O Fio da Navalha

O Fio da Navalha W. Somerset Maugham




Resenhas - O Fio da Navalha


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Ju Lopes 30/10/2009

Uma viagem, inclusive interior
Livro de fácil leitura, a descrição dos personagens é profunda, com riqueza de detalhes, de modo que você acaba conhecendo todos eles de verdade.
Fiz uma viagem, juntamente com Larry, a muitos lugares e para dentro de mim mesma.
O autor aborda diversas religiões sem a intenção de convencer o leitor de algo, é tudo muito sútil e interessante.
É uma pena, como sempre acontece nos bons livros, terminar a leitura e ter que se desligar dos personagens.
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Ronaldo.Ruiz 28/11/2022

Em busca pelo sentido da existência
Antes de iniciar a resenha de "O Fio da Navalha", do escritor W. Somerset Maugham, gostaria de contar um pouco da minha jornada para chegar até ele.

A primeira vez que ouvi falar desse livro foi em 2013, há quase dez anos, portanto. Embalado na época pela leitura de "A Montanha Mágica", de Thomas Mann, procurei outros romances com uma pegada mais filosófica. Porém, outros livros foram entrando na minha lista de interesses e "O Fio da Navalha" acabou indo parar no fim da fila.

Recentemente, após a perda de um amigo muito querido, voltei a me interressar nele. "Quem sabe esse romance me dê respostas para as perguntas que eu ando me fazendo", pensei.

LARRY

O livro conta a história de Larry Darrel, um ex-aviador que lutou na França durante a Primeira Guerra Mundial. Ele sofre um grande trauma ao ver seu amigo morrer após este salvá-lo de um ataque de aviões inimigos. Um jovem que, até poucas horas atrás era uma pessoa tão animada, agora jazia no chão sem vida, como um velho fantoche abandonado por seu criador.

Depois de passar algum tempo nos Estados Unidos, Larry decide abandonar a vida confortável e próspera de seu país, inclusive sua noiva Isabel, para procurar respostas para suas dúvidas existenciais, entre elas: por qual motivo existe o mal no mundo?

Essa busca vai levá-lo novamente a França, depois Alemanha e Índia.

Um aspecto interessante da obra é como ela retrata a incompreensão da maioria das pessoas diante de alguém que prefere buscar sabedoria em vez de ganhar muito dinheiro, buscar prazeres, diversões e posses materiais.

Enquanto os demais personagens são atingidos por mudanças provocadas pela passagem do tempo, como crises econômicas, doenças, perda do prestígio social, mudanças de costumes e a morte de entes queridos, Larry parece sempre sereno, como se tivesse compreendido algo que explicasse tudo.

Até há um paradoxo engraçado: quanto mais ele fica desapegado de coisas materiais, mais ele parece tê-las.

HISTÓRIA REAL

Maugham se inclui na história como um personagem menor. Aliás, ele diz que os acontecimentos de "O Fio da Navalha" foram reais. As pessoas que aparecem no livro apenas tiveram seus nomes trocados. Muito do que sabemos sobre elas é contado ao próprio escritor por outros personagens em longos diálogos.

Como eu vinha da leitura de dois livros cheios de ação, demorou um pouco para me acostumar com o ritmo da obra. Há um enredo, mas as coisas acontecem devagar. Aos poucos fui me afeiçoando aos personagens e seus dramas.

(De vez em quando, também gosto e preciso descansar nas páginas de um livro.)

Na verdade, o enredo nem é tão importante assim. O mais interessante neste livro são os temas tratados nele. Apesar de alguns deles serem mais densos e o autor ser contemporâneo dos modernistas, a escrita de Maugham é clara e flui bem.

ÍNDIA E HINDUÍSMO

O capítulo 6 me marcou bastante, por retratar a Índia e falar sobre o hinduísmo, uma religião que sempre me chamou a atenção, mas da qual conheço muito pouco. Durante sua leitura, fiz pesquisas sobre lugares e divindades, o que aumentou a minha vontade de conhecer a Índia algum dia.

