Mari 10/02/2016
"É isso aí, N. Esse jogo pode ser jogado por duas pessoas."
"Que droga!" Essa foi a primeira frase que veio em minha mente quando terminei a leitura. Confusa. Absurdamente confusa. É assim que me sinto, pouco mais de uma hora depois de terminar a leitura de Desaparecidas. Fiquei, durante 60 minutos e pouco, pensando sobre Nick, sobre Dara, sobre o enredo, sobre o que fazer depois dessa leitura. A única coisa que me parece no mínimo aliviante é escrever a resenha. O problema é que não fazia ideia de como começar até escrever a primeira palavra que veio em minha mente sobre o que estou sentindo agora.
"Nada está bom."
Nick e Dara são irmãs. Com onze meses e três dias de diferença na idade, Dara está segura de que a irmã mais velha é melhor que ela em tudo, enquanto Nick está convencia de que a irmã mais nova é quem é sempre a melhor. As duas eram inseparáveis até que uma delas deu um passo que a outra gostaria de dar e, consequentemente, as afastou. Para sempre. Depois de um grave acidente, Nick está decidida a apagar o passado - o dela em particular, mas, principalmente, o dela com a irmã - e começar do zero. Só que, enquanto ela trabalha na FanLand, um parque de diversões, sua vida fica cada vez menos divertida quando sua irmã parece se afastar ainda mais dela e verdades guardadas dentro de seu interior parecem lutar para sair.
"É típico de Dara se tornar não apenas o assunto, mas também uma imposição na conversa mesmo quando não está no ambiente. Desde que me lembro, as pessoas me comparam com Dara, e não o contrário. Ela não é tão bonita quanto a irmã mais nova... É mais tímida que a irmã mais nova... Não é tão popular quanto a irmã mais nova."
Eu gostaria de poder olhar para Lauren Oliver e dizer "Mulher, o que você tinha na cabeça quando organizou esse enredo?". Comecei a ler o livro durante um lanche e tive que parar na página 90. Até aí a história estava como eu me senti ao terminá-la: confusa. Quando retomei a leitura, não parei até chegar ao final e, então, tudo fez sentindo. É muito estranho querer falar o que eu achei dessa história sendo que ainda não cheguei a uma conclusão de fato, mas acho que se eu deixasse para amanhã não conseguira passar o que senti realmente. Você pode estar se perguntando o porquê de a história parecer confusa nas quase 100 primeiras páginas e eu não posso lhe dizer o motivo, mas posso deixar uma dica: preste atenção às pistas.
Faz dez minutos que comecei a escrever essa resenha e acabo de chegar à uma nova conclusão: eu não me sinto confusa, me sinto enganada. A sinopse, os nomes antes do início de cada capítulo, a mudança na narrativa, diálogos que pareciam ter erros... tudo, tudo me fez pensar uma coisa e, nos capítulos finais, me deixou abalada. A autora conseguiu descrever, contar e narrar tudo de uma maneira tão convincente, tão envolvente, que você pensa que está está errada, ou que ela escreveu algo sem sentindo. "Mas, Mariana, pensar que a autora escreveu algo errado não é uma coisa ruim?" Não,
não nesse caso. Ao chegar ao final, você vai ver que era exatamente esse o objetivo dela.
"Estranho como a gente confunde duas sensações tão diferentes. Frio e quente.
Dor e amor."
Não quero ficar falando sobre as personagens para não dar a bobeira de soltar algo que não posso, porém preciso dizer que Nick é uma personagem imensamente intensa. Dara, por sua vez, é literalmente uma caixinha de surpresas. As duas possuem personalidades opostas, ao mesmo tempo em que poderiam se completarem e fechar feridas e buracos uma da outra. Temos também Madeline, uma menina de nove anos que sumiu e que apenas parece não ter ligação com as irmãs, os pais delas que dão raiva em diversos momentos, Parker e Alice que são do tipo de personagem que você gostaria de conhecer, assim como FanLand é um lugar que você gostaria de visitar para conhecer as pessoas que tornam o local especial - inclusive Princesa. Uma das melhores partes do livro é que a autora, apesar de estar focada nas irmãs, criou personagens significativos que podem até parecer não ter outro motivo para estar ali se não o fato de a história precisar de personagens mas, não, todos, por menores que sejam, influenciaram com um ato, uma palavra, uma presença.
[...] LEIA A RESENHA SEM CORTES EM: http://www.magialiteraria.net/2016/01/resenhas-desaparecidas-lauren-oliver.html
"Querida Nick,
Inventei um joguinho.
O nome é: me pegue se for capaz.
D."
Desaparecidas é um trilher psicológico fascinante que te faz terminar a história completamente sem noção do que está sentindo. Comecei a escrever a resenha confusa, durante a escrita percebi que sentia enganada, agora termino dizendo que estou admirada. Lauren Oliver conseguiu escrever um livro totalmente incrível, construiu um enredo fascinante com maestria e deixa o leitor se sentindo mal por não ter descoberto certas verdades antes e, mais ainda, deixa o leitor angustiado por não poder mudar o que uma certa pessoa sente nas últimas páginas. A única coisa que posso dizer, por fim, é: leiam. Bom, mas, antes de colocar o último ponto final nessa resenha, conto o que vou começar a fazer assim que clicar em "publicar": começar a leitura novamente. Preciso ver o que deixei passar, preciso entender profundamente essas irmãs, preciso... preciso deixar de sentir esse aperto no coração que passou de Nick para mim quando eu descobri a verdade.
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