Gê 23/06/2016
O Eterno Menino
Fui apresentada ao “ETERNO MENINO”, pelo escritor Leonardo Otaciano, que nos conta sua trajetória, trajetória essa que diferencia de muitos e iguala a outros. Confesso que trouxe a tona coisas que por mim tinha sido adormecidas, e que acordara com a leitura do livro.
Em alguns momentos o livro me fez rir, em ver como esse menino aprontava. Em outro momento me fez chorar, pela forma que este agiu quando era pra agir. Penso que o objetivo do escritor ao escrever, é isso. Tocar quem ler. E o autor com certeza alcançou seu objetivo.
Quem de nós nunca passou pela adolescência com os sentimentos aflorados? O autor protagonista resolve nos narrar sua infância, revivendo momentos marcantes, claro que existe uma mistura de realidade com ficção. A aventura começa ser narrada quando o menino com seus 11 anos de idade, chega à nova escola, este morava no centro de Duque de Caxias, cidade metropolitana do Rio de Janeiro. E nessa narração surge a escola como o meio social mais forte em suas vivencias, até porque é lá que enfrentamos nossos medos e nos deparamos com o novo, e isso dá um frio na barriga, pois saímos da zona de conforto. A narração segue com o entrosamento do garoto com os novos colegas e de como tudo isso o leva ao crescimento.
A cada capítulo somos presenteados com belas imagens, seguindo de citações que representam a emoção do momento, enriquecendo ainda mais as experiências do "Eterno Menino".
“Podemos ser jovens pro resto da vida, porque, afinal não é apenas um estado físico em alguém, ela vai além disso, toca o espirito e a alma e pode nos acompanhar até onde queremos. Agora, ser criança, isso não, isso só é possível ser uma vez em toda a nossa existência”.
Interessante no livro é a forma que o autor narra às ações, e você se vê por ali, vive tudo juntamente com o protagonista. E você percebe que este fora um bom menino, e se no momento em que juntamente com os outros, aprontou, era porque estava em sua definição, tentando encontrar um caminho a seguir, isso se dá na formação do sujeito.
“Sempre fui muito observador e sozinho apesar de gostar de fazer amigos e mantê-los perto de mim... Nunca fui uma criança que seguisse regras sem reclamar mas não as infringia quando a mim eram pospostas...”
Um menino que era apaixonado por futebol, como a maioria da garotada. A bola era de certa forma um dos passatempos prediletos, não esquecendo da TV, que este tinha um verdadeiro apego. E as brincadeiras? Momentos gostosos, e em meio as suas experiências, vai crescendo... Momentos mágicos eram as idas a casa da tia, nossa que coisa boa...
Tocou-me sensivelmente o momento que este perdera o pai, não sei como, mas sem sombra de dúvida as perdas também nos ajudam a crescer. E ao ouvi o que nenhum filho quer ouvir o nosso menino ouve: Seu pai morreu! O autor retorna a esse momento de forma triste, porém de forma grandiosa, pois usa os sentimentos mais verdadeiros, o real sendo exposto. E nessa hora o menino toma atitude de gente grande. E nós, leitores, nos pegamos sentindo a dor do menino, e quando menos esperamos, as lágrimas começam a descer.
Quantos de nós de fato tomamos tais atitudes de providenciar e acertar coisas? O que fazemos diante de uma situação dessa? A mim, a experiência foi dolorosa, mas as coisas precisavam ser feitas, e me vi no personagem, pelo que de fato a vida e morte se apresentaram juntamente. Enquanto este estava no momento de crescimento, a morte se apresenta para mostrar o quão duro a vida de fato é.
O livro me trouxe belas reflexões, as perdas você aprende desde cedo, dos primeiros dentinhos, as pessoas que amamos. Nos enganamos, ou melhor, tentamos nos enganar, cada dia vivemos a dar sentido à vida, porque do contrário, vivemos do luto ao luto. O bom na vida do "Eterno Menino" era que ele tinha bons amigos, estes tentaram interferir para que este voltasse à alegria de antes, fácil de fato não seria. De todos os amigos do nosso menino, um garoto me trouxe, despertou em mim uma certa curiosidade:
“Há muitas coisas esquisitas nesse mundo, sei que sou uma delas, mas isso não me torna pior do que os outros. Sou tão diferente quanto o modo de olhar de cada um de vocês”- Pierre Mathias.
O menino Pierre, apresentava sua estranheza, tinha umas tremedeiras, por muitas vezes o Eterno presenciava coisas estranhas e de certa forma interferia para que coisa pior não viesse a acontecer. Fiquei curiosa sobre os acontecimentos ocorridos na vida do garoto, e penso que esse Pierre daria um livro. Muito bom transitar em meio aos sentimentos de nosso Eterno menino, o Eterno gostosinho, rs, que despertava nas garotas um certo sentimento de pele, os desejos mais sacanas que uma garota poderia ter...rs!
Um momento interessante e que chamou minha atenção foi o capítulo 16, pois algo nos é apresentado, no entanto, não é tão esclarecido:
“Foi exatamente aqui, nesse ponto da história, que acontecera um fato muito marcante em minha vida. De início recuso-me a relatá-lo, talvez mais a frente eu consiga um espaço para encaixar na obra somente os detalhes mais importantes.”
Fiquei imaginando... Que fato seria esse? Aí entendi depois que li todo o livro. Além das paixões pelas meninas, andou apaixonado pela banda Aerosmith. Uma banda norte-americana de rock, formada em Boston, Massachusetts, em 1970, com seu estilo baseado no blues tendo elementos do pop e heavy metal. O nosso menino não resistiu ao som da banda e a paixão foi certeira. O menino começou uma nova fase, momento rebeldia, pois deixara cabelo crescer. Interessante esse momento que o ser humano escolhe um alguém para se referenciar. Penso que todos em uma determinada fase passa pelo processo de querer ser alguém, se identificar no vestir, no falar, enfim num estilo de vida a seguir. Claro que o protagonista deixa claro que a frase o “Sexo, drogas e rock roll” de certa forma o assustava, mas logo percebeu que era apenas uma frase. Sabendo assim, diferenciar um bom som das frases vinculadas.