Memórias de um empregado

Memórias de um empregado Federigo Tozzi




Resenhas - Memórias de um empregado


8 encontrados | exibindo 1 a 8


Marta Skoober 26/02/2021

Memórias de um empregado" esteve na prateleira por um bom par de anos, talvez uns cinco, seis. Fui atraída pelo título, muito mais do que pelo frisson provocado pela editora.
Assim como Norte e Sul, de Gaskell, esse também traz à luz as relações de trabalho, desta vez de um funcionário público.
Um conto que dado o tamanho da fonte e as dimensões do livro, deve ser bastante curto. É escrito em forma de diário.
Embora a escolha para o momento fosse meio aleatória, inicialmente me pareceu deveras acertada. Tanto que me remeteu a uma das leituras mais saborosas de 2020, "O diário de um ninguém", e que eu sempre esqueço ao pensar nos tais melhores do ano.
Entretanto à medida que a leitura avança fui perdendo parte do encantamento e cheguei a contar páginas, falha do livro? De modo algum, falha da leitora... se "O diário de um ninguém" é bastante anedótico e picaresco nesse percebo um tom mais melancólico. E chafurdar na melancolia é tudo o que eu não preciso, principalmente nesse momento pandêmico e catastrófico.
Talvez num outro momento....

Grifo (escolhido)

O serviço não vai bem; confundo facilmente as somas longas nos registros. Se ao menos aprendesse a telegrafar! Ficaria menos entediado e me cansaria menos. 58
comentários(0)comente



Carol 27/09/2015

Ricordi di un impiegato
Pouco conhecida no Brasil, a obra de Federigo Tozzi, escritor italiano do início do século XX, só se popularizou, em seu país, nos anos 60, quando a crítica literária apontou o pioneirismo de sua ficção, profundamente dotada de um realismo psicológico, ligado ao simbolismo.

Em Memórias de um Empregado, publicado em 1920, Tozzi narra a estória de um jovem, que, como ele, deixa sua terra natal para trabalhar numa estação ferroviária, em uma pequena cidade interiorana.

Introspectivo, o personagem principal escreve um diário, no qual anota seus pensamentos e observações acerca das pessoas com quem passa a conviver, da cidadezinha de Pontedera e sua correspondência com Attilia, a moça por quem é apaixonado.

Gostei muito! Um verdadeiro achado, tanto por descobrir um novo autor, quanto por ter adorado a temática psicológica presente no texto. Um estilo, neste sentido, bem parecido com os de Kafka, Joyce ou Thomas Mann.

"Se certas pessoas soubessem dos traços indeléveis que deixaram em mim, ficariam espantadas. Quando penso que sou feito de tantas linhas correspondentes a outros tantos dias, me pergunto se quem existe sou eu ou as coisas que agora tenho diante dos olhos. E me pergunto o que significa viver."
comentários(0)comente



Wellington 18/05/2021

Memórias de um Empregado: 9,0
Breve e forte encanto; uma agradável surpresa. O livro é curto, mas sinto seus ecos continuando pelo tempo.

Memórias de um Empregado foi escrito como diário. O protagonista trabalha numa pequena estação de trem, enquanto pincela o cotidiano e imprime sua personalidade no papel. Soturno, tímido e solitário, busca refúgio tanto na escrita quanto nas cartas enviadas à noiva de frágil saúde da cidade natal. Situa-se na Itália do início do século XX; a hierarquia familiar é forte, a preocupação com o que os outros pensam. O mundo é áspero como uma lixa. Vislumbrei a vida de um operário simples, provável figura de milhares de pessoas na época.

Há momentos de grande sensibilidade e um delicado jogo de sentidos. Os cavalos de um carrossel nunca passam fome, pois sempre têm madeira na boca e no estômago. Um senhor que sempre remexe a terra com a enxada não aparece certo dia; olho o chão que deixou, como se aquele homem fosse mais feito de terra que de carne. A frágil lâmpada elétrica avermelha o cômodo com a sua escuridão. Um mendigo amputado é resumido pelo braço que não tem.

Outra surpresa proporcionada pela Carambaia num belo projeto gráfico que lembra um diário; tradução impecável, nenhum erro, bom posfácio e inclui a biografia de Federigo Tozzi. O próprio autor foi funcionário de uma estação na mesma cidade; será que era como o protagonista? É possível. Federigo foi expulso de escolas, se formou tardiamente, alistou-se como voluntário da imprensa na Primeira Guerra e morreu de gripe espanhola, deixando várias obras inacabadas. É grande privilégio ter acesso a essa pequena joia.

site: https://www.instagram.com/escritosdeicaro/
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Renato 20/09/2015