Nessa parte, ficamos sabendo como foi a peregrinação de Larry nesse país por meio de uma conversa entre ele e o escritor, que atravessa a madrugada em um café parisiense.

Uma das passagens mais legais acontece quando Larry se emociona diante de um busto de três cabeças com o qual ele se depara nas Grutas de Elefanta (trata-se da trindade conhecida como Trimúrti). Curiosamente, Larry reencontra lá um swami que havia conhecido em um navio e que lhe recomendou visitar o local. Ele explica que a imagem representa a Realidade Final, composta por Brama, o criador; Vichnu, o conservador; e Siva, o destruidor. Você pode até não se tornar um devoto dessa entidade, mas é preciso concordar que se trata de um belo simbolismo para a existência cíclica que envolve todas as coisas do universo.

"O Fio da Navalha" é um livro muito bom e pretendo voltar a ele no futuro. Confesso que não encontrei nele respostas conclusivas para as perguntas que me atormentam. Mas sinto que dei um passo a mais na minha busca.

site: https://marcenarialiteraria.art.blog/2022/11/28/resenha-13-o-fio-da-navalha-de-w-somerset-maugham/
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Pavozzo 23/02/2024

"A lâmina afiada de uma navalha é difícil de atravessar, por isso os sábios dizem que o caminho da salvação é árduo"
Em 1946, o crítico americano Edmund Wilson escreveu na revista "The New Yorker" o seguinte: "Nunca consegui convencer-me de que ele (Maugham) fosse nada mais do que um escritor de segunda ordem". Embora sinto-me incapaz de oferecer uma argumentação contrária consistente, sou da opinião de que o crítico exagerara em suas palavras.

Neste livro, obra da maturidade do autor, Maugham consegue reunir três características que são-me muito apreciadas: uma escrita agradável, o desenvolvimento de personagens complexas, e uma história capaz de proporcionar reflexões sobre propósito e o sentido da vida.

Lawrence Darrell é um jovem aviador cheio de gosto pela vida, mas a experiência traumática da morte de um amigo durante a primeira guerra mundial vai transformá-lo completamente: de que adianta lutar tanto, viver perseguindo sonhos e buscando experimentar tudo de bom que a vida tem para oferecer se, no fim, vamos terminar prostrados em uma vala, esperando inertes que os vermes roam as frias carnes de nossos cadáveres? O questionamento levará Larry por uma viagem pelo mundo e pelo interior de si em busca de respostas.

Maugham não se limita ao drama pessoal de Larry - acompanhamos o caminho trilhado por outras personagens em razão de suas escolhas de acordo com os propósitos de vida que cada qual possui: seja este prestígio social, segurança financeira ou uma família. Entretanto, como uma navalha de dois gumes, o que talvez seja mérito na obra acaba também por ser o seu defeito: apesar de Larry ser a razão principal para que essa história nos fosse contada, o autor não consegue trabalhá-lo tão bem quanto Isabel, amiga de infância e noiva de Larry, e Elliott, tio de Isabel.

Repleto de observações espirituosas, Maugham narra aqui uma história de sucessos, na qual todos encontram, no fim, aquilo que buscavam em vida. A questão é: isso lhe fez feliz?
edu basílio 25/02/2024minha estante
que elegância tem o seu relato :-)




Daiana 20/11/2023

Inesperado
O que falar desse livro
Não era da minha lista de livros, veio de brinde em uma troca.
No livro é o próprio autor que conta sua história e a da sociedade em que convive, com seus amigos em destaque. Ele da foco em Larry, um de seus amigos e conta sua história de vida em busca da felicidade. Um homem que larga tudo, dinheiro, amor, amigos em busca da felicidade, vai em viagens, trabalhos e livros. E chegamos ao final do livro sem saber se ele realmente encontrou, mas descobrimos um cara diferente e mais leve.
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Fabio Shiva 24/05/2012

Foi muita sincronicidade ter lido esse livro logo na sequência de “Sidarta” do Hermann Hesse.
Pois os dois livros tratam da questão da iluminação ou samadhi. Então ler Maugham complementou e ajudou na leitura de Hesse!

