A pedido do embaixador

A pedido do embaixador Fernando Perdigão




Resenhas - A pedido do embaixador


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Isis Tomie 28/01/2016

O livro é uma história policial, onde temos como protagonista o detetive Andrade, que tenta resolver um crime “a pedido do embaixador”. (Pronto, já revelei o porquê do nome do livro rs.)

Qual é o pedido que o embaixador faz? Logo no primeiro capítulo já há uma briga numa boate carioca e em seguida, há a notícia que Rubens é assassinado “misteriosamente”. Na delegacia, o embaixador diz conhecer muito bem Rubens, e pede ao delegado esclarecimentos sobre sua morte. O delegado passa esse pedido para o detetive Andrade, e ai começa o desenrolar dos fatos. No começo pensamos que o embaixador será um dos personagens principais do enredo, já que o título do livro leva o seu nome também, mas nos surpreendemos ao ver a visão do detetive Andrade, que ficará no encargo da solução do crime.

O personagem Andrade tem tantas características jocosas, é um homem tão preconceituoso e caricato, solta vários gases (sim, até quando vai agir na sua missão), come até “explodir”, fala mal de nordestinos, que queremos xingá-lo quando ele abre a boca para intimar quem está ao seu redor. Junto a ele, há sua assistente, a inspetora Lurdes, que fica com boa parte do trabalho “braçal” e até disfarça os gases emitidos pelo detetive. Ao mesmo tempo, ele tem um lado carinhoso (com sua namorada que é uma dançarina de boate), paternal (com a inspetora Lurdes), orgulhoso pois é alguém que quer “limpar a cidade do crime”, e assim queremos que ele descubra quem está por trás do assassinato, e torcemos para a solução do problema.

Confesso que quase abandonei o livro por conta das características e persona do detetive Andrade, porém, a escrita do livro te envolve de uma tal maneira, é bem estruturada, que você não quer abandonar, e fica curioso com os próximos capítulos. Há muitos personagens envolvidos na trama, e a cada passo que o detetive Andrade dá, você quer saber mais do que se passa por trás da sua mente e do crime. Muitos tentam fugir e até mesmo enganá-lo, porém, com a inspetora e ele encurralando-os, muitas vezes de forma ilegal, acabam deixando algo escapar, e assim o quebra-cabeças começa a se montar.

Nunca havia lido um livro policial e fiquei muito surpresa, tanto com o enredo, como também com a abordagem de Fernando Perdigão ao mundo gay. Ele desenvolve bem a história, e por vezes até achamos que o autor que é homofóbico, porém, vemos que ele faz isso apenas com o detetive Andrade, um ser caricato que, infelizmente, ainda é um retrato da sociedade que aceita pouco as diferenças.

site: http://www.elefantevoador.com/2016/01/20/pedido-do-embaixador-fernando-perdigao-resenha/
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Literatura Policial 14/12/2015

Detestável e formidável
Junte numa mesma pessoa aquele cunhado homofóbico, o vizinho racista e o colega do trabalho que se diverte achincalhando nordestinos. Depois, encaixe-os num corpo imenso e dê à rotunda figura um distintivo da polícia. Coloque o personagem no Rio de Janeiro, ao lado da diminuta comissária Lurdes, e injete nele uma vontade incansável de limpar as ruas da cidade. Esta é uma receita abreviada do detetive Andrade, personagem que – desculpe o trocadilho! – rouba a cena em “A pedido do embaixador”, romance de estreia de Fernando Perdigão.

Escalado para investigar a morte de um empresário do turismo gay, Andrade vai usar seus próprios (e impróprios) meios para chegar ao assassino e os motivos que o levaram às vias de fato. Na cola dele, o secretário da segurança pública do Rio e um influente embaixador, que – para nojo de Andrade – já foi amante da vítima. Para piorar, o detetive não tem a confiança do delegado Otávio, e seus métodos causam estragos diversos. Afinal, Andrade arranca confissões com chantagens, ameaça informantes e vez ou outra usa a força.

Com humor inteligente e ácido, Fernando Perdigão apresenta aos leitores um personagem bem esculpido, talhado para chanchadas-noir ou minisséries de TV. Embora esteja em Copacabana, Andrade nunca será um delegado Espinosa (García-Roza). Apesar de ser patético em seus desvarios mitômatos, não chega a ser Ed Mort (Luis Fernando Verissimo) ou Diomedes (Lourenço Mutarelli). É notável por sua circunferência abdominal, mas sem a sofisticação de um Nero Wolfe (Rex Stout). O que mais chama a atenção na criatura de Fernando Perdigão é a ausência de concessões. Definitivamente, Andrade não é um sedutor, mas tem um magnetismo que talvez só mesmo Freud explique. É indomável, incorrigível, repugnante. Magicamente, não o abandonamos no meio do caminho. Seguimos ao lado desse trator mesmo com tanto fel destilado. Não estaria aí mais um mistério a ser resolvido?

site: http://literaturapolicial.com/2015/12/14/10547/
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