Beije-me Onde o Sol Não Alcança

Beije-me Onde o Sol Não Alcança Mary del Priore




Resenhas - Beije-me Onde o Sol Não Alcança


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Ladyce 02/01/2016

Tenho a impressão de que sempre lerei os livros de Mary del Priore com prazer. A história me fascina e meu conhecimento da história do Brasil tem se beneficiado muito com os livros da autora. Continuei sendo beneficiada pelo seu conhecimento na leitura de Beije-me onde o sol não alcança, o primeiro livro de ficção histórica de Mary del Priore. O volume de informações sobre o século XIX, tanto das fazendas cafeeiras do estado do Rio de Janeiro, como sobre a capital do império; o manancial de informações sobre costumes da época desde o aparecimento do espiritismo no interior ou de como um padre local resolveu essa questão; das roupas, da divisão dos escravos entre aqueles que trabalhavam dentro de casa, dos que trabalhavam no campo e dos que vendiam produtos para seus senhores, tudo isso foi fascinante.

Também de grande valia foi saber como os títulos nobiliárquicos eram adquiridos, por quem; que havia homens negros barões; saber dos paralelos entre a escravidão no Brasil e aquela na Rússia; saber como as fazendas cafeeiras de meados do século XIX no Rio de Janeiro eram organizadas, tudo isso foi de uma riqueza tão grande que no momento reconheço que não posso medi-la porque sei que são informações a que poderei recorrer quando e se necessário no futuro.

Mas como obra de ficção esse livro deixa a desejar. Talvez por querer iluminar o leitor com seu conhecimento Mary del Priore perca a oportunidade de fazer uma história mais lesta, mais dinâmica. Muito do que ela passa talvez fosse melhor administrado através de ações, de diálogo. Tenho a impressão de que deu-se uma batalha entre a autora historiadora e a ficcionista. A historiadora venceu. Não perdemos com isso, como leitores, porque a informação continua lá. O que perdemos foi a sensação de que esses personagens (que foram reais) existiram de fato, em carne e osso. Que a vida, dinâmica, feliz e cruel era vivida. Mesmo assim essa é uma leitura é pra lá de interessante.

Não sei se por marketing, por tentar encontrar uma maneira de popularizar essa vinheta da vida brasileira, acho que a descrição da capa “O triângulo amoroso de um conde russo, uma baronesa do café e uma ex-escrava no século XIX”, um exagero. É claro, tudo isso está no texto, mas a importância desse triângulo amoroso não é tão relevante quanto expresso acima. Foi marketing e desnecessário porque a história é ótima, mesmo antes da amante ex-escrava entrar em cena. Fato é que mais da metade do livro se passa sem que ela entre na história.

De qualquer modo, uma boa leitura e muito enriquecedora.

NOTA: Excelentes notas e bibliografia no final da obra.

Claire Scorzi 02/01/2016minha estante
Obrigada pela resenha :)


Clarissa 05/02/2016minha estante
Gostei da tua resenha! Eu gosto muito da Mary del Priore, mas não tive sorte no livro que eu comprei.
Para minha surpresa as páginas enumeradas abaixo estavam em branco, impossibilitando o entendimento da narrativa.
Páginas faltantes: 162, 163, 166, 167, 170, 171, 174, 175, 178, 179, 182, 183, 186, 187, 190, 191.
Espero que a editora faça um recall dos exemplares.




Daniel432 23/05/2018

Oportunidade perdida
Como todo romance histórico o autor, neste caso a autora, tem certa liberdade de criar, de inventar fatos e situações que cubram lacunas e tornem a história mais atraente.

Dito isso, Mary del Priori poderia ter explorado mais a escravidão, o tronco e castigos comumente aplicados aos escravos, mais a dura realidade vivida pelos escravos mesmo no período final da escravidão.

