Paulo Silas 30/10/2020Com a pretensão de narrar a história do heavy metal, desde os seus primórdios com as influências do estilo até o estado atual em que o movimento se situa, Jon Wiederhorn e Katherine Turman apresentam aquela que seria a história 'definitiva' do heavy metal - conforme enunciado no subtítulo do livro. Em que pese pretensioso ao se julgar pelo título - fato esse que repercute num anseio do leitor que não é atendido pelos autores -, a obra aborda de forma bastante lúcida e divertida o desenvolvimento desse gênero musical, abrangendo as principais bandas que deram ensejo aos tantos e tantos estilos dentro do próprio movimento, expondo todo o contexto no qual cada vertente estava para que a história seja contada e ao mesmo tempo compreendida com mais abrangência, tendo-se assim um bom livro para ser lido pelos fãs do gênero.
A divisão capitular da obra é bastante chamativa. O sumário é interessante ao considerar que divisão se dá por períodos - que abrange desde 1964 até os tempos atuais - ao mesmo tempo que expõe a principal vertente que fazia grande voz naquele dado momento analisado. Assim, acompanhando o nascimento e o desenvolvimento do metal, o livro abordado em seus capítulos o "protometal", o heavy metal quando e como considerado enquanto tal, o new wave os british heavy metal, a popularização do metal, o thrash metal, o crossover/hardcore, o "novo thrash", o metal industrial, o nu metal, o death metal, o black metal, o metalcore e o "metal alternativo. Assim, por mais ampla seja a obra (contando com mais de 700 páginas), não dá conta de abranger o todo, relegando-se a história de alguns estilo e deixando de mencionar várias bandas que surgiram, apareceram e contribuíram para a história do heavy metal. É por isso que se diz que a abordagem é ampla, mas não total, por óbvio. O enfoque é dado nas grandes bandas desse cenário musical, estando presentes consequentemente as mainstream - não que o cenário underground não apareça no livro, mas quando é mencionado, é no sentido de comentar sobre as bandas que assim surgiram e passaram a ganhar posterior popularidade. Seja como for, é digno de elogios o levantamento feito pelos autores sobre o trilhar do metal que se encontra presente na obra.
O ponto baixo que merece menção é o aquém das expectativas que o leitor pode ficar quando já durante a leitura da obra. Além do fato de o julgo pela capa ensejar nisso ("a história definitiva" é um título que soa forçado), não se tem uma obra propriamente escrita pelos autores. O que se tem são vários recortes de entrevistas de diversos músicos do heavy metal que são colacionados em ordem cronológica e concatenadas de acordo com a temática que via se desenvolvendo no desenrolar dos capítulos. A escrita dos dois autores, portanto, é mínima, pois aparecem intercalando algumas páginas situando o leitor com algumas menções que estabelecem o chão daquilo que os recortes das falas dos músicos dialogam sobre. Por mais que isso empobreça a estética e a escrita da obra, o livro não acaba sendo um resultado ruim. Pelo contrário. A forma com a qual as falas dos músicos está disposta segue uma ordem lógica no sentido proposto - contar a história do heavy metal - o que inclui tanto questões sobre a produção das músicas, dos álbuns, dos shows e demais pontos técnicos, como também as histórias de vida, brigas, problemas e das tantas festas que envolvem os diversos músicos e bandas presentes na obra. Com introdução de Scott Ian e epílogo de Rob Halford, o livro é um prato cheio e uma leitura proveitosa para os fãs do metal, tendo-se aí uma excelente narrativa (composta por várias outras) sobre a história desse gênero musical.