Gê 16/02/2016
Gabriel, A ladeira, o Pimenta
O que dizer de um livro que muito ensina? O livro me fez relembrar a época em que eu lia os livros da série vagalume. Quem é o Pimenta? Um menino das ruas de Vila Isabel, um menino como muitos por aí, com a diferença de que o nosso menino se ousou mais ao nos contar a sua história, pois possuía habilidades que muitos não sabiam existir, talvez ocultado por suas peraltice, escondido sempre no uso de sua frase : A culpa não foi minha! O livro despertou em mim vários sentimentos, que em dados momentos um sai e dar lugar a outros. E me coloco a observar uma realidade pelo olhar de um garoto de 9 anos de idade, garoto ágil , alegre, falava o que lhe dava na telha e de vida simples, porém vivia de forma encantadora e desafiadora, criando confusão por demais , coisas que fazia muito bem.
O livro nos é narrado aos olhos do Gabriel, em que sua vida se passa no morro, morro este que por sua vez está passando pela transição de pacificação do Rio de Janeiro, que é um programa de Estado de Segurança que visa recuperar territórios ocupados há décadas por traficantes e milicianos, através das unidades de polícia Pacificadora (UPPS).
Não pedir um texto mais informativo ou mais detalhado sobre o assunto, pois não foi necessário, até por que considerando a idade que este tem, e sendo uma criança a narrar, este narrou e nos apresentou tudo certinho, nos colocando a par das coisas e dos acontecimentos.
A vida do Gabriel, não é nada fácil, tive vontade de dar uns puxões de orelha em seus colegas, rs, pelo que faziam ao nosso Pimenta . O Gabriel é um bom menino, o que lhe faltava era certo freio com a língua, que sem perceber tudo virava uma confusão. Eu sempre a lhe dizer ,,, calma Pimenta, para criarmos inimigos, basta falarmos a verdade.
O garoto mora apenas com a sua mãe em uma casa humilde, uma mãe batalhadora, sofrida, mostrando que não teve e não tinha uma vida fácil. Apesar das dificuldades educava o filho da melhor forma possível, e possuía belíssimos bordões, e que o filho a utilizava com frequência mesmo não sabendo realmente o verdadeiro significado, mas tudo se encaixava, o uso das figuras de linguagem se fez presente de forma interessante a exemplo de: taquaras rachadas, O cúmulo do capenga. Eita lapada sem mão e tantas outras. Gostei por demais da linguagem utilizada, pois esta é meio de socialização entre os seres.
Confesso que o pequeno me fez chorar com a chegada de um tio, pois desencadeia sentimentos, alguns guardados e outros novos, que de certa forma a partir desse reencontro o livro cresce, o nosso menino, de certa forma toma uma nova forma, isso é crescimento.
E veio às perdas, lidar com elas não é nada é fácil, no entanto, fez de nosso menino um homem menino. Chorei com ele, pelo que a vida o impôs para ele. Por quê? Porque a vida tem disso, as estórias se encontram e nós que somos os meros leitores nos vemos na estória, nos contagiamos, e de certa forma nos colocamos no lugar do outro e consequentemente nos emocionamos.
E os demais personagens? Sim, tem outros personagens, tem os amigos e os não amigos do Pimenta, tem a velhinha que tudo via sentada em sua cadeira, tem a menina , a Cristal, por quem o coração do nosso menino batia mais que o normal...rs. Tem tanta gente legal lá no morro. O cansaço do sobe e desce a ladeira, e, as brigas e intrigas com os colegas e moradores. Cada um com suas vidas e experiências, e no decorrer da narração percebemos que favela é como qualquer outro lugar e que “Também é lugar de Gente”.
Senti um aperto no coração ao me despedir do Gabriel o nosso Pimenta, e o imaginei moço crescido, tem personagem que é assim, fechamos o livro, mas os personagens, estes ,levamos em nossos corações.
site: https://www.facebook.com/leootc?fref=ts