Primeiro, a questão do ponto de vista. Ambos os livros tratam de um tema oriental, e ambos foram escritos por autores ocidentais. No entanto em Hesse temos um amálgama genuíno entre o oriental e o ocidental, uma mistura originalíssima a ponto de ser universal. E aqui em Maugham (pronuncia-se algo como MAWM) a história nunca deixa de ser contada por um ocidental.

Não é vergonha para ninguém ser menor que Hesse, pelo contrário: só a comparação com Hesse, em si, é o maior dos elogios!

Pois no quesito estritamente da literatura, Somerset Maugham bate um bolão! É uma delícia de se ler esse livro! O autor é muito charmoso e sedutor ao contar a sua história, sempre com muita elegância. Esse é o segundo livro dele que leio (o primeiro foi Of Human Bondage, que pude de ler em inglês), e nos dois tive essa mesma sensação de encantamento: comecei a ler, e fui lendo e lendo até que de repente o livro chega ao fim, que pena! Bom demais!

Um recurso pra lá de original foi alegar que a história toda não era invenção, mas um relato fiel de fatos, onde o autor somente se preocupou em proteger a identidade das pessoas envolvidas. A originalidade não está nesse recurso apenas, uma vez que Conan Doyle já fazia isso nas aventuras de Sherlock Holmes (só para citar um inglês mais antigo). A grande sacação de Somerset Maugham foi a de incluir a si mesmo no livro, como personagem secundário que vai testemunhando o desenrolar dos acontecimentos.

Gostaria de falar muita coisa ainda a respeito desse livro, mas enfim! Vou me limitar a dois comentários finais. Primeiro, foi que durante a leitura veio crescendo uma forte desconfiança: acho que Somerset Maugham foi o modelo parodiado por Anthony Burgess para o seu escritor Toomey, impagável criação que ganha vida no livro “Poderes Terrenos”. Segundo, foi muito interessante ver temas tão caros por essa ótica do autor!

Um livro que faz pontes com tantos livros excelentes! Só por isso já seria altamente recomendável! Mas o melhor de tudo é que é realmente muito bem escrito!


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Comunidade Resenhas Literárias

Aproveito para convidar todos a conhecerem a comunidade Resenhas Literárias, um espaço agradável para troca de ideias e experiências sobre livros:
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Cris 26/03/2019minha estante
Terminei hoje mesmo o livro Sidarta, do Hesse e seu comentário me fez refletir se deveria ler esta obra prima do Maugham em sequência.


Fabio Shiva 30/03/2019minha estante
Oi Cris! Li esse livro há sete anos, sinto que preciso lê-lo novamente, gratidão por seu comentário que trouxe essa percepção!




zolotar 27/03/2009

Maravilhoso. Só o capítulo que fala da passagem do personagem principal pela Índia já vale a leitura.
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Claudio 30/07/2015

O Fio da Existência
Maugham retrata neste romance a história, segundo ele verídica, de Larry e sua busca pelo sentido da vida. Nessa caminhada alguns personagens enriquecem o conto e ajudam a formar pequenas histórias paralelas que compõe o todo. Aliás, o autor faz questão de afirmar que os nomes dos personagens são fictícios, pois no período no qual o livro foi escrito, algumas das pessoas envolvidas ainda estavam vivas.

O livro, dividido em 7 capítulos, abrange o período final da primeira guerra mundial, passa pela crise da bolsa de Nova York em 1929 e termina na antevéspera do início da segunda guerra. Possui a Europa como contexto geográfico e social principal, mas também serve-se da América do Norte, mais precisamente os Estados Unidos como pano de fundo. Na última parte do livro, nos é apresentado um pouco da cultura oriental por conta da viagem de Larry a India.

O livro é dividido em 7 capítulos. O primeiro deles é introdutório. Maugham apresenta os personagens principais que comporão o restante da história, assim como todo o contexto que a permeia. Começa sua narrativa em solo norte americano e a desenvolve na Europa pós primeira guerra mundial. Neste capítulo nos é apresentado o que viria a ser o cerne do livro, isto é, as inquietações de Larry e a busca pelo sentido da vida.

