A Origem do Estado Islâmico

A Origem do Estado Islâmico Patrick Cockburn




Resenhas - A Origem Do Estado Islâmico – O Fracasso Da “Guerra Ao Terror” E A Ascensão Jihadista


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Maria 19/12/2015

As verdades não ditas.
Depois dos atentados à Paris em 13 de novembro, o ISIS ganhou um destaque grande em noticiários e revistas trazendo de volta os questionamentos na maioria da população mundial: Quem são essas pessoas? Quais são seus motivos para tamanha violência a quem é indiferente às suas crenças?
Eu sempre fui bastante alheia aos acontecimentos no Oriente Médio. Este livro surgiu como a oportunidade perfeita para sair, pelo menos um pouco, da ignorância acerca do componentes do terrorismo.
O livro possui um prefácio de Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da PUC-SP, no qual ele nos apresenta um pouco de Cockburn e seu estilo, além do que se esperar do livro. Porém, Nasser aumenta a expectativa fazendo basicamente um resumo do relato de Patrick. Sendo assim, ao enfim terminar de ler a obra, considerei o prefácio um tanto exagerado.
Chegando ao principal, Cockburn divide o livro em nove capítulos, com o intuito principal, além de explicar como surgiu o, hoje tão temido, ISIS, provar o que a imprensa oficial se nega a admitir: os Estados Unidos deram espaço para tal ascensão jihadista.
Com uma linguagem simples e direta, adentramos também no horror que é viver cercado por terroristas e, governos, aparentemente, mais insensíveis do que em estado de negação a respeito do perigo que continua a se emergir. Por meio de informantes "(lamento que qualquer relato sobre o Iraque esteja repleto de fontes que desejam permanecer anônimas)", enxergamos a situação atual de muitos moradores nessa região:

"O mesmo tipo de “tributação” ocorria em Tikrit, ao norte de Bagdá, onde um amigo relatou que as pessoas não comiam em nenhum restaurante que não estivesse em dia com os pagamentos ao isis, por medo de que o local fosse atingido por uma bomba durante o jantar."
"Na semana passada, uma mulher estava diante de um quiosque e descobriu o rosto para beber uma garrafa de água. Um deles [isis] aproximou-se dela e a golpeou na cabeça com um bastão. Não percebeu que o marido estava ao lado. Ele espancou o agressor, que saiu correndo atirando aleatoriamente para o céu, enquanto as pessoas, em simpatia, tentavam alcançá-lo para agredi-lo. Esta é apenas uma história da brutalidade em que estamos vivendo."

Lendo tudo que aconteceu no ano de 2014; as rebeliões, tomadas de cidade e ataques centrados somente no Oriente Médio, me fez perceber o quanto isso não é divulgado quando não somos diretamente atacados. Ou como no caso do mês passado, atacam Paris, uma cidade mundialmente conhecida e importante.
Ao fim do livro também se encontra um glossário com alguns termos e organizações árabes para clarear a nossa mente e nos situarmos melhor na narrativa; muito bem colocado.
A Origem do Estado Islâmico tem apenas 208 páginas, mas nada garante que Patrick Cockburn não irá nos oferecer mais conhecimento sobre o EI e toda a região árabe.
Jorge Rodrigues de Moraes 21/07/2016minha estante
Ótima resenha.




Daniel Muniz 13/03/2022

A origem do estado islâmico
Um dos livros mais aprofundados que li em relação ao nascimento do ISIS, contado por Patrick Cockburn com uma narrativa ágil e fácil de se entender. Mostrando os grandes erros da política externa americana, causando com isso um crescimento absurdo de insurgentes terroristas em quase todo o oriente médio. Cockburn é um fenomenal repórter de guerra. Para quem gosta do assunto, esse livro é um prato cheio. Recomendo?
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Eulaliafernanda 28/12/2022

A origem do Estado Islâmico
O livro é muito bom. O autor tenta abordar perspectivas da guerra sem tanto exagero, sem mentiras, principalmente no capítulo ?se sangrar, é manchete?.

Também aborda, de fato, o papel do ocidente na propagação do ódio dentro do Oriente Médio e como as grandes potências mundiais, de maneira egoísta e imperialista, vem comandando a guerra por procuração dentro da Síria e do Iraque.

