Camille.Pezzino 05/03/2020
ANÁLISE #29: FATO OU FICÇÃO?
Quem nunca ouviu a frase “a Grécia é o berço da civilização ocidental”? Essa realidade é difundida por todos os cantos, justamente pelo modo de filosofar e pensar o passado, ao menos, após Heródoto – o conhecido pai da historiografia. Contudo, ser grego ou parecer grego pode ser muito mais do que imaginamos a priori, até porque seu corpus filosófico, mitológico e histórico é bem vasto.
Anne Fortier, autora de A irmandade perdida, escreveu uma narrativa focada nas amazonas, personagens lendárias e muito conhecidas da mitologia helênica. Assim, se você já ouviu falar da Diana ou da Mulher Maravilha, claramente já tem um pedaço dessa trama que se desenrolou bem na sua frente, como um papiro.
Amazona, de acordo com o Houaiss e até mesmo na perspectiva de alguns teóricos, possui uma etimologia incerta. Isto se deve ao fato de existir mais de uma possibilidade de porquê o nome delas é esse.
A primeira possibilidade provem do grego, seria o prefixo de negação a somado a mazon, ou seja, “seio”; assim, amazona seria aquela que é desprovida de seio. Dentro do contexto da lenda, faz muito sentido, já que se pressupõem que as amazonas retiravam o seu seio para melhor manejar o arco (o que, no final das contas, claramente não faz sentido). A segunda possibilidade, também muito difundida, relacionar-se-ia com a sua posição guerreira. No vocábulo iraniano, existe hamazan, que significa “aquele que luta junto”.
Ambas as ideias são muito congruentes e bem trabalhadas por Fortier que, no decorrer da sua narrativa, traz muitas informações verdadeiras e conhecidas pelos teóricos da área, como a localização de Troia, quem a descobriu, os possíveis lugares das amazonas no passado, bem como a aparição de diversos personagens míticos, lendários e importantes da narrativa da Hélade. Contudo, nem tudo é realidade, algumas partes da trama soam inverossímeis e outras são artifícios muito bem elaborados pela a autora e que fazem até bastante sentido, como a predileção dela quanto a Idade das Trevas da Antiguidade, na qual o mundo Antigo perdeu todas as suas informações e sua “civilização” para um terremoto, muito embora existam três teorias quanto a isso.
Outros artifícios utilizados por ela, no decorrer historicizante, é a presença de Páris ou Alexandre. Na Ilíada, por exemplo, Páris é basicamente a escória de Troia e trai a hospitalidade espartana por raptar Helena (embora seja ambíguo e envolva o mito do pomo de ouro, em que Zeus decide que Páris irá escolher a mais bela entre Afrodite, Athena e Hera. O humano decide por Afrodite, a qual lhe concede a mulher mais bela – nessa época, tal mulher já estava muito bem casada com Menelau). Contudo, dentro de A irmandade perdida, Páris não é um homem fraco e que foge da batalha, na verdade, ele é basicamente Heitor.
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