O capítulo 3 começa 10 anos após os eventos narrados nos capítulos anteriores. A grande depressão ocasionada pela ruína da bolsa de valores de Nova York, as mudanças físicas e psicológicas que os personagens sofreram durante este período formam a tônica desta parte do livro. Larry se aventura peregrinando pela Europa, se entrega aos prazeres sensuais do corpo, já Isabel casara-se com Gray.

No capítulo 5 Maugham versa sobre seu compatriota Eliot, sua degeneração por conta de uma doença. Relata a situação de Sophie e seus vícios, os mais variados possíveis.

A peregrinação espiritual de Larry e sua busca pelo sentido da vida são a tônica do capítulo 6. O autor, através do personagem, nos leva a profundas inquietações filosóficas e existências.

Por fim, o capítulo 7 é o desfecho deste romance, os acontecimentos envolvendo Sophie e o último encontro entre Larry e Maugham antes que ambos retornem aos Estados Unidos.

OPINIÃO SOBRE O LIVRO:

Esta é a primeira obra que leio de Maugham, depois de muitos anos é também o primeiro romance a que me detive, razão pelo qual resenhá-lo se torna um desafio. Segundo os críticos “O Fio da Navalha” é considerada uma obra diferenciada e intermediária do autor, onde livros como “Servidão Humana” e “O Destino de um homem” tiveram uma receptividade melhor pelo público. A leitura começa difícil para quem não está habituado ao estilo literário, mas com o desenrolar da história, logo ela começa a se tornar agradável.

Maugham é bem detalhista na composição dos personagens assim como os lugares por eles freqüentados, principalmente a geografia e cultura européia. Os protagonistas do romance formam tipos psicológicos fortes e bem definidos e o cerne existencialista permeia todo o enredo, principalmente em relação a Larry, o personagem principal do livro.

Creio ser justamente o existencialismo a grande questão que o livro nos apresenta. Talvez pelo período que o abrange, desde o fim da primeira guerra, suas conseqüências e suas seqüelas psicológicas e emocionais que em parte é relatada no livro, seja pela grande depressão com a queda da bolsa de Nova York e como isso afetou a vida de toda uma geração e, principalmente, por ter sido escrito em meio a segunda guerra mundial, é esta a impressão que fica.

Além disso, a peregrinação de Larry, uma espécie de alter ego do autor e a busca por uma paz interior e por um propósito que faça sentido para a vida em um mundo caótico reforçam essa idéia e pavimentam, por que não, a revolução cultural que o mundo sofreria nos movimentos reacionários da década de 60.

O capítulo 6 considero o mais importante e emblemático do livro. As questões que Maugham levanta através das inquietações de Larry representam a busca de todo homem pela razão de sua existência. Como se fora um grande filósofo, Maugham não nos apresenta respostas, mas sim nos provoca a caminharmos com ele na sua empreitada.

Por fim o livro termina de uma maneira muito óbvia, e a sensação que passou foi a de que o autor precisava encerrar a sua obra diante de uma certa urgência. Não por isso ele seja desqualificado, pelo contrário, pois o leitor pode ter outra opinião, outra percepção da obra que não seja semelhante a minha.

Num todo, o “Fio da Navalha” é um romance interessante que nos desafia a repensar nossas prioridades e a olhar o outro com uma perspectiva mais humana e solidária, onde talvez, ao viver desta forma, estejamos mais perto de entender o sentido da vida e o significado de nossa própria existência.

Por Claudio Amarante

site: http://operegrino.tumblr.com/post/125391525479/resenha-o-fio-da-navalha
Thereza 03/10/2016minha estante
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Tiago 07/07/2011

