Crônicas dos meus pés descalços ou de quando visitei o inferno

Crônicas dos meus pés descalços ou de quando visitei o inferno Marcelo Amado




Resenhas - Crônicas dos meus pés descalços ou de quando visitei o inferno


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Luana 04/02/2021

muito interessante e obscuro, me lembra bastante Rubem Fonseca, com um que de fantástico/estranho.
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Paulo Silas 29/08/2017

Palavras que rasgam e dilaceram. Versos que assombram e ofendem. Narrativas que atormentam. As "crônicas dos meus pés descalços" de Marcelo Amado foram redigidas sem a intenção de agradar - ou pelo menos não foram feitas para aqueles de estômago mais fraco.

Para os leitores que apreciam o gênero literário que o título e a capa do livro fazem presumir que o seja, o escrito é uma excelente escolha. Conforme aduz o autor, "a morte tem o poder de encantar. Ela pode ser sedutora, fazer com que você se apaixone e realize seus desejos mais intensos, terríveis". E é sobre a morte e tantos outros temas sombrios envoltos que o livro trata, carregando sempre a temática em suas duras linhas.

As fisgadas que cada linha proporcionam, alcançam o âmago dos sentimentos do leitor. Não há pudor. Não há certo ou errado. Não há. Simplesmente não há. O que há é a beleza da feiura estampada nas páginas presentes no livro. A cada linha, um sentimento incômodo - prazer no viés literário e repulsa nos sentimentos.

Linhas tortuosas, mas belamente escritas. Para além do horror, a denúncia contra o conformismo, o grito contra a hipocrisia e o escancarar do real, não importando a moral e os bons costumes, vez que aquilo que é, é.

Marcelo Amado logra êxito em agradar até os leitores mais exigentes. Não se trata de apenas exposição do horror pelo próprio horror. Há toda uma beleza nas linhas da pequena obra que convencem. O literário é agradável, belo, bem escrito, pontual e dinâmico.

"Só queria voar meus sonhos diurnos e gozar o riso, sem pensar no disfarce embutido em minha face". É assim que o autor constrói sua obra de linhas, versos, frases, crônicas e narrativas reunidas. Um soco no estômago que consegue ser agradável.
Vale conferir!
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Luciana Fátima 08/12/2015

Uma vida (estronha) entre livros...
Não lembro bem como conheci Marcelo Amado. Acho que foi quando escrevi com a intenção de parabenizá-lo pelo conto "O fotógrafo" que saiu, há quase dez anos, em um dos volumes da coleção de livros de suspense e terror Necrópole. Até hoje, gosto muito daquela história! Ele já estava na estrada virtual há um bom tempo, batalhando pela divulgação da literatura considerada “estronha e esquésita” e, de lá pra cá, seu site cresceu e começou a dar bons frutos... Pariu uma editora (Editora Estronho) e um evento (Mondo Estronho) que mistura um monte de coisas legais! E, agora, ele escapa do papel de editor – que vem desempenhando muito bem, diga-se de passagem! – para abraçar o alter-ego de “escritor-psicopata” que lhe cai tão bem.

“Sou um psicopata perdido num mundo de sonhos insanos...”, afirma um personagem.

O título do livro chama a atenção por si só: Crônicas dos meus pés descalços ou De quando visitei o inferno. O formato do volume também é incomum – quadrado –, com suas já famosas páginas pretas, combinadas com ilustrações de caveiras aqui e ali. Logo no início, uma mosca espreita ao pé da página, como a se preparar para sobrevoar a putrefação literária que se seguirá. Não posso deixar de mencionar a beleza das gravuras de Gustave Doré que adornam o interior da capa. Enfim, antes de dar início à leitura, propriamente dita, os amantes das belas artes já estão absolutamente envolvidos pelo Editor Marcelo Amado.

Ah, e ainda tem o texto! Ele não poderia começar de forma melhor. Marcelo clama por Augusto dos Anjos, sua inspiração escatológica: “Tragam-me os anjos de Augusto para que me inspirem, me expirem, me Augustem.” Seu rogo não é em vão... A partir daí, mergulhamos no mais profundo caos humano, conduzidos sempre por um narrador-personagem que nada teme ou se envergonha. São textos poéticos, repletos de horror e sangue: “Cortaram meus olhos e deles escorreram sonhos...”

Uma das primeiras coisas que chamou minha atenção foram as intertextualidades. Podemos sentir a presença dos livros anteriores de Amado – 'Aos Olhos da Morte' e 'Empadas e Mortes' – em passagens sutis ou, às vezes, bem declaradas. Há também a música – Rob Zombie, Black Label Society, Janis Joplin, Brahms – que permeia toda a obra e, mesmo quando não é proferida, dá seu recado; como em um dos contos mais longos da coleção, "Fantoches", repleto de referências históricas e que deixa um gostinho de Sympathy for de Devil ao final. E para quem (como eu!) é fã de seriados, em certas passagens, virá à mente numerosas cenas, especialmente aquelas com a combinação Sangue & Sexo. Impossível não lembrar do psicopata Joe Carrol de "The Following" ao ler “Essas guitarras mais roucas e pesadas me lembram o êxtase com que eu arrancava os corações e olhos daquelas pessoas...”

E, após esses anos todos, Marcelo ainda me surpreende com a criatividade envolvente de seus textos! Não importa se são contos, crônicas ou prosa poética; muito menos se o escritor se confunde com seu alter-ego – o que me faz temer visitar ele e a Celly em Curitiba novamente! –, o que impressiona é a sensibilidade que escorre de suas palavras, ao definir o sentido de sua própria escrita:

“Nasci da loucura de um escritor, morri nas mãos da razão e fui enterrado na total falta de sentido de um texto vomitado às escuras. Hoje [...] vivi na sua leitura e na sua atenção.”
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