Está certo que era bastante comum o senhor envolver-se com escravas e ter filhos bastardos e essa opção da autora tornou o livro um pouco enfadonho, mas para quem pouco conhece esta parte da história do Brasil sua leitura vale à pena.
May 04/02/2019minha estante
Descordo da sua colocação acrescentando um fato histórico. Com a lei Eusébio de Queirós em 1850 começou a ser mais difícil ter novos escravizados (paulistas aproveitaram isso para contratar mão de obra barata europeia) mas seria muito difícil tu impor o castigo e colocar em risco a vida do escravizado sem a perspectiva de ter outros no lugar. E como é bem trabalhado no livro, começou a ter um terror que abalou a estrutura escravista no fim do século XIX. Então seguindo esse raciocínio, que a autora bordou em seu romance se entende o pq ela não explorou a escravidão mais a fundo.


Daniel432 05/02/2019minha estante
Legal seu comentário Mayara! Não sou historiador mas já li que o fim do tráfico negreiro da África teve como consequência o aumento do tráfico interno do Nordeste brasileiro, onde a monocultura da cana-de-açúcar definhava frente a concorrência do açúcar de beterraba, para a região Sudeste. Ao pesquisar na internet encontrei um site (https://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/lei_eusebio_queiros.htm) onde diz que a "Lei Eusébio de Queirós não surtiu efeitos imediatos. O tráfico ilegal ganhou vitalidade e num segundo momento o tráfico interno de escravos aumentou. Foi somente a partir da década de 1870, com ao aumento da fiscalização, que começou a faltar mão de obra escrava no Brasil. Neste momento, os grandes agricultores começaram a buscar trabalhadores assalariados, principalmente em países da Europa (Itália, Alemanha, por e exemplo) período em que aumentou muito a entrada de imigrantes deste continente no Brasil." Fica a informação e o meu agradecimento por me proporcionar mais conhecimento e oportunidade de discussão. Abraços




Lê Golz 29/11/2015

"O Brasil precisa conhecer seu passado!"
A escolha para ler este livro veio pela curiosidade de conferir uma obra de Mary, que é tão prestigiada em sua carreira como historiadora. Apesar de uma gama de livros publicados, Beije-me onde o sol não alcança, uma publicação recente da Editora Planeta, é seu primeiro romance histórico. Nota-se, em toda a riqueza da obra, a minuciosa pesquisa que Mary fez para escrever o livro, baseado em fatos totalmente verídicos.

Ao ler na capa: "O triângulo amoroso de um conde russo, uma baronesa do café e uma ex-escrava no século XIX", saiba que este é tudo, menos um triângulo amoroso comum. Trata-se de uma história verídica e que fez escândalo nos Oitocentos no Brasil. A história é uma viagem a Paris de Napoleão III e a sociedade do Rio de Janeiro, onde acompanhamos um período que o café era a maior riqueza, até o fim da escravidão, e com isso, a pobreza inevitável dos senhores de café.

Partindo dessa premissa, iremos conhecer os personagens que participaram de uma parte da história do Brasil. Nicota era uma moça recatada e totalmente ingênua, neta de um barão afortunado. Maurice Haritoff, um russo que estava a procura de uma esposa para aumentar sua fortuna. E, finalmente, Regina Angelorum, uma ex-escrava que foi criada justamente por Nicota, após a morte de sua mãe. Com isso, diversos acontecimentos vão tomando forma, desde o casamento inicialmente feliz entre Nicota e Maurice, até a traição.

