Thaylan 01/12/2015
Louvado seja o "Eu"
André Assi Barreto, um colega de internet, faz uma excelente apresentação no livro. Não só do livro em específico, mas de toda filosofia Randiana que trata do egoísmo racional do ser humano, uma característica inerente da espécie e enuncia toda a filosofia objetivista da filósofa.
A distopia narrada em terceira pessoa do plural já diferencia a estória das outras famosas distopias de Orwell e Huxley. Ayn Rand, ao contrário destes, descreve uma distopia aonde a servidão/escravidão é aceita pela população à medida que ninguém quer assumir as responsabilidades de ter o controle das próprias escolhas e decisões.
É evidente que o mundo externo nos afeta e nos influência. Entretanto, há um limite de influência. No fim das contas as escolhas cabem a nós!
As pessoas da estória não se tratam por nomes próprios, tampouco dizem as palavras proibidas: "eu" e "meu". Pois elas denotariam uma prevalências do indivíduo que diz em oposição ao outro, à humanidade. Tudo em nome da igualdade!
Rand, como de praxe, crítica a mentalidade coletivista por "desindividualizar" o ser humano, uma vez que o faz pensar primeiro no próximo do que nele mesmo, o tornando uma simples peça de engrenagem para construir uma sociedade "melhor" através de uma eugênia qualquer. Assim como nos moldes nazistas ou comunistas.
A filósofa critica esse altruísmo em nome de valores naturais e superiores, a saber; a liberdade com a qual nasce todo indivíduo (que escolhe ser generoso ou não, em oposição a justiça social que o estado faz com dinheiro alheio); à vida ? pois o indivíduo é um fim em si mesmo e um sacrifício que faça em nome de um coletivo (abstrato) o transforma em meio e portanto minimiza sua vida. A filosofia objetivista da autora vem bem a calhar tanto para combater o relativismo pós-moderno que impera nas academias contemporânea quanto na justiça que se faz em agir assim.
Explico: se você ama a humanidade (ao estilo Rosseauniano), é muito provável que você é um canalha (assim como Rosseau). Pois ele (Rosseau) escreveu um manual de como educar crianças ao passo que ? ele ? abandonou todos (os 5) filhos.
O sentimento de amor, diz Rand, provém da admiração e do orgulho. Você só ama aquilo que merece ser amado. O amor é uma discriminação, você ama mais uns que outros, logo você impõe um valor nessa comparação para chegar nas suas conclusões e escolhas. Não há como eu amar alguém que tem valores tão diferentes dos meus, uma pessoa honesta não pode amar uma desonesta pois assim sendo ela amaria um valor (a desonestidade) que ela reconhece como vício como sendo uma virtude. É ilógico, é contraditório e portanto é impossível.
O semelhante busca o semelhante, Pitágoras já nos disse isso há mais de 2.500 anos. Essa historinha de "os opostos se atraem" é pura baboseira. A gente mal suporta alguém que pensa um pouquinho diferente da gente, e que por isso toma atitudes que detestamos, imagina o seu extremo oposto. Um cara que gosta de silêncio, tranquilidade, tipo: apreciador de música clássica nunca que vai arrumar uma namorada que curte rock pesado e tem uma banda que arrasa quarteirões. São mundos diferentes, isso é preconceito sim e é real sim. Não queriam impor em nome da "tolerância" um relacionamento desses guria a baixo, o máximo que vão conseguir é um divórcio prematuro.
Continuando...
O amor também é orgulhoso porque reconhece seu valor. Você só pode ser amado se merece o amor que recebe, caso contrário, você receberia algo que não mereceria e isso não seria mais amor e sim pena, empatia, compaixão ou qualquer coisa que o valha, mas jamais amor de verdade. E por ser orgulhoso é egoísta, tende a querer aquela pessoa só pra ela, e por isso cuida e tem ciúmes.
E ainda sobre o 'objetivismo' de Ayn Rand, imagine você dar amor, respeito ou confiança a pessoas que não merecem, apenas por caridade. Se você trata as pessoas que são desiguais (umas são boas outras ruins) de maneiras iguais (não discrimina), logo você pune que é bom em detrimento de quem é ruim. E a consequência nefasta disso é incentivar o ruim a continuar ser ruim e desestimular o bom em seu esforço de ser bom.
Por isso sempre recomendo as pessoas que "não seja bom, seja justo". Isso é randismo básico! Ou objetivismo se preferir.
E pra finalizar, a respeito do objetivismo como ferramenta de combate contra o relativismo, a filósofa diz o óbvio, algo que se faz necessário em nossos tempos. Ela diz, "a existência existe", isto é, A é A. Pode soar estranho ao leitor mais desavisado mas existe toda uma corrente de pensamento atual, a pós-moderna, que se diz além da razão humana, a característica essencial que nos faz humanos. Chegam ao ponto de negar a verdade, por entenderem que os sentidos humanos são falhos, e que portanto, não podemos chegar a verdade. O ato de afirmar não existir uma verdade só é possível se considerarmos o que dizem como verdade. É um paradoxo em si essa "argumentação".
Enfiados em suas Torres de Marfim, esses "intelectuais" de gabinete acreditam que entendem o mundo formulando abstrações de várias outras abstrações até descobrirem uma resposta que vai de encontro com a sua teoria que querem formular e sustentar. Se não existisse verdades/fatos, seria impossível aprender algo, seria impossível comparar informações e a partir delas fazer deduções lógicas a fim de modificar as coisas ou transformá-las. Se não existisse a verdade ou a possibilidade de conhecê-la, o ser humano não agiria, viveria passivamente seria controlado pelo completo acaso o que tornaria impossível qualquer estabilidade na vida, tudo seria caos e nada mais. Esses intelectuais no fundo são contra a vida, contra as tecnologias, contra a própria natureza. São grandes bestas que posam de sábios e que prestam um desfavor enorme a atividade acadêmica e aos grandes pensadores.