Da Natureza das Coisas

Da Natureza das Coisas Lucrécio




Resenhas - DA NATUREZA DAS COISAS


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Lucas Lobo 31/10/2023

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Meu primeiro contato com Lucrécio. Gostei bastante dessa obra, algumas partes são bem "estranhas", mas o conteúdo de uma forma geral é excelente.
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Marcos606 18/09/2023

O título da obra de Lucrécio traduz o da obra principal de Epicuro, 'Sobre a Natureza', como também do épico didático de Empédocles, filósofo pluralista da natureza, de quem Lucrécio falava com menos admiração do que seu mestre Epicuro.

Lucrécio distribuiu seu argumento em seis livros, começando cada um com uma introdução altamente polida. Os livros I e II estabelecem os princípios básicos do universo atômico, refutam as teorias rivais dos filósofos cósmicos pré-socráticos Heráclito, Empédocles e Anaxágoras, e atacam secretamente os estoicos, uma escola de moralistas que rivaliza com a de Epicuro. O livro III demonstra a estrutura atômica e a mortalidade da alma e termina com um sermão sobre o tema “A morte não é nada para nós”. O livro IV descreve a mecânica da percepção sensorial, do pensamento e de certas funções corporais e condena a paixão sexual. O livro V descreve a criação e o funcionamento deste mundo e dos corpos celestes e a evolução da vida e da sociedade humana. O livro VI explica fenômenos notáveis ​​da terra e do céu – em particular, trovões e relâmpagos. O poema termina com a descrição da peste de Atenas, um quadro sombrio da morte que contrasta com o da primavera e do nascimento na invocação a Vênus, com a qual abre.

O poema é filosófico e ao invés de uma história apresenta uma serie de argumentos.

Que nenhuma coisa é criada ou redutível ao nada. O universo tem uma extensão infinita de espaço vazio e um número infinito de partículas irredutíveis de matéria (ou átomos) – embora seus tipos sejam finitos. Os átomos diferem apenas em forma, tamanho e peso e são impenetravelmente duros, imutáveis, eternos, o limite da divisão física. Eles são compostos de peças ou unidades mínimas inseparáveis. Átomos maiores têm mais partes desse tipo, mas mesmo os maiores são minúsculos. Todos os átomos teriam se movido eternamente para baixo no espaço infinito e nunca teriam colidido para formar sistemas atômicos se não tivessem se desviado às vezes até um grau mínimo. A estes desvios indeterminados se deve a criação de uma pluralidade infinita de mundos; eles também interrompem a cadeia causal e assim abrem espaço para o livre arbítrio. Todas as coisas são, em última análise, sistemas de átomos em movimento, separados por intervalos maiores ou menores de vazio, que se unem mais ou menos de acordo com suas formas. Todos os sistemas são divisíveis e, portanto, perecíveis (exceto os deuses), e toda mudança é explicável em termos de adição, subtração ou rearranjo de átomos imutáveis.

A alma é feita de átomos extremamente finos e tem duas partes conectadas: a anima distribuída por todo o corpo, que é a causa da sensação, e o animus no peito, a consciência central. A alma nasce e cresce com o corpo e, na morte, se dissipa como “fumaça”.

Embora existam, os deuses não criaram nem manipularam o mundo. Como sistemas de átomos extremamente finos, eles vivem remotamente, despreocupados com os assuntos humanos, exemplos para os humanos da vida ideal de felicidade perfeita (ausência de medo mental, turbulência emocional e dor corporal).

Os humanos conhecem pela percepção sensorial e argumentam pela razão de acordo com certas regras. Embora os sentidos sejam infalíveis, a razão pode fazer inferências falsas. Os objetos podem ser vistos porque liberam de sua superfície películas representativas, que atingem os olhos da mesma forma que os cheiros atingem o nariz. Os átomos separados são, em princípio, imperceptíveis, não possuindo partes descarregáveis. Os sentidos percebem as propriedades e acidentes dos corpos; a razão infere os átomos e o vazio, este último existe para explicar o movimento percebido dos corpos.

Os humanos buscam naturalmente o prazer e evitam a dor. Seu objetivo deveria ser conduzir suas vidas de modo que obtivessem, no equilíbrio, o máximo de prazer e o mínimo de dor. Eles só conseguirão isso se forem capazes, através da filosofia, de superar o medo da morte e dos deuses.
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Cris.Aguiar 19/08/2023

Excelente
Excelente leitura, mas não fácil.
Não teria lido esse livro se não fosse a curadoria do INEF (Isto não é filosofia), que ajudou a trilhar o raciocínio de Lucrécio sobre o Materialismo de Epicuro.
Porém, após pegar o jeito, entender a linha de raciocínio desses mestres sobre a formação natural sem considerar os deuses é maravilhoso.
Aqui você vê o surgimento, apenas em pensamento, do átomo... a importância do vento, o entendimento das forças da natureza e principalmente do espírito, mente e alma.

Mesmo sem acompanhamento, alguma pesquisa na internet e as notas do livro ajudam bastante a seguir a leitura, eu recomendo se você for do tipo curioso e pesquisador.