"Mas ela... ela é quase uma menina. Tão pequena, possui ombros frágeis e pequenos. Pergunto-me se eles suportarão o peso de minha felicidade. (...) Nicothá parece uma criança distraída. Antes de vir embora, segurei-lhe rapidamente uma das mãos e pressionei meus dedos contra os seus. Sabe o que fez? Sorriu e saiu correndo. Você vai achá-la encantadora. E fique tranquila, maman, não é escura." (p. 54)

Mary tem uma maneira singular de escrever, e com todo seu conhecimento de historiadora, descreve muito bem seus personagens tendo como plano de fundo a hipocrisia da sociedade brasileira dessa época. Contudo, apesar disso tornar a narrativa totalmente enriquecedora, ao mesmo tempo torna a leitura um pouco mais lenta em alguns capítulos. Há uma prevalência de narrativa e a quase inexistência de diálogos. Talvez este tenha sido o único ponto negativo da obra. A pesquisa feita pela autora trouxe descrições bem precisas dos lugares e comportamentos dos seus personagens verídicos. Temos quatro narrações, todas em primeira pessoa, de Nicota, Maurice, Regina e um mulato jornalista, este último fictício.

Senti um aperto no coração com a narrativa de Nicota, acompanhando desde os anos felizes no casamento, para a traição e indiferença de Mauricie. Portanto, não temos somente contextos históricos, mas também uma revelação de sentimentos. Sabendo ainda que a autora teve acesso a algumas cartas verdadeiras enviadas por Nicota e Maurice, me compadeci ainda mais da baronesa, pela comprovação de suas palavras. Que história triste! Que raiva senti de Maurice! E, mais uma vez exalto a escrita da autora, que descreveu com afinco um casamento meramente de interesses, onde as mulheres não tinham nenhuma escolha e ainda assim, muitas vezes, acabavam apaixonadas. Ao final do livro, temos as referências usadas por Mary, e as datas exatas das mortes dos personagens.

Além do conteúdo da obra ser maravilhoso, a diagramação não fica atrás. As folhas são amareladas, fonte em tamanho ideal e a revisão impecável e se tinha algum erro passou despercebido. A capa é meio aveludada e perfeita!



Amei a leitura e me surpreendi por ser mais do que eu estava esperando. Acho que nem preciso dizer que o recomendo para os amantes de livros com contextos históricos, mas também, para todos que gostam de conhecer uma história de amor verídica, mesmo que triste! Pelo menos para mim foi triste!

Beije-me onde o sol não alcança fala de amor, adoração, desejo, traição, interesses, fortuna, pobreza, escravidão e de uma sociedade hipócrita. Recomendo de olhos fechados! Como diz Mary, "O Brasil precisa conhecer seu passado".

site: http://livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br/2015/11/resenha-beije-me-onde-o-sol-nao-alcanca.html
Tamara 06/12/2015minha estante
Que bom que não fui a única a sentir a falta de diálogos e a leitura um pouco arrastada, mas a obra é muito boa com a pesquisa. Boa resenha.