Tem uma forte dura às políticas adotadas pelos EUA, bem como ao seu jornalismo astucioso, que, no lugar de punir, isenta os verdadeiros responsáveis pelo crescimento do jihadismo naquela área (Paquistão e Arábia Saudita - parceiros econômicos).
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Art 02/02/2022

Entendendo como o Estado Islâmico funciona e como se deu o seu rápido crescimento
Livros muito bom para se aprofundar na geopolítica internacional do oriente médio, principalmente quando estamos tratando da atuação do estado islâmico. A obra, além de contar a história do grupo e sua ascensão, também relata os pretextos para a sua atuação e como o ISIS conseguiu espaço para atuar na Síria e Iraque, com maior força, e em parte do Líbano. O autor nos passa uma visão mais apurada e imparcial da qual recebemos de grandes mídias do Ocidente sobre o conflito, porque tais delas, em suma maioria, escolhem um lado e passam a demonizar o outro.

A obra de Patrick Cockburn é um verdadeiro manual se aprofundar no assunto e entender também a relação de países que não estão presentes diretamente nos conflitos de Irã e Síria.
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Ricardo 21/08/2016

O Efeito Colateral da Intervenção
Logo após a morte do terrorista mais famoso dos últimos tempos em 2012, Osama Bin Laden, uma falsa ideia de que o terrorismo enfraquecia pairou sobre a cabeça de muitas pessoas que horrorizam-se com o atentado às torres gêmeas (World Trade Center) em setembro de 2001. O que poucos imaginavam é que os esforços para neutralizar e destruir a maior rede terrorista de então, Al Qaeda, seriam as sementes que germinaram algo muito maior e sombrio do que a organização do saudita: o O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS). A rede criada pelo iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi deu uma mostra ao ocidente, através do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, daquilo que vêm fazendo no oriente médio com muita destreza. Seu lema de morte à todos aqueles que não compartilham de seus valores, até mesmo outros muçulmanos de vertentes distintas, já mostrou que não há fronteiras para a vilania de seus membros. Entender como funciona e foi criada esta organização é essencial para neutralizar (TENTAR) a rede terrorista. E Patrick Cockburn fez muito bem.


Para quem carrega dentro de si um pouco de senso ético e moral, excluir alguém por conta deste ser apenas diferente, já é algo idiota. Quem dirá matar alguém! Ao longo da história, não foram poucas as ideologias que munidas de uma filosofia sectária, usaram de suas ideias de um bem maior como justificativa para muitas atrocidades: Nazismo, Stalinismo, Cruzadas são exemplos de ideais que acabaram por culminar com a morte de milhares de pessoas sob o pretexto de instaurar uma paz e ordem duradoura. Nas últimas décadas, vemos como o Islã vem fomentando o terror aos não adeptos de sua fé numa busca absurda de agradar os desígnios divinos. No mais recente capítulo disto, temos a criação do Estado Islâmico do Iraque e do Levante. O mais interessante, porém, é notar dois pontos:

PRIMEIRO: pouco sabemos ou nos importamos com o que o ISIS ou qualquer outro grupo terrorista faz, a não ser que este resolva dar mostra de sua força em alguma cidade “ocidental”.

SEGUNDO: apesar de muitos não admitirem, as diversas intervenções militares realizadas no oriente médio (com o EUA normalmente a frente da colisão) realizadas de forma equívoca, sempre culminaram com a formação de um poder mais forte e mais temível que chega hoje, pra nós, na figura do Califado.

Patrick Cockburn, um experiente jornalista de guerra, nos leva, através de suas páginas, ao que foi a origem do ISIS que, nos tempos de uma Al-Qaeda forte, era conhecido como Al-Qaeda Iraquiana. De fácil entendimento e compreensão, o autor não faz nenhuma questão de ser imparcial. Ele deixa bem claro seu ponto de vista não deixando de mostrar que parte do que ocorre no oriente médio, é fruto de uma política internacional americana burra que, da forma que vem atuando, pode estar, mais uma vez criando algo ainda pior.

Segundo o autor, a tática de manter relações com países que financiam de forma direta e indireta o terrorismo – como Qatar e Arábia Saudita – sempre será um empecilho para que a paz na região e por conseguinte no mundo ocorram. Esses dois países, fazem o que o EUA fez na época da ocupação Soviética no Afeganistão: fornecem dinheiro e subsídios para que um grupo armado derrube este ou aquele regime que por algum motivo não os agrada. Na época do Afeganistão, tal estratégia resultou em Osama Bin Laden. Hoje, na tentativa de forçar uma democracia na região, todos esses países acabam cometendo o mesmo erro. No afã de derrubar o ditador Bashar al-Assad, entregaram verbas e armas para grupos considerados moderado. Tais recursos caíram facilmente nas mãos do ISIS que, com isso, conseguiu tomar parte do território Sírio e Iraquiano.

