Luxúria

Luxúria Fernando Bonassi




Resenhas - Luxúria


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Lilian 04/05/2021

Saga brasileira
O livro conta uma história comum de uma família de classe média, mas com bastante crítica, acidez. A leitura flui rápida
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GioMAS 07/11/2022

Capitalismo. Ah, o capitalismo!
Um relato direto e sem firulas sobre a rotina desgastante, repetitiva e humilhante da classe C.

O livro retrata a realidade da maioria das famílias tradicionais brasileiras, o seu cotidiano penoso e maçante. Para atribuir um tom cômico e ácido, o pano de fundo é a construção de uma piscina colossal no quintal de uma casa popular, financiada por programas de incentivo do governo, localizada na periferia, em uma espécie de conjunto habitacional.

Obviamente, a execução da obra gera inúmeros percalços, reforçando os desafios do cidadão médio, integrante de uma classe em ascensão, ainda muito dependente da concessão de crédito e dos programas assistencialistas do governo.

Além disto, a metáfora da piscina como materialização da luxúria escancara as fragilidades e vaidades próprias do capitalismo.

A crítica social é pungente e completa, questionando o papel da igreja enquanto instituição e a crença frívola na religião, que em nada contribui com os personagens.

Aspectos como a crescente violência, as práticas temerárias do mercado (comércio), as relações de emprego, a exploração da mão de obra, a burocracia, o consumo indiscriminado de remédios psiquiátricos, o desamparo e desvalorização dos idosos, a falta de mobilidade, a poluição sonora, assim como a negligência do sistema de saúde e de ensino, também são tratados de forma muito explícita.

A leitura é fluida. O autor intercala a narrativa direta com fluxos de consciência dos personagens, dispensando o uso de travessão para demarcar os diálogos, justamente para proporcionar ao leitor o acesso ao inconsciente dos indivíduos.

Há que se dizer que, com exceção do cachorro, os personagens não tem nome. Eles são a representação de milhares de brasileiros. A técnica, de forma brilhante, robustece uma tese muito recorrente no livro: "Os cães são mais importantes que os donos agora."

* * Última anotação, prometo: Fernando Bonassi é uma mestre da linguagem. Enquanto lemos, a repetição dos dias, praticamente iguais, os relatos da fábrica e as onomatopeias, de fato, criam um aspecto sonoro e uma atmosfera tal e qual do chão de fábrica, além de fortalecer a ideia de que o proletário apenas sobrevive um dia após o outro. A estória em si pode parecer simples, mas os efeitos da narrativa são o supra sumo da literatura.
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Luan Queiroz 23/06/2016

Quando eu tiver, aí sim eu vou ser feliz.
Quando estou em uma situação de stress ou de intenso nervosismo, me imagino nadando em uma piscina olímpica. Nunca havia revelado isso para ninguém, é verdade. Quando estou em uma situação de stress ou de intenso nervosismo, me imagino quebrando as águas tranquilas de uma piscina olímpica ou simplesmente mergulhando no cloro, sendo encoberto docemente pelo calor da água que me cerca. Que lembrança maravilhosa, meu Deus, a da piscina!
Em Luxúria, romance de Fernando Bonassi, porém, a piscina representará para o protagonista (o homem sem nome de que trata este relato) e sua família (a esposa, o filho, o vira lata – os dois primeiros também desnomeados; só o cachorro, Thor, é que tem direito à identidade nessa fábula contemporânea construída por Bonassi), tudo menos tranquilidade. Impulsionado pela abertura de crédito e pela ascensão da classe C, que caracterizaram o nosso recente momento histórico, o nosso protagonista resolve que a construção de uma piscina no quintal pode representar a solução para todos os seus problemas: a piscina animará a esposa apática e submissa, ele pensa; a piscina trará de volta a relação do pai com o problemático filho pré-adolescente, ele pensa; a piscina nos obrigará a descartar esse cachorro asqueroso e doente que ainda ocupa o nosso quintal, ele pensa; a piscina nos dará amigos, os vizinhos ficarão com inveja, ele pensa. Pensa errado, no entanto. A piscina, símbolo da busca desenfreada de nossa classe média por status, só traz problemas. Mesmo antes de ser construída, metaforicamente ela já afoga o homem de que trata este relato em dívidas, em dramas familiares, em provações.
Em tom muito desesperançoso e irônico, o narrador nos lança em um romance que poderia muito bem ser lido como uma crônica ou uma notícia de jornal. É, afinal, uma impressão da realidade cotidiana que se estampa em Luxúria, como admite o próprio Bonassi ainda na dedicatória do livro: “Baseado em pessoas e acontecimentos reais, lamentavelmente”. O não-nomear os personagens da história pode, inclusive, nos dar uma sensação imediata (e incomoda) de identificação com as situações que estão sendo vividas pelos confusos e perdidos homens e mulheres que passeiam pelo livro.
Essa forte conexão com o que vemos nas ruas, com o que lemos e assistimos nos jornais, com o que nos contam, me parece também condizente com aquilo que a teórica argentina Josefina Ludmer vai tratar ao comentar uma série de produções do contemporâneo: “a saída da ficção”, ou seja, essa construção de narrativas literárias que se caracterizam, na verdade, por um contato muito próximo às problemáticas políticas, econômicas e sociais de nosso tempo. Nessa medida, Luxúria faria parte do que Ludmer chama de “literatura pós autônoma”, a literatura que é a própria realidade. No caso de Luxúria, e fazendo coro a Bonassi, lamentavelmente.
Wlianna 15/11/2016minha estante
"Chega a ser bonito."