Tudo começa com Maugham contando que conheceu a pessoa mais estranha de toda sua vida. Até ai tudo bem, e conforme as páginas vão sendo folheadas começamos a perceber os motivos que levam Maugham a dizer isso desse homem chamado Larry, que presenciou uma guerra, é tido como um vagabundo e não consegue se adaptar a vida social que o cerca.
Além de Larry, também se encontram outros diversos personagens, mas entre eles se destacam Isabel, mulher vaidosa e gananciosa que se ve pobre do dia para noite e precisa se adaptar a isso. Gray, seu marido, que sempre está doente mas que ama trabalhar e busca fazer isso sempre que possível. Elliot, tio de Isabel, rico, elegante, mas que da muito importância ao modo de vida que leva, as festas que vai e as pessoas que conhecem e o que as mesmas pensam a seu respeito. Por fim, temos Sophie, mulher com uma Beautiful Mind - li em inglês e essas palavras realmente me marcaram - que leva uma vida cheia de vícios que ao mesmo tempo acabam e melhoram sua vida.
Durante uma vida toda, esses personagens se encontram e desencontram, algumas vezes estão felizes e outrora encontram-se tristes e desolados, com excessão de Larry, que ajuda a todos que estão no árduo caminho da busca pela felicidade.
O livro trata desse assunto tão discutido mundo afora, de uma maneira suave e simplificada. Será que uma pessoa encontra a felicidade permanente ou momentaneamente? Ou melhor, será possível encontrar a verdadeira felicidade? Se sim, qual o próximo passo depois de atingir esse objetivo? Morrer em paz? Talvez sim, talvez não.
Encerro aqui com uma frase muito usada na Indía e um tanto quanto propícia para o momento:
"The path of true happiness is difficult to follow. It is as difficult as walking on the edge of a razor."
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Abduzindolivros 27/12/2021

me identifico com os homi do Maugham
Nessa história, Larry é convocado para ser um combatente aéreo na 1ª Guerra Mundial e volta com um trauma após um companheiro sacrificar-se para salvá-lo. Então, começa a se questionar se a vida é só isso mesmo: trabalhar e especular para ficar rico, ir a festas, comprar imóveis, talvez sustentar uma amante, casar-se com uma moça elegante e ter filhos...

Larry então foge do padrão do círculo social em que está inserido: enquanto todos estão ocupados com seus divertimentos e em trabalhar ?duro? para juntar dinheiro, vivendo o american way of life, ele não procura emprego, passa o dia todo lendo obras de grandes filósofos e enfim empreende uma viagem pela Europa e Ásia, trabalhando em minas, fazendas, mosteiros, levando uma vida frugal e contemplativa com o objetivo de encontrar algo que ele sentia que lhe faltava, mas que não estava nos jantares ou nos empregos em escritórios de corretagem.

E ele é duramente criticado por aqueles que vivem desse estilo consumista e elitista. Maugham assume o papel de narrador e personagem dessa história, e apresenta o contraste das pretensões de Larry a partir de descrições do estilo de vida de pessoas importantes para ele, como sua ex-noiva, Isabel, o marido dela, Gray, seu tio Elliot, entre outros. Maugham, como narrador e partícipe, expõe as nuances do pensamento meritocrático dessas pessoas para evidenciar a busca de Larry, e aí nós vemos diálogos revelando falta de empatia, hipocrisia e a dureza desse pensamento do ?se eu fiquei rico foi porque mereci?.

Só que ele não tece julgamentos. Apenas expõe, e não o faz para demonizar quem vive dessa forma. Tampouco santifica o comportamento de Larry. Mostra de forma honesta essas pessoas sendo o que são e conquistando o que desejam, sem romantizar e sem esconder as contradições dos seus pensamentos e atitudes.

Todos os personagens que aparecem nessa grande fofoca têm importância, e ensinam algo ? mesmo os menos relevantes. São jogos sutis mostrando como todas as criaturas estão se esforçando para conseguir a aprovação de seus pares e serem célebres de alguma forma, ou aproveitar a vida, ou buscar a própria destruição como uma forma de vingança às agruras da existência. E todos oferecem contraste a Larry, tornando sua busca abstrata muito mais sólida e nos fazendo aplaudi-lo, por não tentar mudar as pessoas ao seu redor apresentando-se como a solução para os sofrimentos e futilidades, e assumindo a responsabilidade por fazer sua escolha derradeira: ser livre.

