Bia 19/11/2015Resenha Publicada no blog Pequenos VíciosMais uma resenha nacional!!! Descobri esse livro totalmente gratuito na amazon. Baixei de imediato!
Nunca havia ouvido falar nem da obra tão menos da autora. Assim, imaginei que seria um drama daqueles bem florzinhas sabem?
E estava redondamente enganada.
Logo nas primeiras páginas, a autora alerta teremos um caso de abuso sexual na infância e adolescência. Já sofremos um impacto somente com o aviso.
Sempre que tenho um livro em mãos com esse assunto, acabo por adiar a leitura. É muito forte, não importa a forma que o(a) autor(a) conduz.
No enredo acompanhamos a vida de Emmeline. Em nosso primeiro contato, ela tem apenas sete anos. Somos apresentados à sua rotina. Tudo dentro da normalidade. Seus pais são pessoas normais, (apesar que, em minha opinião, achei sua mãe um pouco “preguiçosa” em relação à filha).
“Tio Billy” é irmão de sua mãe, e nutre um amor incondicional pela pequena. É super paciente, brincalhão, e faz de tudo por ela. Claro que a garota sente todo esse amor, e o corresponde com muito zelo.
Sabia do tema “abuso sexual”, então já suspeitei de imediato de “Tio Billy” e até mesmo do pai de Emmeline. Num passeio à praia, constatamos então que o amor que o tio tinha pela menina, era o mais monstruoso que pode existir.
“Tio Billy nunca havia encostado nela naquele lugar. Surpreendentemente, ela percebeu que Tio Billy não notou que sua mão estava num lugar que não podia. Eu devo estar suja, ela constatou. Ele deve estar me limpando. Mamãe faz isso.” – posição 190
A autora, em poucas páginas, consegue nos passar como era o relacionamento de Emmeline com sua família e, claro, com o tio. Não fosse eu já saber do tema, jamais iria levantar minhas suspeitas justo com o cara. Poderia jurar que ele seria o protetor, e nunca o estuprador.
E temos uma novidade: geralmente, nos livros que tratam o tema, temos os relatos do que se passa na cabeça do agressor ou da vítima tempos depois do que aconteceu. Neste livro, sabemos o que a vítima pensa e sente no momento do abuso. Outro ponto que merece ênfase é que Tio Billy, fisicamente não é monstruoso. É um homem bonito e charmoso, que não aparenta ter nenhum problema psicológico.
“Mas Tio Billy era seu tio. Era o seu segundo pai.” – posição 204
É uma leitura pesada? Sim, é, porém responde aquelas perguntas que pessoas... humm, como posso apontar sem ser grossa... “aéreas” fazem ao saber desses casos, como: “por que ela não chamou a mãe?” “por que não contou?”
Vemos o quão inocente são os pensamentos e os sentimentos de uma criança. Afinal, é um parente próximo, que demonstra amá-la.
E infelizmente, não foi última lágrima que Emeline derramou. Outras vieram, cada vez piores, cada vez mais silenciosas.
“...se aquilo era amor, ela não queria ser amada por ninguém” – posição 1461
Ler uma história com essa temática tão forte nos deixa pra baixo. Na verdade, não é uma história, é um grito de socorro. É uma forma de fazer com que olhamos mais a nossa volta. Quantas Emelines não derramam rios de lágrimas por dia por sofrerem tais abusos?
É um livro curto, com poucas páginas, mas que, pela carga emocional que carrega, não conseguimos ler de uma vez. Aliás, acredito que estou sendo incoerente em minha resenha, porque oras falo da história oras dos casos reais existentes por ai. Isso porque, a autora nos choca trazendo detalhes de uma monstruosidade. Ela cutuca nossa ferida expondo o que pode acontecer debaixo de nosso próprio nariz.
Uma leitura perturbante que você precisa conhecer. E, o que não me surpreendeu, é que foi totalmente baseada numa história real.