Tamara 06/12/2015

Uma história riquíssima em detalhes sobre o Brasil do século XIX
Esse foi um dos livros que mais me causou ansiedade e expectativas durante esse ano. Gosto muito de enredos históricos, e este aliado ao Brasil e escrito pela autora Mary Del Priore, uma grande historiadora de quem já li várias outras obras, deveria ser um prato cheio e um livro maravilhoso. Porém assim que comecei ler percebi que não seria tudo aquilo que eu esperava.
Esse é o primeiro livro de romance da autora, ela já possui vários outros publicados porém todos são apenas de história. E toda essa carga histórica que ela trás durante sua carreira afetou um pouco o romance, uma vez que durante a leitura temos a impressão por muitas vezes de estar lendo algo muito técnico, ao invés de uma história de ficção. Senti por várias vezes uma história muito amarrada, com vários monólogos, sem diálogos para dar uma quebrada na dureza da narração.
Por outro lado o livro é impecável em suas descrições. Essa foi uma das obras mais perfeitas que já li a respeito do século XIX em relação a descrição da época, costumes, pessoas e por vezes até a linguagem comum na época foi colocada no livro. O leitor se sente dentro das fazendas de café, ao lado das mulheres que não tinham voz e dos homens autoritários. Se sente nas festas dos escravos e em meio as mobílias antigas, além de que a descrição da cidade do Rio de Janeiro é sensacional.
Os personagens foram muito bem retratados, porém não me senti atraída por nenhum em especial. Nicota é a típica mulher submissa que sofre por não receber o amor que deseja. Maurice é também um homem típico da época que pensa ser justo traições. Regina, a responsável por criar todo um triângulo amoroso me causou raiva por não evitar as investidas do conde.
A ambientação no rio de janeiro foi muito boa, a descrição das fazendas, dos bairros, do centro da cidade. Já paris que é um dos ambientes em que Nicota e o marido viviam alguns meses não foi tão explorado e senti falta disso.
O livro é narrado em primeira pessoa por três personagens distintos: Nicota, Maurice e um jornalista aspirante a escritor que não tem sua identidade revelada mas que é alguém que convive com Nicota e observa todos os acontecimentos da vida do casal e também ambienta o leitor nos acontecimentos do país. A divisão em capítulos é por lugares, sendo eles: Rio de janeiro, trem, Paris, Redação do jornal e etc.
O título, Beije-me onde o sol não alcança é o que mais me chamou atenção, mesmo antes de eu saber sobre o que tratava o livro. É muito elaborado e criativo, e acaba ilustrando todo o desespero e a carência de Nicota.
Recomendo para todos os leitores que gostam de livros históricos e que desejam conhecer um pouco do Brasil por meio de ficção, e que querem ter em mãos uma obra bem escrita que prende o leitor do início ao fim.
Espero que Mary continue por esse caminho de romances históricos e nos presenteie com muito mais do seu vasto conhecimento.


site: Reflexões sobre a história e mais sobre o enredo em: http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2015/12/resenha-beije-me-onde-o-sol-nao-alcanca.html
MarioLuiz 07/04/2016minha estante
É um romance, porem não é ficção, os personagens, com nomes que parecem fictícios, mas são quase todos reais, talvez não o jornalista, já que a autora usa pesquisa de jornal da época dos fatos ocorridos para ilustrar ainda mais os fatos e usa este jornalista. As cartas escritas são todas de autorias dos personagens reais, leiam o livro alem da bibliografia e encontrarão as explicações da autora.




Vanessa Vieira 10/06/2016

Beije-me Onde o Sol Não Alcança - Mary del Priore
O livro Beije-me Onde o Sol Não Alcança, primeiro romance da historiadora Mary del Priore, se passa na segunda metade do século XIX e percorre Paris, São Petersburgo e Rio de Janeiro com uma riqueza de detalhes surpreendente. Apesar do marketing ter frisado bem o triângulo amoroso da trama, o livro, felizmente, vai além e nos traz o retrato de um Brasil que sofre a derrocada do apogeu do café e vivencia os primeiros movimentos de libertação escravagista. O contexto histórico do enredo é riquíssimo e isso se deve à pesquisa minuciosa feita pela autora e também por se tratar de uma história um tanto quanto biográfica.

Conhecemos a história de três personagens reais, dos quais consta, inclusive, as datas de falecimento nas notas finais do livro. Maurice Haritoff é um conde russo que perdeu o prestígio de seu sobrenome com a queda da dinastia Romanov e parte rumo ao Brasil com o propósito de se casar e refazer o seu nome. A escolhida do conde é Nicota Breves, a herdeira de um poderoso barão do café. Simples, tímida e ingênua, ela não é uma moça de grandes atrativos e até mesmo já não se encontra em idade casadoura. Os anos passam e Nicota não consegue engravidar, nem mesmo utilizando de simpatias e outras artimanhas vindas de Maria Gata, uma escrava que está com a moça desde criança.

Ela ama o marido com cada fibra de seu ser e o seu sentimento é palpável no decorrer da leitura, principalmente por Mary del Priore ter retratado fielmente suas cartas de amor ao esposo, que pertencem, hoje, a coleção da sra. Ieda Borges. No entanto, Maurice não compartilha da mesma devoção desenfreada de sua esposa e tanto em suas viagens para o exterior quanto pelas suas andanças na fazenda Bela Aliança, se envolve em relacionamentos extraconjugais, sempre com moças bem jovens. Porém, é com Regina Angelorum - uma jovem escrava alforriada que foi criada como filha por Nicota - que ele se envolve e se vê completamente apaixonado.

