A vida que não vivi

A vida que não vivi Beto Canales




Resenhas - A vida que não vivi


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Book Addicted 11/05/2011

Sobre Mortes e Vidas.
O livro trata-se de uma compilação de 18 contos, onde de modo geral falam sobre o modo como várias vidas são desperdiçadas de diferentes modos, como algumas pessoas vivem tão superficialmente, ou como são forçadas, não a viver, mas a sobreviver em um mundo cruel. É um livro bastante denso, isso você percebe logo pela capa… uma imagem forte e dramática de um corpo estendido no chão com uma tarja nos olhos.

São contos que falam sobre drogas, bebida, sobre pobreza e miséria, sobre loucura, hipocrisia, culpa, traição, poesia, contos sobre morte, mas também sobre vida.

Eu sempre gostei de leituras desse tipo, mais críticas e politizadas. Acho importante de vez em quando nos afastarmos do mundo de fantasia e finais felizes perfeitos, para ler algo que nos mantenha conectados com a realidade, por mais dura que ela seja. É algo que é necessário. Mas apesar do conteúdo dos contos ser tão assim, digamos, ácido, Beto consegue lidar com as palavras em suas narrativas de um modo muito bem equilibrado. Muitas vezes é como se ele conseguisse extrair uma poesia de noticiarios de jornal e TV. Algumas personagens merecem sem dúvida alguma maior destaque, são eles Paloma do conto “Paloma e sua escolha” e o poeta e o bêbado do último conto do livro.

Paloma, prostituta que começa a escrever um diário e tem a oportunidade de se tornar dona de casa e esposa, mas prefere a sua liberdade.

“Meu tempo não está a venda, meu corpo é que está” diz ao se negar a ouvir lamúrios de um cliente.

Um poeta que mesmo sem aplausos e reconhecimento segue vendendo sua poesia diariamente. Um bêbado compassivo tenta ajudá-lo. No fim, o bêbado que dorme todas as noites na mesma sarjeta apenas para ouvir as declamações do poeta consegue passar um dia sóbrio, veste-se bem e arma um estratagema para que enfim, o poeta seja ovacionado. Ele finalmente consegue, mas o poeta sai mas triste do que nunca, porque eram aplausos vazios, secos, e não de reconhecimento pelo seu trabalho… e quantos artistas hoje não se identificam com o poeta do conto?! Eu mesma não sou mas me identifiquei com a estória porque é a mais pura verdade, é o reflexo da desvalorização do artista e sua arte. O artista/poeta/escritor/pintor que é bom, muitas vezes é até o melhor naquilo que faz mas não consegue se manter de sua arte, além de toda a exploração que gira entorno dele.

Destaco ainda o capitulo Antítese com um dos contos mais crus que já li e que me lembraram de um outro Beto, também escritor e pai de um amigo meu, Beto Scansseti (não sei se a grafia do nome está correta) que escreveu alguns livretos de literatura de Cordel com a mesma temática.

A Vida que não Vivi (2009) lançado pela Redondezas Contos, selo da Editora Multifoco não é o livro feito para divertir ou alegrar, é livro feito para se discutir, para se pensar a respeito, para se trabalhar em sala de aula com seus alunos, é um retrato da realidade social brasileira.

E termino a resenha com a mesma frase de fechamento do livro.

“As pessoas continuam sem ler uma poesia sequer”

Super – Recomendo!
Portrasdasletras.net
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Danika 07/04/2011

Sobre mortes e vidas
O livro trata-se de uma compilação de 18 contos, onde de modo geral falam sobre o modo como várias vidas são desperdiçadas de diferentes modos, como algumas pessoas vivem tão superficialmente, ou como são forçadas, não a viver, mas a sobreviver em um mundo cruel. É um livro bastante denso, isso você percebe logo pela capa… uma imagem forte e dramática de um corpo estendido no chão com uma tarja nos olhos.

São contos que falam sobre drogas, bebida, sobre pobreza e miséria, sobre loucura, hipocrisia, culpa, traição, poesia, contos sobre morte, mas também sobre vida.

Eu sempre gostei de leituras desse tipo, mais críticas e politizadas. Acho importante de vez em quando nos afastarmos do mundo de fantasia e finais felizes perfeitos, para ler algo que nos mantenha conectados com a realidade, por mais dura que ela seja. É algo que é necessário. Mas apesar do conteúdo dos contos ser tão assim, digamos, ácido, Beto consegue lidar com as palavras em suas narrativas de um modo muito bem equilibrado. Muitas vezes é como se ele conseguisse extrair uma poesia de noticiarios de jornal e TV. Algumas personagens merecem sem dúvida alguma maior destaque, são eles Paloma do conto “Paloma e sua escolha” e o poeta e o bêbado do último conto do livro.

