Dangerous Curves Ahead

Dangerous Curves Ahead Sugar Jamison




Resenhas - Dangerous Curves Ahead


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Caverna 09/11/2016

Ellis terminou com seu namorado há seis meses, se demitiu do trabalho com advocacia e abriu sua própria loja, Size Me Up, e está tentando colocar as coisas nos eixos, se aceitar e descobrir o que ela realmente quer de sua vida. Porém, Ellis não é como a maioria das personagens que vemos por aí: magras, corpo normal, aceitável pela sociedade venenosa. Não, o corpo dela é curvy e eu tô tentando até agora achar uma palavra boa pro português que não seja com curvas. Ellis fala o que pensa, se impõe e é uma ídola para todas nós!

Mike Edwards é o crush de Ellis de quando ela estava na faculdade, com um porém: ele namorou sua irmã. E, quando se reencontram, ele não a reconhece (!). Ellis pode ter mudado um pouco (corte de cabelo, maneira de se impor), mas Mike continua o mesmo, e Ellis pode sentir o ar de cara-galinha ao redor dele.

Após se reencontrarem, Mike sabe que a conhece de algum lugar, mas não se lembra de onde. Ellis fica muito brava, principalmente porque ela tinha um crush (ainda tem?) nele, e resolve jogar com ele. Mike começa a ir atrás dela, querendo conhecê-la e tentar lembrar de onde eles já se viram, enquanto Ellis joga frases sarcásticas e o insulta levemente, provocando. Todos aqui sabemos onde vamos parar, não é?

Eu li o livro em inglês, porque comecei a ajudar na tradução, e eu me apaixonei na escrita da Sugar. O livro é leve, mas ainda assim abordando temas muito importantes e atuais do feminismo. Digo isso porque...:

A loja de Ellis, Size Me Up, não é apenas para mulheres acima do peso, mas para mulheres que se destacam, que saem do padrão manequim: mulheres altas (as roupas ficam curtas), mulheres baixas (ficam grandes), mulheres com o pé maior que o "normal", enfim. Ela quer abraçar essa fatia da sociedade que se sente rejeitada, diferente, pois é assim que ela sempre se sentiu em lojas convencionais: nunca servindo, sempre precisando mandar ajustar... E mesmo que em sua loja algo não sirva de imediato, ela mesma ajusta as roupas e as mulheres se sentem extremamente acolhidas com ela.

Há várias personagens no livro, como o ex babaca de Ellis e a tia dele (que é como uma mãe pra ele), que o tempo todo estão enchendo Ellis de frases odiosas e preconceituosas. A mulher, no caso, é bem explícita com seu preconceito. Já o Jack, o ex, é tipo brasileiro: acha que não é preconceituoso, mas cada ação, cada frase que sai da boca dele diz o contrário.

Ellis tenta ser bem resolvida com seu corpo, e ela é, até certo ponto. Sua autoestima ainda é um tanto baixa, por conta de tudo que sempre ouviu sua vida toda. Principalmente durante o relacionamento venenoso com Jack. O tipo de cara que fala "ninguém mais vai te querer, só eu", ou como ele tem que se esforçar pra fazer sexo com uma mulher como ela. Nojento.

Mas o Mikey... Ah, Mike! Que homem, minha gente. Um policial ex-galinha que simplesmente não vê Ellis como uma mulher gorda. Digo isso porque o livro é em terceira pessoa, com o foco variando entre os dois. Ele a vê como uma mulher cheia de curvas, maravilhosa, gostosa e, na mente dele, todos a veem assim também. E é quando eles começam a sair que ele começa a presenciar o preconceito vivido diariamente por Ellis. E aí ele tenta ajudá-la a lutar contra isso, tenta ajudar a melhorar a autoestima dela.

E é mais ou menos nesse ponto que temos um problema. Ellis não quer que um homem ajude ela a ter a autoestima levantada, ou qualquer coisa do gênero. Ela quer se levantar sozinha, por si própria. Ela não quer ser dependente. Ela é extremamente forte, sério. Cada coisa que ela passa, por mais que ela caia, ela sempre levanta. Um exemplo de personagem.

Além do casal principal, temos o amigo de Mikey, o irlandês Colin. As duas amigas de Ellis, que trabalham na loja com ela e, claro, a família de Ellis, que é simplesmente maluca: seus pais são professores cientistas de universidade. Sua mãe foi uma hippie, ainda é totalmente liberal e muito engraçada e direta, enquanto seu pai tem a síndrome de Asperger, o que faz o relacionamento dos dois ser muito peculiar e fofo. Já a relação de Ellis com a irmã, é complicada: ela é mais velha e age como uma adolescente (e elas tem mais de 30 anos rs).

A autora, então, nesse meio-tempo, nos presenteia não somente com uma comédia-romântica sobre autoestima, mas também discorre sobre temas importantes, preconceito, relacionamentos de maneira geral e os dois lados dos seres humanos. E os personagens dela são muito humanos! Mike tem algumas dificuldades no trabalho como policial, Ellis está na corda bamba com a loja por questões financeiras e o relacionamento com sua irmã é sempre uma bomba-relógio. Aliás, podemos ver até o preconceito dentro da família (mais especificamente da irmã com o pai com síndrome de Asperger).

Ou seja... Assim como na vida, nada é preto no branco. E uma coisa que eu gostei muito desse livro, é a lição de perdão e de força da Ellis, afinal, para amarmos o próximo, precisamos primeiramente nos amar, assim não nos perdemos. Eu sinceramente gostaria muito que o livro começasse antes, quando ela ainda tava com o Jack, pra poder ver quando foi que ela se tocou que estava em um relacionamento tóxico e que precisava sair dele. Apesar de ela falar muito sobre, ainda assim, é diferente.

O livro ainda não tem em português (nem pra baixar, sorry dragons), mas se alguém se habilitar para ler em inglês, ou quiser esperar pro português... Vale muito a pena! Não sei se já li um livro tão leve e ao mesmo tempo com temas tão bons e atuais assim.


site: http://caverna-literaria.blogspot.com.br/2016/11/dangerous-curves-ahead.html
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