Beije-me Onde o Sol Não Alcança é o retrato do Brasil em meio a uma época em que o império do café sofre o seu declínio, principalmente por conta da abolição da escravatura. É também uma aquarela dos costumes de um período envolto por dramas, infidelidades, ambição, poder, religiosidade e opressão feminina. O enredo de Mary del Priore vai além do triângulo amoroso que nos foi vendido e nos descortina a história de nosso país com maestria e exuberância. Narrado em primeira pessoa por quatro personagens distintos - Maurice, Nicota, Regina e um jornalista mulato que nutre uma calorosa afeição pela sinhá moça - o livro mostrou um cunho histórico soberbo e isso, por si só, já conseguiu ganhar a minha afeição.

"Essa foi a história de uma esposa infeliz, de um marido infiel e de sua amante. De infidelidades feitas de feridas minúsculas, de humilhações, de remorsos e solidão. Do uso e abuso de máscaras. Infidelidades feitas não só de deslealdade amorosa, mas de mentiras. Mentiras sobre quem se é. Mentiras sobre de quem se gosta. As dele, as dela. Essa é uma história triste, sobre a qual todos acham que sabem muito. E nada ou quase nada conhecem."

Maurice, desde o início da história, se mostrou uma pessoa ambiciosa e cega pelo poder. Ele se casa com Nicota sonhando com o título de barão do café e pouco se importa com os sentimentos da moça. Sua infidelidade acontece com naturalidade - afinal, era um costume da época as "diversões extraconjugais"do esposo - e ele nem mesmo hesita em machucar e humilhar sua esposa, se envolvendo com uma jovem escrava que foi criada como filha por ela. Ao meu ver, foi um personagem egoísta e desprezível e que infelizmente não foge do estereótipo dos barões e senhores de engenho da época.

Nicota, mesmo sendo entregue para casar com um homem que nunca viu na vida, acaba se apaixonando. Desde jovem, a moça sofre graves complicações de saúde e em decorrência disto, não consegue engravidar. Ela utiliza tantos métodos medicinais quanto espíritas para auxiliá-la na questão, mas todos eles se mostram em vão. Seu amor por Maurice é abnegado e pungente e por termos acesso às suas cartas para o amado, é impossível não compartilhar com a personagem toda a angústia e desprezo sofridos. Mais do que uma traição carnal, Maurice seduziu alguém a quem ela estimava e amava como filha e isso foi uma punhalada severa em seu coração.

Regina aparece muito pouco no enredo, apesar de ser o pivô do triângulo amoroso. Tal como muitos escravos da época, mesmo na alforria, ela permaneceu na fazenda Bela Aliança por não ter outro lugar ou ao menos padrão de vida para seguir. Sua ingratidão com a sinhá moça que a acolheu como mãe foi muito cruel e, mesmo sabendo que Maurice é tão e até mesmo mais culpado do que ela, acredito que ela poderia ter se desviado das investidas do patrão ao invés de sucumbir na primeira chance, ansiando por um estilo de vida caprichoso e melhor.

Em síntese, Beije-me Onde o Sol Não Alcança se mostrou um livro de teor histórico profundo e um retrato primoroso do Brasil da segunda metade do século XIX. O romance não conseguiu chamar tanto a minha atenção quanto eu gostaria, mas felizmente me deliciei com uma história bem construída, marcada por um forte contexto histórico do período da monarquia, das fazendas de café e da abolição da escravatura. O fato da autora ter intercalado as cartas trocadas entre seus personagens, bem como os folhetins e reportagens datadas deste período, tornaram o enredo ainda mais vivo e real. A capa é simples e nos traz a gravura de uma sinhá moça lendo uma carta à beira-mar e a diagramação está ótima, com fonte em bom tamanho e revisão de qualidade. Recomendo ☺

site: http://www.newsnessa.com/2016/06/resenha-beije-me-onde-o-sol-nao-alcanca.html
Lagrutta 16/12/2016minha estante
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Manurecoder 20/01/2018minha estante
Eu estava procurando dicas sobre o livro e olha quem eu encontro!!! ??????




