Aione 28/10/2015Considero Cecelia Ahern como uma das autoras que apenas me basta ver seu nome na capa de um livro para que eu me interesse por sua leitura. Com Como se apaixonar não foi diferente.
Aqui temos a história de Christine que, em primeira pessoa, nos narra os improváveis acontecimentos de sua vida. Após ter tentado impedir o suicídio de um homem, resolve terminar seu casamento por enfim aceitar que ele não a faz feliz. Enquanto enfrenta as consequências de sua escolha, conhece Adam em uma situação totalmente improvável: uma nova cena de suicídio. Assim, ela consegue convencê-lo a tentar recobrar a vontade de viver em duas semanas – prazo estipulado por ele -, enquanto precisa lidar com seus próprios fantasmas.
Não demorei a mergulhar na leitura, uma vez que a escrita da autora foi bastante envolvente. Ainda, a própria premissa me interessou, principalmente pela curiosidade sobre como a autora desenvolveria o enredo, afinal, um prazo de duas semanas me pareceu pouco para persuadir alguém nas condições de Adam a continuar vivendo, e temi por não conseguir ser convencida pelo livro. Felizmente, isso não aconteceu. A história, ainda que desenvolvida em um período cronológico relativamente curto, não me passou a sensação de inverossimilhança, sendo capaz de me encantar passo a passo, de forma que me vi compreendendo as situações de cada personagem e torcendo por elas.
Christine, aliás, me agradou, mesmo com algumas observações sobre ela. É notório que a personagem foque em Adam em uma tentativa de ignorar seus próprios problemas, algo trabalhado em seu amadurecimento ao longo da trama. Ainda, sua extrema passividade em alguns momentos chegou a me incomodar – no sentido de desejar que ela parasse de sofrer injustiças -, considerando-se tudo a que ela é obrigada a aguentar, principalmente de seu ex-marido, e acaba por suprimir. De qualquer forma, essa é uma característica intrínseca à personagem e necessária à maneira de como se dão os fatos. Christine é forte, acima de tudo, pela maneira de como é capaz de enfrentar as situações e de se colocar no lugar de outros. Adam, por sua vez, é encantador ao revelar seu lado mais vivo e sagaz, ao mesmo tempo em que desperta compaixão por suas provações internas. Merecem destaque, também, o pai e as irmãs de Christine, que cativam o leitor principalmente por seu peculiar humor.
Como pontos baixos, destacaria principalmente os relacionados a alguns momentos da narrativa e ao trabalho de tradução e revisão do livro. Sobre o primeiro caso, senti que, em alguns momentos, havia a criação de certa expectativa sobre a descrição de um momento que, logo em seguida, era quebrada ou pela ausência dessa narração ou por uma descrição mais superficial. Sobre a tradução, notei a presença de algumas construções de sentenças um pouco incomuns no português, que culminaram em frases estranhas e de compreensão dificultada, resultando em uma quebra de fluidez da leitura. Ainda, as falhas de revisão foram bastante frequentes, ficando um alerta à editora sobre isso – algo que, inclusive, já notei em outras publicações.
Em linhas gerais, Como se apaixonar é envolvente e de temática delicada sendo, por consequência, capaz de gerar reflexões importantes, ainda que singelas. Foi uma obra que conseguiu me emocionar em alguns momentos e me surpreendeu com algumas de suas revelações, algo mais do que positivo para o desenvolvimento da trama. Ainda que não tenha entrado para o meu hall de favoritos da autora e nem tenha me impactado como outras de suas obras, foi, certamente, uma leitura leve, proveitosa e sensível.
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http://minhavidaliteraria.com.br/2015/10/27/resenha-como-se-apaixonar-cecelia-ahern/