...
Quando eu descobri que uma das pessoas que eu mais gostava na internet escreveu um livro, eu fiquei bem feliz e curiosa em ler para saber o que seria tratado.
O começo do livro é bem parado, eu fiquei alguns dias sem ler por falta de vontade, já que é um início chato, mas fui resiliente. Quando chega ao meio da história, as questões começam a aparecer e o mistério se eleva, o que era o esperado por mim. Ao acontecer os apagões, eu fiquei bem mais interessada, montando teorias que ficavam batendo na cabeça durante o dia (teorias essas bem melhores do que o bendito final).
Enfim, tudo estava indo bem, aí iniciou o fluxo do íncubo. Eu acreditava que era algo mais metafórico, uma explicação inviável para um problema que ela ainda não entendia, mas que em algum momento ia procurar por ajuda.
Então ela engravida. E aí fica a dúvida: como é que pode alguém estéril engravidar? Será um erro médico? Será que foi coisa desse tal íncubo? Será que foi algo para o lado religioso, um milagre? A Claire não se importa com isso, apenas continua vivendo a vida e gestando um bebê que ela não sabe explicar como. Nesse momento, eu já não me importava no sentido da obra, eu só queria ver para onde estava indo.
Tem uma parte, que até esqueci de mencionar anteriormente, que é sobre Judy e Brian. Aparentemente, eram para ser os grandes amigos de Claire, tanto que Brian é o responsável por dar um trabalho para ela na cidade. Durante umas cinco vezes, é falado o quanto ele mudou, não é mais o mesmo de antes, que há algo estranho. Para onde isso vai? Lugar nenhum. O que essa amizade faz de diferente na história? Absolutamente nada, além de mostrar uma amizade nula entre os dois. Se tivesse falado apenas que era um chefe qualquer, eu acreditaria mais. Agora a Judy... É falado o quanto ela sentia falta da amiga, que ela não saiu da casa do prefeito e que deveria fazer algo para sair daquela vida. Elas conversam? Apenas uma vez, já que a Claire é "obrigada" a ir até a casa do prefeito. Elas voltam a se falar? Não. Para que a amiga da Claire existe? Para nada, a não ser morrer junto ao Brian. Era para eu ter algum tipo de emoção ou reação com a morte deles? Pois eu senti foi alívio. Tem tanto personagem, que matar mais dois foi como uma dádiva. Personagens demais que falaremos mais sobre eles adiante.
Estamos chegando ao final do livro, o vizinho estranho da Claire vai até ela e mostra uma portinhola que tinha no meio dos pinheiros da casa dela. Isso faz com que ela estranhe, já que morou ali por muito tempo e aquilo era novo, algo estava acontecendo e muito próximo a ela. O que ela fez com essa informação? Absolutamente nada. Essa cena realmente precisava? Não. Mas foi inserida. Por quê? Eu diria encheção de linguiça, mas o livro é pequeno, então não precisava colocar uma cena desnecessária quando se está chegando ao final da história. Apenas não tem sentido.
E então, os acontecimentos finais chegam e, em uma velocidade maior que a da própria luz, tudo é explicado em um longo discurso (com direito a narração de uma personagem praticamente invisível para dar um drama a mais, talvez?), mas pode ser resumido por duas simples palavras: seita e dinheiro.
Eles tinham uma seita, precisavam de uma mulher, com a marca de Sofia (que não é explicado o que isso realmente significava) e que sofreu muito na vida, para conceber o Christus, que faria com que a "religião" deles fosse validada e assim se tornaria a única verdade (um bebê de Rosemary, versão a pior possível). Como eles fizeram para tudo acontecer do jeito que queriam? Com dinheiro.
Eles fizeram a mãe dela se matar, eles fizeram o pai dela abandonar ela sozinha por uma mala cheia de dinheiro, eles fizeram a doação para ela ir para a faculdade, eles contrataram um cara para casar com ela, eles subornaram um médico para ele mentir sobre a esterilidade dela. Eles e o dinheiro. Tudo para que, coincidentemente, ela voltasse para lá e eles começassem o plano. Por serem os todo-poderosos, eles sabiam que a Claire era alcoólatra e usam isso para medicá-la, levá-la para casa e est****-la diariamente até que ela ficasse grávida. Esse assunto é abordado e não é tratado da pior forma possível, então apenas deixo meu repúdio por tocarem nesse assunto só para chocar o leitor. E me deixar fula da vida, o que realmente aconteceu.
Blá blá blá, O.V.A. aqui, salve o O.V.A. lá e eu já estava ficando sem paciência. Quando está faltando 5% para o final do livro, o vizinho misterioso entra em cena e começa o arco de salvação da Claire.
Eu não vou nem tentar mostrar minha irritação com essa palhaçada que foi essa parte, mas chegamos na parte que a Claire tem o filho, a Margareth leva o filho embora, todos acham que a personagem principal morreu e um ano depois o bispo dos mórmons descobre o paradeiro da mulher, dizendo que faria justiça. Além de, aparentemente, a Claire ainda estar viva e fugir da clínica que estava.
Para finalizar, vamos falar da quantidade de personagens que este livro possui, e a sua grande inutilidade. Por se tratar de uma cidade pequena, meio que todos se conhecem, então se era para ter o final que teve, deveria ter aprofundado mais nos personagens, fazer o leitor ter interesse naquelas pessoas para que pudesse entender o que estaria por vir e até mesmo criar mais teorias sobre quem seria o assassino. Mas apenas temos uma breve apresentação a todos e a impressão da Claire sobre eles, o que é inútil ao final de tudo. Quando chega ao final, os participantes da seita são: o médico da cidade e mais 8 doidos que estão ali, foram citados na história, mas que não tiveram a mínima importância em nenhum outro momento. A seita é morta por uma das participantes, no caso a tal Margareth, e eu fico sem entender o porquê daquilo ter acontecido. Por que matou? Ninguém sabe. Se queria que a seita e a O.V.A. fosse a maioral, por que assassinou a cambada inteira? Como passar a "palavra" de algo que foi dizimado antes de concretizado? Outra pergunta: Quem é essa Margareth? Qual a importância dela para a história antes disso? Nunca saberemos.
Resumindo, um livro mal escrito, com um final aparentemente feito às pressas para fechar as milhares de pontas abertas com um simples argumento: "temos dinheiro". Se você estava preparado para um mistério, com um suspense, está enganado. Aqui só vai encontrar decepção, um final com explicações estapafúrdias e um gosto de amargo, como se pudesse ver uma bom argumento indo para o ralo.