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Valnikson 07/01/2016

1001 Livros Brasileiros Para Ler Antes de Morrer: Luxúria
O versátil Fernando Bonassi sempre transitou entre a literatura e o audiovisual. Mais conhecido por sua prosa ficcional, além da poesia, com publicações voltadas tanto ao público adulto, como para o infantil e o juvenil, o paulista é cineasta de profissão. Ele dirigiu diversos curta-metragens e elaborou roteiros para produções que já se tornaram verdadeiros clássicos nacionais. Na televisão, trabalhou na realização de vários programas e séries, também assumindo o texto de alguns espetáculos teatrais. Exímio cronista, ainda assinou por muitos anos uma notória coluna no jornal Folha de S. Paulo. No romance 'Luxúria', o escritor apresenta uma interessante fábula contemporânea que trata de forma primorosa a desesperança social e política do nosso país. (Leia mais no link)

site: https://1001livrosbrasileirosparalerantesdemorrer.wordpress.com/2016/01/05/50-luxuria/
Angel's Roses 16/08/2022minha estante
Você chama isso de resenha?




Amanda 02/02/2016

Luxúria
Este livro foi mandado por parceria pelo Grupo Editorial Record.

Eu estou tentando, de verdade, ler cada vez mais livros de autores brasileiros. E a parceria com a Record vem me ajudando bastante com isso. Infelizmente, estou em um círculo de más escolhas.

Novamente, o livro que eu escolhi para ler na news não me agradou. Luxúria é a volta de Bonassi para a ficção após vários anos escrevendo outros gêneros. Neste livro ele conta sobre a vida mundana de uma família de classe média.

Não dizendo o nome deles em momento algum, o autor mostra o dia-a-dia do homem em uma empresa que pisa em seus funcionários; da mulher dona de casa depressiva que praticamente passa o dia dormindo sob o efeitos de remédios prescritos pelo Estado; e do filho, que sofre com os problemas da pré-adolescência e o bullying.

Cansado da classe média baixa e querendo mudar de vida para impressionar as pessoas ao seu redor, o homem decide construir uma piscina no quintal de casa e, para isso, terá que se livrar do cachorro que ocupa o espaço.

Uma das coisas que mais me incomodaram no livro foi o fato de os diálogos não virem após um travessão. Sim, pode ser mimimi, mas não sei porque está na moda mudar isso. O livro tinha uma premissa interessante, de mostrar a vida de uma família que é alienada e segue o padrão político, religioso e monetário da maior parte da sociedade atual. Mas as cenas de sexo grotescas com metáforas bizarras e o enredo mais enfadonho do que imaginei me deixaram desgostosa.

site: http://escritoseestorias.blogspot.com.br/2016/02/resenha-135-luxuria.html
Breno 09/08/2016minha estante
Bem, acho que o incômodo que você se refere causado por esse livro é bastante intencional, isso o que me deixa extasiado. As obras de artes são feitas para chocar o público, e este livro constitui uma critica pesadíssima, isso foi o que mais me agradou


Thiago 16/11/2016minha estante
Era isso que o Bonassi queria que você sentisse, isso só prova como ele é um grande escritor.


Alê | @alexandrejjr 25/06/2021minha estante
Amanda, tudo o que você aponta como "defeito", digamos assim, me agrada. Gosto quando o autor foge do lugar-comum e faz isso através do estilo, da técnica. Literatura não é só contar uma história, às vezes é sobre como contar essa história. No entanto, agradeço pela bela resenha, é importante termos opiniões sinceras.


André 13/07/2022minha estante
Qual o problema com autores brasileiros? Eu hein, é cada uma


mauriloamml 12/09/2022minha estante
Entende-se que o autor quis causar desconforto e fazer uma narrativa mordaz da classe C, mas acho que a narrativa se apresentou em diversos pontos preconceituosa e elitista. Faltou uma exposição mais profunda de motivações e o contexto para explicar melhor o motivo de ação das pessoas.
Os diálogos não se iniciarem com travessão não foi o pior dos pecados, o pior de tudo foi o livro inteiro usar o recurso de falas diretas que não são entendidas (geralmente xingamentos) e depois corrigidas; ficou bem cansativo.




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