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Eloiza Cirne 13/01/2023minha estante
Concordo com sua opinião. Tudo muito desconectado.




Euflauzino 24/01/2016

Entendendo o Brasil por um triângulo amoroso no século XIX

Leio livros históricos para compreender meu país, saber de onde vim e quem eu sou. E geralmente, isso não se encontra em livros de história e sim em livros de “alcova”.

Tenho alguns livros de história de Mary del Priore ainda não lidos, mas como fui presenteado com seu primeiro romance Beije-me onde o sol não alcança (Planeta, 320 páginas), resolvi embarcar cheio de curiosidade.

O livro trata de um triângulo amoroso entre um conde russo – Maurice (falido, em busca de um casamento que lhe devolva o prestígio); uma baronesa do café – Nicota (no Brasil o título é questão de poder e dinheiro) e uma ex-escrava – Regina (uma garota que segue a sina daqueles que mesmo alforriados não tinham como mudar de vida).

A premissa é por demais apetitosa, então como não ler um livro assim, baseado em fatos reais (uma bibliografia imensa comprova tal argumento)? Além das personagens principais, há um jornalista, mulato, com desejo de ser escritor – alguém aí conseguiu enxergar nosso grande Machado de Assis? Pois esqueça, porque ao contrário da fina ironia do bruxo do Cosme Velho em relação à escravidão, o jornalista em questão era à favor da restrição da liberdade de negros e suas benesses. O personagem tem uma visão lateral deste enlace amoroso e uma queda por Nicota.

Cartas na mesa, parti para a leitura e tive uma dificuldade imensa até pela metade do livro. Não me adaptei ao ritmo e à maneira essencialmente descritiva, cheia de missivas e diários. Quem me conhece sabe que livros com descrições pormenorizadas não me amedrontam, mas achei excessivo. “Drácula”, que é um romance que me encanta, é engendrado desta forma, com estrutura narrativa similar, embora com “ganchos” que aceleram a leitura. Por outro lado a escrita é de primeira, intimista, poética, cheia de sentimentos, como os de Nicota, que sofre por um amor não correspondido:

“Deslizo num abismo. Uma boca invisível aspira minhas últimas forças. Sinto que afogo, mas dizem que sofro por nada. Que não há causa específica para minha dor... Vivo um sofrimento lancinante, e não é físico. Sofrimento sem natureza ou causa conhecida. É a neurastenia, estrada noturna e sem fim. Estrada sem ponto de chegada e solitária. Morro de dor, coberta de manchas azuis que marcam meus braços. São as manchas de melancolia. Bebo um resto de vida sem sede.”

O porquê deste sofrimento resume-se à pessoa de Maurice Haritoff. Um conde que perdeu a pompa com a queda dos Romanov e precisa de um novo sustentáculo, um novo provedor:

“... vai nos apresentar à família. Tudo indica que se trata de gente muito abastada: barões do café. Só não acredito em antecedentes aristocráticos. Os brasileiros gostam de inventar que têm sangue azul. Uma noiva é tudo de que preciso. Alguém que me abra portas... Sangue, patrimônio, propriedades...”

