Salt To The Sea

Salt To The Sea Ruta Sepetys




Resenhas - Salt to the Sea


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bibi_nk 01/02/2022

Impactante.
Esse livro é daqueles que só se lê uma vez na vida, do tanto que te impacta.

A crueldade do homem sempre me supreende, o tanto de egoísmo e malvadeza me deixaram angustiada o livro inteiro e ele, infelizmente, retrata cenários reais.

O motivo para 4,5 estrelas é exatamente esse: tem que ter estômago.
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Marcella.Martha 02/08/2018

Uma leitura pesada, difícil e tão, tão profunda
Salt to the Sea é aquele tipo de leitura que justifica você passar horas e horas virando páginas mais ou menos, rios de dinheiro comprando novos livros e um tempo precioso exorcizando sua indignação com histórias ruins e mal contadas em resenhas no Goodreads. Quando você termina de ler um livro como Salt to the Sea, tudo isso vale a pena, porque o motivo de você fazer todas essas coisas é para encontrar histórias como essa.

Salt to the Sea consegue ser absolutamente grandiosa da maneira mais minimalista possível. Os capítulos são curtos, de duas ou três páginas (o que, na minha opinião, te incentiva muito a praticar o famoso Só mais um capítulo...). As histórias, nuances e os segredos dos personagens são contados em pequenas doses. O livro é um grande quebra-cabeça que vai revelando os seus detalhes ao leitor de pouquinho em pouquinho. A autora não te conta nada, não te diz Olha, é assim e pronto, como muitos autores (muitos conceituadinhos inclusive) fazem. Na-não: a história praticamente se desdobra para o leitor através das pequenas janelinhas que a gente ganha na vida dessas pessoas e no cenário que as cerca. Muito fica só nas entrelinhas, e tudo bem, porque você consegue sentir a história, sentir o medo, o desespero, as pontinhas de esperança e humanidade que nascem em meio ao terror.

É importante dizer que Salt to the Sea é uma ficção histórica que se passa na Segunda Guerra Mundial. Eu sou muito sucker por qualquer coisa ambientada neste período, mas mesmo tendo lido uma pancada de livros com a temática, visto filmes e documentários e tudo o mais, eu nunca tinha ouvido falar sobre o ponto específico de SttS: o naufrágio do navio Wilhelm Gustloff. Em meio a todos os horrores da guerra e do nazismo que já ganharam holofote em tantas produções, é de se estranhar que um dos maiores naufrágios da história da humanidade passe tão batido. Quando o Wilhelm Gustloff afundou na costa da Polônia em 1945, atingido por três torpedos russos, mais de nove mil pessoas morreram. O navio era um dos maiores participando da operação Hannibal, uma das maiores operações de evacuação marítima jamais realizadas, e, naquele momento, carregava quase dez vezes a sua capacidade de passageiros.

A operação, logicamente, era nazista, e pretendia levar da Prússia (uma região que ficava separada do território Alemão) os ~~arianos padrão~~ que ficaram encurralados com a invasão russa, além de soldados feridos em batalha. Aí você pensa 'Então é por isso que a gente não ouve falar; morreu um bando de nazista', mas não, caros amigos. Pelo menos cinco mil desses passageiros eram crianças, muitas das quais separadas das suas famílias. A invasão stalinista que aconteceu no leste europeu propagou tanto terror quanto o nazismo, de formas diferentes. Milhares de pessoas fugiram de países como Lituânia, Polônia e Estônia, muitas com identidades falsas para cruzar território de domínio nazista, em busca de resgate entre os navios da evacuação. Além de soldados feridos, mulheres e crianças tiveram prioridade de embarque em todos os navios que zarparam na operação Hannibal. O que quer dizer que a maioria dos mortos eram civis, e não militares. Dentre vários naufrágios que aconteceram na região à época, o maior de todos foi o do Wilhelm Gustloff.

Aqui, a história foca em quatro personagens: Joanna, uma enfermeira da Lituânia que tenta chegar à Alemanha onde, talvez, sua mãe (única parente ainda viva) esteja; Florian, um jovem da Prússia cheio de arrependimentos e com uma missão; Emilia, uma menina polonesa de 15 anos, sozinha no mundo e vítima das violências da guerra; e Alfred, um soldadinho de baixo ranking meio sociopata e totalmente cego pelos ideais do nazismo. Os caminhos de todos eles se cruzam no Gustloff. E a forma como a história os une, como eles acabam ligados uns aos outros (e a outras pessoas) é simplesmente lindo. Sutil, bem escrito e leve, mesmo se tratando de um assunto tão pesado. No meio de uma das maiores tragédias da humanidade, pessoas que não têm nada a ver umas com as outras, que não têm mais nada a perder, encontram um pouquinho de gentileza e amizade, um conforto mais do que necessário para quem precisa desesperadamente de ainda acreditar no poder de redenção do ser humano para continuar vivendo. E achei que o desfecho foi perfeito, respeitando as circunstâncias da época.

A pesquisa da Ruta Sepetys foi imensa. No final, ela cita os nomes e relata alguns dos processos. Anos e anos entrevistando sobreviventes do naufrágio e da guerra naquela região, familiares de sobreviventes, pesquisadores, mergulhadores que conheciam os destroços. Ela refez a caminhada que os refugiados (e os personagens da história), na época, fizeram para chegar ao porto. A própria família dela está implicada: alguns primos do pai dela morreram no Gustloff, e o pai dela passou anos em um campo de refugiados para lituanos que ficaram presos entre nazistas e stalisnitas, sem ter para onde correr. Você sente a profundidade do conhecimento de causa e o cuidado com a narrativa, os pequeninos detalhes que ajudam a contar a história e fazem toda a diferença. E isso só me dá ainda mais raiva de autores que não conseguem fazer uma pesquisa simples para deixar os seus livros mais críveis.

De quebra, eu ainda descobri que o livro anterior da Ruta, Between Shades of Grey, que também se passa na Segunda Guerra, mas na Rússia, é como uma companion novel de A Salt to the Sea, ambos se passam no mesmo universo. A personagem principal de Between Shades, Lina, é prima da Joanna. Quem já estou comprando o livro agora mesmo?

Eu dou cinco estrelas só porque não tem mais estrela aqui pra dar.
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