Não bastando isso, a política americana no Iraque de manter presos de diversos níveis de periculosidade na mesma cadeia – Abu Ghraib – acabou proporcionando que presos menos perigosos convivessem com extremistas da maior extirpe. É o caso do líder do ISIS, o califa Abu Bakr al-Baghdad. Considerado moderado, foi preso, cumpriu pena em Abu Ghraib com vários extremistas e saiu de lá transforma e se tornou o que é hoje.

Para o autor, enquanto nós, ocidentais não enxergarmos de forma séria e real o que é o oriente médio, pouca coisa realmente irá acontecer de positivo. O local é muito heterogêneo e soluções simples pouco surtem efeito. Além do fato de que forçar uma democracia pouco êxito pode ter. E, enquanto as coisas não mudarem, é possível que outros episódio como o do Charlie Hebdo e do Bataclan, venham a acontecer nos mostrando que ainda estamos muito longe de ver este terror virar história.

site: http://ricardobernardo.blogspot.com.br/
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Filino 28/02/2018

Um bom relato, no calor dos acontecimentos
O livro apresenta ótimas explicações sobre a origem do Estado Islâmico, tal como prometido na capa. O leitor também é apresentado ao complexo jogo de xadrez do Oriente Médio (que põe, por exemplo, o Irã e a Síria de um lado, com a Arábia Saudita do outro), a oposição entre sunitas e xiitas, bem como a sucessão de decisões equivocadas e à fraqueza do exército iraquiano, que levaram ao espantoso surgimento do Estado Islâmico.

Em vários momentos o autor dirige severas críticas às interpretações errôneas e muitas vezes romanceadas que analistas ocidentais dirigiram aos acontecimentos que culminaram no Estado Islâmico. A saudada "Primavera Árabe" e uma oposição rasteira entre "mocinhos" e "bandidos", por exemplo, são atacadas frontalmente e de maneira realista.

O único "porém" é que se trata de uma obra dirigida àquele momento histórico (que alcança até o ano de 2015). De lá prá cá muita coisa aconteceu, mas é um livro bastante esclarecedor.
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Henrique_ 05/12/2018

Quem nunca se sentiu meio perdido em meio a toneladas de notícias diárias do Oriente Médio, sobretudo depois de 2014, com a ascenção do Estado Islâmico pós a chamada Primavera Árabe? Bem, este livro vem ajudar a tirar o peso de tanta informação desencontrada e clarear um pouco o entendimento de uma realidade complexa por natureza. O ponto de partida do autor para explicar o surgimento do EI pode ser visto sob a perspectiva de uma falha da democracia, conforme Todorov expõe em seu livro Os Inimigos Íntimos da Democracia. A política messiânica norte-americana, segundo a qual os EUA, pós-ataque às Torres Gêmeas, se viu responsável por levar os valores democráticos às sociedades que não compartilham dos mesmo valores, é um dos motivos levantados para tal surgimento. Longe de atender aos vários interesses políticos, étnicos e religiosos que estavam em jogo, essa política messiânica propiciou levantes fratricidas, a exemplo do que ocorreu à época do imperialismo europeu. Em meio a tudo isso, o autor explora a mutabilidade jogo de interesses dos países da região, num esforço para tornar mais clara complexidade da situação. A autocrítica a setores da mídia é um alerta ao leitor a respeito de informações equivocadas, geradas pela mídia do espetáculo ou mesmo da falta de compreensão da natureza dos conflitos.
O livro é narrado numa linguagem fácil e é uma aula aos que já evitam notícias sobre o Estado Islâmico e Oriente Médio por não entender o que está em jogo. Muito embora muita água tenha rolado desde que foi escrito, o livro continua uma ótima alternativa para entender as origens do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS).
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deodato 07/01/2023

Importantes informações com ponto de vista contra-hegemônico. Leitura fácil e edição bem arejada. Excessivas repetições em algumas partes.
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Carlos.Costa 22/10/2023

Atual!
Depois de um tempo pegando poeira na estante, achei que era hora de pôr a mão na massa e iniciar a leitura...Conteúdo acertivo e esclarecedor sobre as implicações políticas das influências externas sobre as disputas na região. Vai além do senso comum sobre as demandas religiosas. E traz uma breve reflexão sobre o papel da imprensa, importante no momento critico que vivemos...
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