Num Brasil em construção, ainda monárquico e escravagista, Maurice consegue traduzir muito bem a falsa aristocracia nacional. Como bem escreveu Pedro Calmon: "Em Portugal, para fazer-se um conde se pediam quinhentos anos; no Brasil, quinhentos contos!"

site: Leia mais em: http://www.lerparadivertir.com/2016/01/beije-me-onde-o-sol-nao-alcanca-mary.html
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Clarissa 05/02/2016

Falha na impressão - Verifique se não há folhas em branco
Não tive sorte em comprar Beije-me onde o sol não alcança: uma história de amor no século XIX, da autora Mary del Priore, editora Planeta.
Para minha surpresa as páginas enumeradas abaixo estavam em branco, interrompendo e impossibilitando o entendimento da narrativa.
Páginas faltantes: 162, 163, 166, 167, 170, 171, 174, 175, 178, 179, 182, 183, 186, 187, 190, 191.
Espero que a editora faça um recall dos exemplares.
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Jaque 26/03/2016

Um retrato da sociedade
Gostei muito do livro, mais pelo retrato que faz da sociedade brasileira do século XIX, do que pelo romance que promete. Talvez o título tenha um objetivo diferente do livro, o que não desmerece o seu conteúdo. Não considero que tenha havido um triângulo amoroso, ou qualquer amor entre os personagens, mas a moral, as conveniências e a decadência de um estilo de vida saltam aos olhos. No entanto, o mais impressionante foi ver que, por baixo da aparência de modernidade, muito daquela época ainda está entre nós.
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ritita 27/03/2016

Amodoroooo. História do Brasil na veia.
Minha querida Mary del Priore, agradeço do fundo de minha alma literária e ávida por nossa história. Que LIVRAÇOOOO!
Você, Mary, junto com Isabel Allende me dão orgulho de ser latino americana.
Como é bom ler um livro desta magnitude, e conhecer pessoalmente todos os locais citados aqui no Brasil.
Aos descendentes do baronato do café - um soco no estômago.
O romance, de época - uma filha de barões, feia e sem graça, quase no caritó, que casa-se com um conde russo, é apenas pano de fundo para que Mary possa contar a derrocada do apogeu cafeeiro no Estado do Rio, assim como os primórdios dos movimentos anti-escravistas particularmente em Piraí e Valença, como toda convulsão política da Europa na época. Os personagens e as fazendas citadas no livro são baseados em fatos reais (vide a imensa bibliografia).
Levei um tempo maior para lê-lo, por conta das pesquisas que fiz em paralelo. Juro que tive um orgasmo literário!
Obs.: Nas cidades de Piraí e Valença, ainda existe o casario destas fazendas, inclusive algumas senzalas; abertas à visitação paga.
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Gislaine 12/12/2016

A visão incomoda da história
A sequência fica meio confusa e truncada em função das cartas nem sempre terem assinatura, mas a verdade nua e crua que brota destas linhas chega a ser incomoda! Talvez se soubesse ser apenas um romance fictício não seria tão interessante, por outro lado.
A vida como ela era...
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Sally.Rosalin 25/12/2017

Beije-me onde o sol não alcança - Mary del Priore
Primeiro lugar, eu curto muito Mary Del Priore. Segundo lugar, ela acertou em cheio nesse romance que trata de uma parte do período imperial (século XIX), em particular, do casamento de um nobre russo com uma baronesa do café brasileira. Analisando cartas trocadas por eles e publicações de jornais da época, Mary coloca como pano de fundo a sociedade cafeeira (em alta até a decadência), as transformações da corte e toda influência estrangeira, a questão abolicionista, o ambiente da colheita, das fazendas, dos tímidos avanços tecnológicos e finaliza já citando os coronéis que entraram no poder na transição do Império para a República. A leitura não é cansativa e para os amadores de História do Brasil, fica uma super dica.

site: https://sallybarroso.blogspot.com.br/2017/12/beije-me-onde-o-sol-nao-alcanca-mary.html
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Maria7468 16/10/2018

Beije me onde o sol não alcançou
Realmente esse livro me impressionou muito. Uma narrativa que podemos sentir o que está escrito,como se estivesse lá. Mas o que mais me impressionou no livro,foi o contexto histórico. Muito bom em saber como era meu país na época,como eram vistos na europa,a importância do café. A luta da abolição dos escravos.
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