Lennon.Lima 01/09/2018
Pensar em fazer uma biografia do rosto que estampa com seu sorrisinho maroto o dólar americano é uma ideia que pode intimidar muito biógrafo, não só pela importância que Franklin tem na formação da identidade americana que conhecemos hoje, com todas as suas qualidades e defeitos, mas pela abrangência de seus feitos, de seus ofícios, cargos, ao longo de sua vida. É inviável fazer uma boa biografia sobre Benjamin Franklin que renda menos do que 300 páginas e muitas e muitas e muitas horas de pesquisa.
Franklin foi, e obtendo destaque em todas as funções, umas com mais brilho do que outras:
• Impressor/jornalista;
• Empreendedor;
• Escritor;
• Agente postal;
• Político;
• Cientista;
• Diplomata;
• Líder comunitário (pelo arrojo de suas ideias e desinibição, não por ter ocupado um cargo específico).
Como homem das letras foi responsável por influenciar gerações com sua pregação sobre frugalidade, trabalho, bons hábitos domésticos, convicções políticas, em suas colunas diárias nos jornais que administrou, e principalmente com o Almanaque do Pobre Ricardo, uma coletânea de anedotas e ditados, em tom humorístico, norteados pela filosofia “dar-se bem fazendo o bem: ganhar dinheiro e promover a virtude”.
A publicação se tornou um sucesso de vendas por vários anos, muito pela habilidade de escrita de Franklin, mas também devido ao engrandecimento de sua reputação perante a opinião pública que passou, com o transcorrer do tempo, conforme a repercussão de suas ações, a vê-lo como uma pessoa bem sucedida, de origem humilde, como a maioria da população a época, e um sábio.
Claro que nem todo mundo morria, ou morre, de amores pela filosofia embutida no almanaque engendrado por Franklin, especialmente as crianças menos inclinadas a acordar cedo. Um relato curioso sobre Pobre Ricardo emitido pelo comediante e ator Groucho Marx:
“Dormir cedo, acordar cedo, faz um homem você-sabe-o-quê. Isso é puro blá-blá-blá. A maioria das pessoas ricas que conheço gosta de dormir tarde e despedirá o criado se for perturbada antes das três da tarde (...). Você não vê Marilyn Monroe levantar-se às seis da manhã. A verdade é que não vejo Marilyn Monroe levantar-se a qualquer hora, o que é uma pena”.
Quanto a fama de sábio, isso se deve ao maior de seus feitos no campo da ciência: “arrebatou o raio dos céus”. Inventou o para raios ao descobrir como atrair cargas elétricas, ao entender do que são constituídas. Já deve ter ouvido, lido ou visto uma reconstituição sobre o episódio da pipa, um raio sendo atraído por um objeto pontiagudo até o brinquedo de papel e madeira (minha primeira lembrança disso é um episódio do Pernalonga).
Mas Franklin não se limitou apenas a esse invento, que seria suficiente para colocá-lo em um pedestal e se destacar de milhares que não fazem e nunca vão fazer nada de significativo para o coletivo, foi autor de diversos. Por exemplo, você que me lê com o auxílio de suas lentes bifocais, agradeça a Mr. Franklin.
Uma frase que sintetiza maravilhosamente os seus feitos mais notáveis é de autoria do estadista francês Turgot:
“Ele arrebatou o raio dos céus e o cetro dos tiranos”.
A segunda metade da sentença se deve a sua contribuição valorosa para a elaboração e implementação da primeira constituição republicana do mundo e do forjar de aliança com os franceses na guerra da independência contra a Inglaterra – apoio fundamental para a vitoria americana.
Depois desse breve cartão de visita da figura em questão, hora de analisar os pontos fortes e fracos, claro, na minha modesta opinião, sobre o trabalho de Walter Isaacson.
O que achei positivo
O que espero sempre de uma biografia é honestidade, primeiramente. Que não seja uma peça publicitária, um panfleto meloso exaltando virtudes excelsas, inigualáveis da figura em questão. E como é notório o patriotismo por vezes exacerbado dos americanos esse risco aumenta um pouquinho quando de trata de um biógrafo originário da terra do Tio Sam.
Mas felizmente isso não ocorre. Benjamin Franklin, uma vida americana, faz um relato honesto, amplo, sem receio de revelar imperfeições de um retrato famoso. Expõem de maneira equilibrada todas as virtudes do homem Benjamin Franklin, sua inteligência, seu senso de comunidade, seu humor, sua moderação, os seus acertos quanto a defesa de determinadas pautas, do ponto de vista histórico engrandecedoras, como seu posicionamento favorável as vacinas (embora tenha sido contrário inicialmente, mas soube reconhecer seu equívoco) e suas imperfeições: o relacionamento frio, esquisito, com alguns de seus familiares, o seu ego por vezes robusto, a incapacidade de superar alguns rancores, a sua falta de instrução mais refinada (no entanto, isso também pode ser considerado como um mérito, pois mesmo sem formação acadêmica erudita, foi capaz de fazer descobertas científicas que muitos letrados em Harvad não foram capazes).
Confira o restante da resenha no LINK:
site: https://cartolacultural.wordpress.com/2018/09/01/resenha-benjamin-franklin-uma-vida-americana/