Paloma, prostituta que começa a escrever um diário e tem a oportunidade de se tornar dona de casa e esposa, mas prefere a sua liberdade.

“Meu tempo não está a venda, meu corpo é que está” diz ao se negar a ouvir lamúrios de um cliente.

Um poeta que mesmo sem aplausos e reconhecimento segue vendendo sua poesia diariamente. Um bêbado compassivo tenta ajudá-lo. No fim, o bêbado que dorme todas as noites na mesma sarjeta apenas para ouvir as declamações do poeta consegue passar um dia sóbrio, veste-se bem e arma um estratagema para que enfim, o poeta seja ovacionado. Ele finalmente consegue, mas o poeta sai mas triste do que nunca, porque eram aplausos vazios, secos, e não de reconhecimento pelo seu trabalho… e quantos artistas hoje não se identificam com o poeta do conto?! Eu mesma não sou mas me identifiquei com a estória porque é a mais pura verdade, é o reflexo da desvalorização do artista e sua arte. O artista/poeta/escritor/pintor que é bom, muitas vezes é até o melhor naquilo que faz mas não consegue se manter de sua arte, além de toda a exploração que gira entorno dele.

Destaco ainda o capitulo Antítese com um dos contos mais crus que já li e que me lembraram de um outro Beto, também escritor e pai de um amigo meu, Beto Scansseti (não sei se a grafia do nome está correta) que escreveu alguns livretos de literatura de Cordel com a mesma temática.

A Vida que não Vivi (2009) lançado pela Redondezas Contos, selo da Editora Multifoco não é o livro feito para divertir ou alegrar, é livro feito para se discutir, para se pensar a respeito, para se trabalhar em sala de aula com seus alunos, é um retrato da realidade social brasileira.

E termino a resenha com a mesma frase de fechamento do livro.

“As pessoas continuam sem ler uma poesia sequer”


Super – Recomendo!
Portrasdasletras.net

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Alugue-books 19/01/2010

Muito Bom!
Livro muito bom. Todos os seus contos deixam um gostinho de quero mais.

Uma leitura que fixa a atenção do leitor, o qual não consegue parar de ler. Uma pena é que são contos, as histórias terminam rápido demais.

O autor tem uma maturidade impressionante para o primeiro livro.
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Beto Canales 02/10/2009

Orelha
Um jovem escritor caminha rumo à editora onde assinará o contrato de publicação de seu primeiro livro. No tempo que transcorre entre ouvir um estampido e receber o impacto do projétil que estilhaçará sua cabeça, reconstitui a vida até aquele venturoso dia que, não sabe, é o seu último. Bem assim: num instante, em meio ao trânsito da grande cidade, morre mais um poeta vitimado por uma bala perdida. A poesia — sentimento e delicadeza — explodida pelo duro metal do não-pensamento. E é isso: Beto Canales, em suas narrativas, denuncia o que tantas vezes já foi chamado era do vazio: o tempo das relações superficiais, onde se impõem não sentir e não pensar. Essa estupidez nossa de cada dia, espaço reservado para o nada. Como em ‘Insólita paixão’, onde durante todo o tempo o personagem não reconhece ser, ele próprio, a causa de seus males. Termina, no suicídio, atribuindo sua alienação ao ‘outro’.
Não é por acaso que o conto que dá título ao livro, inicia com a frase “creio que estava sentado meio de lado e não vi a vida passar”. Soterrados por uma época onde ter é mais do que ser, o risco é passarmos a existência perdendo oportunidades, lembrando, só na hora da morte, o que se deixou de usufruir.
Muito já se falou no artista como ‘antena da raça’. O autor de ‘A vida que não vivi’ merece essa denominação: captou e nos retrata a tragédia moderna de criar, todo santo dia, uma sinistra oportunidade para a destruição da alma. Talvez a redenção se encontre na personagem de ‘Paloma’: sua vida não está à venda, apenas seu corpo. É muito tocante a imagem dessa mulher — Bartleby redivivo — que consegue recusar a aparência.
No final da leitura, só podemos agradecer a Beto Canales: bom não teres vivido essas vidas. Excelente o fato de pensares, teres te mantido íntegro e em condições de elaborar os contos deste livro. Oxalá sejamos merecedores de tal oferenda.

Juarez Guedes Cruz
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