Excelente leitura!

site: https://www.istonaoefilosofia.com.br/
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Aline.Rodrigues 11/02/2023

Um poema sobre o mundo natural
Átomos, vidas, humano, angústias, sociedade, cosmos, astros, desastres e eventos naturais. Ele fala de tudo. Em uma época que as divindades eram protagonistas de qualquer pensamento que o homem pudesse formular, Lucrécio consegue enxergar além e ver o mundo natural, apenas.

Excelente leitura!
Joao 11/02/2023minha estante
Nossa... Fiquei bem curioso




Pedro Matias 24/05/2022

Um clássico recuperado
Em "Sobre a natureza das coisas", Lucrécio, a partir da visão de Epicuro, explora a natureza, refletindo filosoficamente sobre que consequencias pode tirar das conclusões a que ele chega. É interessante ver a filosofia epicurista de Lucrécio, somada a reflexões científicas de uma mente muito lúcida, que parte da informação disponível na época. É impressionante os muitos acertos a que ele chega só pela criação de hipóteses a partir de um ou dois indícios. Vale muito a pena ler.
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Luísa Coquemala 25/05/2017

Aprendendo a morrer com Lucrécio

Em Hannah e suas irmãs, o personagem interpretado por Woddy Allen, declaradamente ateu, entra em conflito: o fim está próximo e é inevitável, vamos morrer e aí tudo se acaba para sempre.

Mickey Sacks, comicamente, passa a procurar diversas maneiras de se convencer do contrário. Primeiramente, tenta acreditar em qualquer religião, mas falha miseravelmente. Então, lendo poetas e pensadores, vê seu conflito interno apenas mais aprofundado.
Mickey, depois de quase se matar, acaba superando a grande questão. Como isso acontece, infelizmente, eu não posso contar a vocês - afinal, acabaria estragando o final do que, para mim, é o melhor filme de Woody Allen. (Mas, enfim, aproveitem e vejam o filme)

Se eu pudesse falar com Mickey, o aconselharia a ler Lucrécio- um poeta revelador que viveu no primeiro século antes de Cristo. Lucrécio não é o que chamamos propriamente de ateu: afinal, em De Rerum Natura, seu grande poema, ele nega a providência divina, a vida após a morte e os ritos religiosos, mas não nega os deuses em si (mesmo que, ironicamente, eles acabem não servindo para nada).

Inspirado sobretudo em Epicuro, o verdadeiro deus de Lucrécio era a natureza. Aí está o grande ensinamento do poeta, o que eu acho que Mickey gostaria de ter sabido. Primeiramente: se não há vida após a morte, a morte não é nada e, logo, não há razão para temê-la. E essa não é uma ideia totalmente negativa justamente porque nos leva a encarar a vida de uma outra maneira.

Para Lucrécio, temos que aproveitar a chance de passar pela vida e agarrá-la com o que podemos. Contudo, não devemos fazê-lo de modo desesperado, mas sim aproveitando a vida em cada um de seus detalhes. Um crepúsculo, o cheiro da chuva, um bom livro. Tentar tirar o melhor, o mais proveitoso das nossas obrigações diárias - e, claro, realizá-las com o melhor de nós. Aprender com amor e gratidão sobre o mundo em que vivemos. Sem maldade, sem ódio, sem grandes ostentações, apenas olhos atentos para enxergar o melhor - o que, obviamente, não nega a existência de males.

A meu ver, muitos cristãos têm muito a aprender com Lucrécio (mesmo que nem todos o aceitem). Afinal, nem tudo o que nega nossa crença é necessariamente ruim ou mau. Há outras visões, outras perspectivas. A sabedoria contemplativa de Lucrécio (que me lembra muito a de Jesus) ensina isso. Aceitação é o verdadeiro amor ao próximo: ele não está em rituais ou superstições, está em nós, na maneira como guiamos nossa trajetória e colhemos nossos frutos.

Então, depois de uma vida leve e em busca do conhecimento, poderíamos partir com um suspiro aliviado, felizes pela experiência, gratos e conectados com a vida. A seguir, nosso corpo se decompõe e podemos continuar fazendo parte do funcionamento do mundo que tanto já nos deu. E, como diria Montaigne, quem sabe, depois de milhares de anos, o que foi parte de nós não constitua outras vidas, outras consciências, num ciclo que se repete indefinidamente?

Talvez aceitar o fim da vida faça dela algo mais verdadeiro. Não há necessidade de lutar contra a idade, de ter pressa. Basta apreciar a vida, buscar o conhecimento que te torna uma pessoa melhor e contribuir, mesmo que pouco, com o mundo.

É isso que eu gostaria de ter falado para Mickey (mesmo que ele acabe chegando, de outras maneiras, mais ou menos à mesma conclusão): não devemos nos desesperar porque pode ser uma só vida, mas entender que essa única vale a pena nas coisas mais simples e sinceras. A grande dádiva da experiência é justamente ser parte dela.

Muitos anos depois, é o que a sabedoria milenar de Lucrécio nos ensina e, depois de passar por ela, sinto que posso começar a respirar com leveza.
Lucas 25/05/2017minha estante
Mais uma excelente resenha!
Parabéns!


João 05/02/2019minha estante
Bela resenha, sobretudo pelo diálogo estabelecido com "Hannah e suas irmãs".
Show!




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