Danika 08/04/2016Apaixone-se"E, às vezes, quando você testemunha um milagre, passa a acreditar que tudo é possível."
Dois livros me deixaram de ressaca literária em um único mês. Gente, isso é coisa de Deus não. Ficar naquela deprê, ainda 'vivendo' dentro do livro, pensando nos personagens, na trama toda, no quanto você queria continuar aquela leitura nem sempre é saudável. Principalmente quando você não consegue ler mais nada durante dias e atrasa suas leituras. MAS, Como se apaixonar é um livro LINDO, que vale muito a pena ser absorvido.
"- Você. - Adam olhou pra mim, o rosto vivo, os olhos brilhando. - Você é um tônico. Deveriam prescrever você para depressão em vez de comprimidos."
Sabe aquelas pessoas que adoram livros de auto ajuda? Não sou eu. De jeito nenhum. Mas a Christine vive sua vida praticamente baseada nesses livros. Sempre tem um livro para os momentos mais propícios e ela os usa como base. Há tempos ela não se sente plenamente feliz, gosta do seu trabalho de recrutamento, pois ajuda pessoas a acharem trabalho que combinem com eles. Mas seu casamento não vai bem, sua família é maluquinha da Silva e quando está praticando uma das lições de um livro, consegue evitar que um homem se matasse. Ela tem um clareza interna com isso e acaba seu casamento e passa a querer viver melhor. Mas sabe aquela história do raio que não cai no mesmo lugar? Imagina só que ela se depara com outra tentativa de suicídio e vai ajudar. Só que neste caso, ela se envolve ainda mais.
"[...] Eu testemunhara um das coisas mais reais da minha vida, e isso me fez querer parar de fingir, isso me fez querer ser verdadeira e que tudo na minha história fosse real e honesto."
Uma vez questionei numa rede social porque casos de suicídio são 'abafados' na televisão e uma colega psicóloga me explicou que ao ter ciência de pessoas se suicidando, quem tem esse instinto suicida pode ficar tentado a fazer o mesmo. Não sei se o mesmo é aplicado a obras de ficção, visto que são poucos livros que levantam o tema. Mesmo sendo um assunto muito delicado, a maneira com que foi abordado nessa obra, foi bem irreal. Há pouco aconselhamento médico ou ajuda de profissionais, então não foge do contexto fictício. Adam, um homem que está passando por um tormento em sua vida e não acha nenhuma solução para resolver seus problemas a não ser se matar, resolve se jogar de um ponte, mas Christine o convence a não fazer isso e oferece um acordo: ela vai mostrar a ele o quanto a vida pode valer a pena, ela quer convencê-lo de que existem outras possibilidades para resolver problemas que não seja se matar. E ela vai ter 2 semanas para fazer isso.
"[...] Naquele momento era o medo nos olhos de Adam que me aterrorizava, mas, pensando bem, foi o olhar que me deu força, porque o homem que apenas momentos antes tinha desejado acabar com a própria vida agora estava lutando por ela."
É nessa relação de ajuda que conhecemos mais da vida de cada um. E é algo maravilhoso de se ler. Quando conhecemos o verdadeiro Adam por detrás de toda a indiferença e sua irritabilidade, vemos o quanto ele é divertido, bondoso, e o quanto seus problemas são passíveis de resolução. Com ajuda de um livro de auto ajuda, Christine vai aos poucos fazendo seu trabalho temporário, que é mostrar a ele que existem pessoas que se importam e que tudo pode ser resolvido. A família dela é muito louca e adoro quando eles aparecem em cena, há sempre garantia de boas risadas. Quanto mais tempo passam juntos, mais vão se conhecendo e brigando e fazendo as pazes. É muito divertido ver os laços que eles criam, a facilidade com que passam a ficarem juntos. Mas assim como Adam, Christine também está fragilizada desde que impediu um homem de se suicidar. Aquele acontecimento abalou a vida que ela levava e ao mesmo tempo em que está ajudando a Adam, ela se questiona se não está fazendo isso para ajudar a si mesma. O leitor tem a visão de como esse relacionamento de ajuda tem contribuído na vida de ambos.
"Acho que você deveria ver um terapeuta de verdade, mas, por algum motivo, você não vai e eu sou o melhor que você tem."
Eu sou suspeita pra falar da escrita da Cecelia e como ela é genial em criar suas obras. Os personagens foram muito bem criados e a Ahern nos permite conhecê-los e entender os pontos deles antes de jugá-los. Na trama, Adam é aquele que precisa de ajuda e Christine é sempre a fortaleza dessa relação, a mulher por detrás do homem, mas que internamente vive uma batalha que precisa ser entendida. Os detalhes que nos levam a compreender os personagens são maravilhosamente bem trabalhados, assim como toda o enredo. Eu me peguei amando os dois e desejando muito mais amor envolvido. O livro é narrado em primeira pessoa por Christine e muitas vezes queria a voz de Adam também. Quando ele fica lá todo pensativo ou só a observando com um olhar que não revela muita coisa, eu queria estar na cabecinha dele e saber o que pairava ali. São batalhas diárias, recaídas, superação de medos e a busca pela felicidade que nos mostram o quanto o ser humano é capaz de alcançar grandes sonhos, de trilhar novos desafios e de buscar sua paz.
"[...] Em todos os lugares onde ela via aquele homem, não via a mulher atrás dele, com ele, ao lado dele, incentivando-o, dando-lhe apoio. Se tivesse visto, poderia ter se perguntado para quem a demonstração era na verdade."
Uma coisa a autora nos deixa bem claro: Não temos o poder de mudar ninguém, nem dizer como se deve viver. Mas podemos - e temos - que estar por perto, apoiar quando se fizer necessário. Quando se trata no caso de Adam, principalmente. Christine quis lhe mostrar o quando a vida poderia ser maravilhosa, mas a decisão sempre esteve nas mãos dele, ele sabia disso e a lembrava a todo tempo. Apesar de abordar o tema morte, a apreciação da vida é o foco central do romance. É onde devemos compreender os detalhes que fazem a vida valer a pena e enxergar as lições que a Cecelia deixa nas entrelinhas. Família, amor, lealdade, perda... É tanto para se refletir nesse livro, mas de maneira leve, fluída, divertida. Ri muito, chorei também e ainda estou morrendo de saudades de viver dentro dessa história maravilhosa. Mais um favorito da vida!
"[...] Às vezes, você pode saber de algo e não saber ao mesmo tempo."
Capa linda, diagramação perfeita e revisão impecável. Christine curte tanto livros de auto ajuda que os títulos dos capítulos vão no mesmo estilo, muito divertido de se ler:
Capítulo 2 : Como deixar seu marido (sem machucá-lo)
Capítulo 8 : Como pedir desculpas sinceras quando você percebe que machucou alguém
Capítulo 10: Como fazer uma omelete sem quebrar os ovos
Capítulo 19: Como levantar e sacudir a poeira
"- Onde estaríamos sem amanhãs? O que teríamos em vez disso seriam hojes. E, se esse fosse o caso, com você, eu esperaria que hoje fosse o dia mais longo. Eu encheria o hoje de você, fazendo tudo o que sempre amei. Eu riria, falaria, ouviria e aprenderia, eu amaria, amaria, amaria. Faria todos os dias serem hoje e passaria todos com você, e nunca me preocuparia com o amanhã, quando não estaria cm você. E, quando aquele temido amanhã chegar para nós, por favor, saiba que eu não quis deixá-lo, ou ser deixada para trás, que cada momento que passei com você foram os melhores momentos da minha vida."
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http://www.garotaselivros.com/2016/03/como-se-apaixonar-cecelia-ahern.html