Vale muito a pena dedicar um tempo para ler essa obra, o cara manda muito, é um fofoqueiro de mão cheia e sabe como prender a gente do início ao fim. Recomendo fortemente.
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Br4ndon Lee 21/09/2020

O fio da navalha
Livro excelente. A forma de narrativa foi muito bem construída na forma de narrador junto ao autor. Além disso, possui personagens bem descritos e com características bem individuais. Larry, o personagem principal, trilha uma jornada espiritual na contramão dos ideais de todos os seus amigos, inclusive de sua noiva. Para mim o livro foi impecável de acordo com o que o enredo permitiu, favoritado.
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Mariana 15/04/2020

Reflexões
O livro proporciona muitas reflexões ao leitor que se permitir. Larry busca questões como a existência de Deus e o sentido da vida. Leitura agradável.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 20/07/2018

Jornada Espiritual
Durante sua vida, o romancista e dramaturgo inglês William Somerset Maugham (1874-1965), apesar de admirado pelo público, jamais conseguiu um elevado respeito por parte dos críticos e de seus companheiros escritores, boa parte ressentida pelo seu êxito comercial.

Habilidoso contador de histórias, suas obras seduzem a atenção, graças ao estilo linear e direto, assim como pela linguagem polida, redigida com clareza e objetividade. Singularmente, são esses os defeitos apontados por seus detratores numa época onde a literatura de vanguarda experimental seduzia as elites culturais, tendo como principais representantes: William Faulkner, Thomas Mann, James Joyce e Virginia Woolf.

Publicado em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, "O Fio da Navalha" é considerado um de seus principais livros, contudo, foge a regra, quando comparado aos demais. Logo no início, Mr. Maugham afirma que não se trata de uma obra de ficção, provavelmente seu intuito era transmitir maior veracidade à história, visivelmente pacifista, que criou.

Outro aspecto peculiar é que esse romance antecipou uma tendência que posteriormente ganharia fôlego com o movimento "Paz e Amor", vinte anos depois. Nele, o escritor discute uma crise espiritual, provocada pelos horrores da guerra, que leva um veterano norte-americano, Larry Darnell, a buscar, na Índia, um sentido para a vida. Na década de 1960, uma boa parte dos jovens, levada pela insensatez da Guerra no Vietnã e pela falta de perspectiva existencial, refez essa mesma jornada em busca de inspiração, a fim de abdicar dos valores ocidentais.

O título do livro foi retirado de um dos "upanixades", texto sagrado hindu, e é um chamamento para a autorrealizacao: "Levante-se! Acorde! Procure a orientação de
um professor Iluminado e realize o Ego.
Afiado como o fio de uma navalha é
o caminho, dizem os sábios, difícil de atravessar."

Finalmente, o texto rendeu várias adaptações para o cinema, entre elas a de 1946, com Tyrone Power no papel principal, e a de 1984, estrelada por Bill Murray.
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JJFelix 30/09/2023

"Dotado de profunda força interior. Larry Darnell acredita que a verdadeira felicidade está na essência das coisas.
Assim, renuncia ao longo de sua existência a todas as oportunidades de adquirir posição social, prestígio e riqueza e decide correr o mundo à procura
da sabedoria e da purificação da alma.
Essa incansável busca --- fio condutor
de um enredo que leva Larry a conviver
com personagens multifacetadas e influenciar o destino de muitas vidas --- é narrada com sutileza e emoção por Somerset Maugham, um dos maiores
ficcionistas da literatura de todos os tempos."
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Vitória Sommer 22/01/2012

Extremamente cativante.
Em ''O Fio da Navalha'' Maugham narra de forma leve e fluida, não vi as páginas passarem, e já sinto falta dos personagens que me ''cativaram'' tanto. O livro é focado em Larry, jovem que, depois de voltar da guerra, procura um sentido para sua vida e a felicidade. Pessoalmente, o que mais me marcou foi a profundidade que o autor desenvolveu a personalidade de cada um dos seus personagens, o que me levou querer ''dissecá-los''.
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Lia 31/07/2022

Leia
Peguei esse livro despretensiosamente porque nunca tinha ouvido falar do autor (uma pena) mas achei o título interessante. Amei! A escrita é muito boa e me fez conhecer a fundo os personagens, suas dúvidas, inquietações e desejos.
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