Memórias da surpresa
Frustra ilusão, achar que um dia terei lido pelo menos um livro de cada autor importante. A cada dia, surge alguma informação sobre alguém que deveríamos ter lido, mas nunca tínhamos ouvido falar. São tantos, que tenho que me conformar com aquilo que tenho fôlego, sem pretensões.
Saindo da inexistência com surpresa, subitamente tenho em mãos "Memórias de um empregado", de Federigo Tozzi, italiano da Toscana suficientemente relevante para ter sido uma das maiores influências de escritores como Alberto Moravia. Importante no cenário italiano, desconhecido por aqui. Sua produção foi pequena, o que parcialmente explica seu quase esquecimento fora da Itália. Morreu precocemente, vítima da gripe espanhola.
Seu livro traz uma tradição de realismo, a cara da Itália, especialmente ao mostrar a vida da coasse operária. Paremos por aí: não é mais um livro anarquista ou de conteúdo forçadamente político. Em primeiro lugar, há a forma. A sequência narrativa quebra sua linearidade ao entrar no fluxo de pensamento do personagem principal, trazendo à tona toda a subjetividade que transformou a realidade numa interação entre o fato e a mente. O romance progride para uma estrutura fragmentária, os capítulos finais às vezes com quatro linhas. Parágrafos aparentemente desconexos, mas facilmente ligáveis, ao se perceber que ele não está seguindo os fatos, mas o raciocínio. Apesar da subjetividade, Tozzi não perde o realismo, não há fantasia, devaneio ou canção, muito menos mágica. A linguagem é direta, mesmo que sua lógica seja interior.
O enredo aparentemente circula ao redor da submissão do filho na família patriarcal, de ambiente dos trabalhadores ferroviários. A tensão real é moral, está no comportamento, no princípio e nas escolhas do jovem rapaz. A construção psicológica do personagem, mesmo num espaço tão curto é excepcional. Tozzi cria o conflito entre a vida no mundo novo e no antigo. Especialmente no mundo do emprego, da máquina, das relações superficiais e irônicas, onde um olha para o outro em busca da conformação a uma estrutura sem sentido. Não há emocionalismo.
Mesmo com a modernidade, que Tozzi participou em seu início, "Memórias de um empregado" é um livro fabuloso que nos abre o apetite para outras traduções dos seus livros.

site: http://leitorinsuportavel.blogspot.com.br/
comentários(0)comente



Gabriela 26/10/2017

Este foi o primeiro livro da editora Carambaia que li, embora não seja o primeiro que comprei. Confesso que comprei mais por ser da Carambaia e também porque estava na promoção, pois nunca tinha ouvido falar no autor. Para quem não sabe, a Carambaia é conhecida por suas edições limitadas, geralmente mil exemplares numerados à mão, com trabalho gráfico primoroso e traduções cuidadosas.

Primeiro, devo dizer que a parte gráfica do livro realmente é bela e, embora não seja capa dura, a capa é interessante: com umas abas que abrem, revelando a imagem de um trem, o que tem tudo a ver com a história.

Porém, a história em si não me cativou. A premissa era interessante e o formato de diário, com tudo em primeira pessoa, foi uma ideia boa, mas ficou um pouco enfadonho. É um livro mais, digamos, psicológico. É menos focado no que acontece e mais focado em que como o narrador se sente quando se vê pressionado pelos pais (principalmente o pai) a assumir um emprego que ele não quer, em uma cidade longe de sua namorada.

Depois, o livro relata o estado de ânimo meio depressivo em que o narrador está por não saber lidar com seus colegas de trabalho, por pensar que ninguém nunca conseguirá entendê-lo e tudo mais. Então, esse jeito introspectivo demais, com o narrador "divagando" sobre sua alma, não faz muito meu estilo.

Contudo, embora não tenha sido ótimo, também não foi péssimo, portanto deixei a nota no meio termo. Gostei do posfácio, que esclareceu alguns pontos do livro, e também foi uma experiência válida por me tirar de minha zona de conforto literária.

site: https://bibliomaniacas.blogspot.com.br/
comentários(0)comente



Pandora 03/04/2018

Leopoldo Gradi é um rapaz de 20 anos que sai de Florença para trabalhar na estação ferroviária da pequena Pontedera por pressão do pai. Leopoldo é ao mesmo tempo um rapaz ainda adolescente, com resquícios de uma educação rígida e moralista, repleto de dúvidas e anseios infantis e um homem reservado, angustiado e taciturno dado a neuroses e reflexões existenciais.

Apaixonado por Attilia, a namorada que deixou em Florença, o rapaz mantém correspondência com a amada ao mesmo tempo em que escreve um diário onde coloca suas impressões sobre a cidade e os novos colegas.

O livro é baseado na experiência do próprio autor, que em 1908 trabalhou por dois meses na estação ferroviária de Pontedera. É uma narrativa introspectiva e sentimental, focada no emocional do personagem.

Eu gosto muito deste tipo de narrativa, que foi o que me fisgou neste livro, mas talvez por não ter tido muita empatia pelo personagem, foi uma leitura que eu gostei, mas não amei.

Escrito em forma de diário em 1910, mais tarde é readaptado por Tozzi para um pequeno romance. A edição brasileira tem o formato de um livrinho, como uma caderneta de anotações, cujas capa e contracapa abertas formam a figura de um trem.
comentários(0)comente



Junior.Nunes 03/01/2023

Uma história de amor ou solidão?
Uma grande sacada deste livro é que ele é contado em forma de diário, sabemos os dias e os meses em que foi escrito.
Logo de inicio sabemos sobre uma história de amor de Leopoldo e Attilia, um namoro escondido. O personagem principal ( Leopoldo, o rapaz que escreveu o diário) viaja a trabalho forçado pelo pai em uma estação ferroviária, é o seu primeiro emprego. Chegando em seu destino, Leopoldo se sente sozinho, em meio de tantos olhares, é um rapaz simples, observador, e que está completamente apaixonado por seu grande amor. A partir daí, vemos o quão vazio e triste ele se sente ao passar este tempo longe de sua amada. Ele descreve tão bem seus sentimentos, que parece nos transporta a sentir todo a aquele ambiente.
O final me surpreendeu, chorei? Quase!
Leopoldo é uma boa pessoa, e o que ele quer, é estar ao lado de quem ele ama, sua querida Attilia.
comentários(0)comente



8 encontrados | exibindo 1 a 8


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR