Trainspotting

Trainspotting Irvine Welsh




Resenhas - Trainspotting


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Arsenio Meira 23/09/2013

à deriva: aqui, lá ou em qualquer lugar



Faz algum tempo que li, e lembro de primeiro ter visto o filme, o que raramente faço (primeiro leio, só depois vou ao cinema ou vejo em casa mesmo.) Mas é sempre assim. Toda vez que leio um livro após já ter assistido sua adaptação cinematográfica, fico tentando reconstituir os passos do roteirista.

É como se eu pudesse entrar na sua mente e descobrir de onde vieram aquelas imagens, o que ficou de fora e o que virou o quê. A leitura vira um jogo de completar.

Ao ler o acachapante "Trainspotting", transgressão em grau completo, do escocês Irvine Welsh, não tive como deixar pensar no caso de "Cidade de Deus", livro de Paulo Lins e filme de Fernando Meireles. (Neste caso, li primeiro o romance, logo que saiu, lembro-me como se fosse hoje. Comprei no Aeroporto, na velha e extinta livraria "sodiler", uma edição de 1999.)

Em ambos, suas adaptações não só tratam de problemas sociais relacionados às drogas, como também há uma clara percepção de que os roteiristas foram habilidosos, pois organizaram com maestria os universos literários de origem, diminuindo o número de personagens e condensando-os numa única história.

Nenhum dos dois livros possui uma unidade, tanto de estilo quanto de narrativa. São vários narradores, cenas autônomas contando pequenos episódios que dão em becos-sem-saída (bons, mas não necessariamente essenciais), resultando num mosaico disforme e tumultuado.

A história, que justifica os livros na categoria romance e não de contos, é construída através fragmentos que não se completam, mas são somados, e mais acentuadamente em Cidade de Deus a aproximação entre enredo e personagens é maior.

Assim, de um modo geral, as obras não se prendem a visão dos personagens, mas, sobretudo, centralizam jovens à deriva, (literalmente), com algo em comum.

Publicado em 1993, Trainspotting conta a história de um grupo de jovens viciados em heroína que perambulam pelos pubs de Leith, subúrbio de Edimburgo. A temática é a mesma do filme: uma aventura junkie dedicada a um público jovem, fãs de Quentin Tarantino, Radiohead e literatura beatnik.

Mark Renton, Sick Boy, Spud, Tommy, Cisne e Begbie são delinqüentes consumidores do mundo pop, que preferem viver aplicando pequenos golpes e furtos a trabalharem em subempregos, como atendente de McDonald’s. Sim, eles possuem justificativas para ser o que são.

Apesar do conteúdo sociológico, com tensões sociais, crises de identidade e sexualidade, o que se sobressai é mesmo a relação de Renton e sua turma com a heroína. A descrição de sensações, porém, é pouco explorada, salvo os dolorosos momentos de abstinência.

A tradução em palavras dos devaneios está mais para uma justificativa do uso das drogas, dada a insignificância da vida, do que pelo prazer proporcionado por elas.

Através de uma linguagem repleta de gírias, ironias e referências pop, que busca a fala característica dos jovens de Edimburgo, Irvine Welsh consegue preservar a coletividade do ambiente.

No processo de adaptação, os roteiristas conseguiram a proeza de amarrar os fragmentos, podando arestas, deixando os filmes redondos, livres para rolar até o fim, mas que para isso, precisou sacrificar a pulsação de Leith, as vozes, preocupações e os laços afetivos tão dilacerados de uma geração de renegados, presentes no livro e fora dele.
Walaceboto 05/12/2014minha estante
Adorei a a resenha, vou ler esse livro


Arsenio Meira 04/02/2015minha estante
Walace, perdão pela demora em agradecer-lhe, mas a culpa desse "novo" skoob, que não mais
nos avisa que comentam nossas resenhas. É um romance outsider que marcou época.
Espero que gostes. Abraços


Deividy 23/06/2016minha estante
li o livro e revi o filme e realmente concordo quando vc diz: "No processo de adaptação, os roteiristas conseguiram a proeza de amarrar os fragmentos, podando arestas, deixando os filmes redondos, livres para rolar até o fim".


Amigo Imaginário 09/09/2021minha estante
Que comentário incrível! Preciso ler Cidade de Deus então.




salles27 17/01/2024

???????
O começo do livro eu fiquei meio perdido com os personagens e os apelidos, depois que me acostumei me diverti bastante com algumas histórias e ao mesmo tempo tive bastante nojo de outras.

Alguns personagens como o Rents são bem complexos e interessantes de acompanhar, mas em algum momento você fica meio cansado de toda essa transição entre eles.
Phil.Surniche 17/01/2024minha estante
Tem a continuação. Recomendo!!!




luke - among the living. 23/04/2021

Maravilhosa a experiência de ler esse livro, fazia tempo que eu não ria, me surpreendia e me divertia tanto como ocorreu aqui.

Deu até mais vontade de ler as sequências logo.
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Abduzindolivros 26/04/2022

finalmente terminei
Livros com temática de abuso de drogas sempre me deixam com dor de cabeça. Até consegui ir até o final desse aqui, mas nem sei como.

Falar em final, acho que o final foi a melhor parte do livro kkkkkk

Sei lá, não me identifiquei em nada, não me marcou, gostei da escrita (muito boa) mas não cheguei a me importar com ninguém
taiane 26/04/2022minha estante
ainda não li o livro, mas já vi o filme e adorei, muitos dizem até que o filme é bem melhor ?????


Abduzindolivros 27/04/2022minha estante
Nunca vi o filme, sei que tem bastante gente que gosta... Do livro eu não gostei muito não, o cara escreve bem demais, mas o tema não me cativa




Mariana 06/05/2021

Um quebra-cabeça escocês que deu certo

"Trainspotting" é a pura nostalgia da década de 80 para o início dos anos 90. As moedas para ligar em orelhões, walkman, fliperama, LP e fitas de bandas foram mesclados com a vida de baixa renda de jovens de Edimburgo.

O livro funciona como uma espécie de relatos fragmentados de personagens que Irvine Welsh criou. Foram tantos nomes que apareceram que tive que anota-los. Durante a leitura, registrei 115 pessoas (não contando os principais) que simplesmente são mencionados e desaparecem sem deixar explicação nenhuma. Alguns eram parentes e muitos (mas muito mesmo) eram amigos e/ou conhecidos que tinham seus nomes comentados e me deixaram pensando: "- Quienhêêê é esse ser?". Fazendo com que me confundisse demais.

Definitivamente, os principais relatos são de: Mark, Sick Boy, Spud, Franco e Tommy. Mas não pense que foi fácil identifica-los no livro, pois eles se chamam por vários nomes e perdi um bom tempo ao descobrir que "Secks" é Sick Boy, "Murphy" é o sobrenome de Spud, "Mendigo" é um apelido para Franco e "Rents" é Mark.

No início da leitura senti que Irvine Welsh descreveu muito bem a personalidade de cada um. Contudo, no final do livro parece que ele se cansou e resolveu escrever tudo em terceira pessoa. A maioria dos relatos foram masculinos e no final do livro houve um "plot-twist" feminino com a personagem Kelly. Irvine começou a contar como era a vida dessa jovem, mostrou em poucas páginas o que ela fazia, sentia, pensava e, simplesmente - do nada -, utilizando uma "varinha mágica da preguiça" parou de falar dela. "- PLIM, PLIM, PLIM! Já escrevi sobre ela. Fim! Agora vou falar de outro personagem que não apareceu no livro para deixar o leitor bem confuso".

O ambiente escocês, inglês e irlandês são relatados inúmeras vezes no livro como: nomes de ruas, bairros, cidades, novelas, canções, times de futebol, estações de trem, números de ônibus, gírias, guerras históricas, festivais, estátuas, passeatas e nomes de Pubs. É possível entrar no "Google Street View" e ver as ruas onde os personagens andavam.

As drogas fazem parte da vida dos personagens principais. A heroína é a preferida, mas outras como: cocaína, anfetamina, ópio, maconha, haxixe, ecstasy e principalmente o álcool também são muito utilizados. Irvine descreve as principais sensações durante o uso da heroína e como a abstinência é pior do que sua sensação de prazer. Diarreia, calafrios, desespero para um próximo pico na veia, enjoo, constipação, impotência sexual, alucinações, depressão e dor nos ossos são descritos com frequência.

Em geral, "Trainspotting" relata como é a vida da classe socioeconômica baixa na Escócia, onde pessoas sobrevivem com seus subempregos e com o desemprego em massa na época. Entre os personagens principais, Mark é o jovem que mais conta como é viver nessa sociedade. Ele é um sujeito bastante politizado, odeia o fato histórico da Inglaterra ter colonizado a Escócia, odeia seus irmãos, odeia seu cabelo ruivo, odeia carne, odeia a classe média e principalmente odeia o que a sociedade impõe: tenha um emprego, uma casa e uma família. Largando a faculdade, emprego e deixando de lado sua família, Mark adora a sensação de se libertar desses pensamentos injetando heroína e fugindo de tudo que considera como obrigação social.

"Trainspotting" narra muito mais que viciados. Existem momentos engraçados, outros preocupantes pelo surto de HIV da época, a falta de esperança em ser "alguém" na vida, abortos, violência contra a mulher, sexo, desemprego após sair do "Ensino Médio" escocês, familiares conservadores, prostituição, estupros, famílias desestruturadas, alcoolismo, xenofobia e muita música. Devido ao excesso de gírias e referências do Reino Unido, os tradutores fizeram um ótimo trabalho em colocar um Glossário ao fim do livro.

Para mim, os relatos foram peças de quebra-cabeça que conseguiram formar essa história única que foi bem dirigida pelo filme homônimo de 1996.

O conteúdo musical durante a leitura foi tanta que até criei uma Playlist no Spotify e no YouTube. Deliciem-se:

Spotify: open.spotify.com/playlist/0mKuUVqJuy33XhGNzLygDD?si=56df921fd8844ec4

YouTube: www.youtube.com/playlist?list=PL3C5ChbkdNvTTYE9GcjIpBMFRHwUNuPKs
Amigo Imaginário 09/09/2021minha estante
Que comentário maravilhoso. Muito obrigado pela playlist também.




Anthoni.Brunetto 24/11/2021

Eu só quero seguir em frente até o fim da estrada
De início achei a leitura meio confusa, pois cada capitulo conta a história de um personagem diferente, às vezes numa narrativa em primeira pessoa de personagens intercalados e às vezes em terceira pessoa desse mesmo personagem.

Com a evolução da leitura a história foca num personagem central: Mark Renton, mas esse momento não fica claro, pois é percebido apenas pelos acontecimentos repetitivos que se desenrolarem em torno dele.

Apesar de não ser uma narrativa que estou acostumado, o livro me surpreendeu. É uma leitura pesada, com muitos palavrões e gírias e a história contada é sobre alguns amigos que vivem em Edimburgo, abusam de drogas e de atitudes inescrupulosas, mas o autor consegue nos prender pela fluidez de sua escrita, pelos diálogos e é claro, pelos personagens.

No fim, nos faz questionar se realmente não estamos exercendo, dia-a-dia, uma atividade sem sentido na nossa vida, o trainspotting na gíria escocesa, algo que seria uma total perda de tempo, afinal, quantas vezes fazemos coisas que nos impõem acreditando que estamos escolhendo a vida, cedendo a uma vida adulta que não faz o mínimo sentido!?
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Chico 12/08/2009

Shait.
Feche os olhos, visualize os rostos e trejeitos da adaptação magistral de Danny Boyle nessas páginas, e garanta a leitura mais ágil que terá em muito tempo, em uma explosão de subversão, adrenalina e absoluta diversão.

And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you´ve got heroine?
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Ivan Picchi 26/10/2009minha estante
livro sem noção de flúido :S leitura a jato :S




spoiler visualizar
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C r i s 26/10/2011

"Protect me from those who wish tae help us."

GENIAL! Trainspotting é um livro obscuro e pesado, forte e agressivo. É claro que não é um livro muito acessível, visto que está recheado de um linguajar baixo e gírias da pior vertente do inglês, que vem a ser a Escocesa. Um livro apresentado de maneira totalmente não-convencional e num formato distinto, pode causar revolta, incita a violência e não deixa de ser um livro sujo. O que não o impede de ser um legítimo masterpiece, uma obra-prima, que abre a mente das pessoas para os becos escuros da mente humana. O livro todo é uma viagem pela obscuridade. Todos os personagens são extremamente bem construídos, cada um com sua personalidade bem marcada e caricata. O Spud é hilário, o Frank é um idiota desprezível, o Sick Boy, a estrela do livro em toda a sua personalidade alpha loki, e o próprio Rents, que é o mais vulnerável de todos, em meio a sua vulnerabilidade, mantém uma agudez de espírito impressionante. O livro não tem nenhuma grande personagem feminina, o próprio autor insinua por diversas vezes que não entende nada sobre as mulheres, com relação a elas os rapazes se mostram confusos e culpados. Um amigo meu disse que o Gollum do Sr. dos Anéis é totalmente extraído de Trainspotting, o anel é para ele o que a heroína é para esses junkies, é verdade. Esse é o segredo da jóia dessa narrativa, todos os personagens se reverindo a si próprios como "nós" por suas diversas facetas. Não tem palavras para descrever o quão grandiosa é essa obra, tudo o que ela apresenta e representa. A clareza no meio da escuridão, tantos questionamentos e visões, e o que vem a ser a melhor parte: os pontos de vista desconcertantes.
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Ivan Picchi 02/11/2009

Tipo assim
"- Porra, a gente destruiu nesse livro caralho!

- ham, tipo... assim, se cê ta dizendo cara?

- Porra Spud! eu to dizendo nao. É ASSIM CARALHO!

- ei, calma ae mendigo, a gente botou pra fudê mesmo

- Quem é aquela muchileira?

- Porra sick, ve se nao fd a introdução por causa de mais uma mulhê!

- é sick, se controla ae , na moral.

- E tu cala essa boca tambem, drogado de merda."


Algum possível e (muito) provavél dialogo de trainspotting; não tem como explicar o livro, mas assim como um dos temas principais (drogas) você se vê viciado e preso na história, e se coçando pra ver qual a próxima merD@ que os dito cujos vão fazer.

Inacreditável como um livro tão caótico e sem sentido pode ser tão bem escrito e viciante.

- Pode crer, esses caras nao sabem nada ainda

- "chim, chimon, elechs nao chabem dxe nadxa"

e vida longa a Renton e seu Gran Finale!

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Dani Américo 22/04/2020

Realista
A história é muito boa, mas vc só termina se você tiver estômago. O autor tem um verdadeiro dom para montar as cenas. Nos primeiros capítulos, a abstinência do personagem me fez ficar realmente enjoada.
A narrativa fala sobre drogas, amizades, amores, família, perdas, crescimento, identidade, luta e luto. Me perdi um pouco no início, pois cada capítulo é narrado por um personagem, cada personagem tem um apelido e por vezes confundia um personagem com o outro. A conexão entre as histórias só aparece lá na frente, e as personalidades causam simpatia e revolta (tinha personagens que eu odiava tanto que ja lia o capítulo deles com raiva). É uma narrativa única e importante.
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milena1118 06/02/2024

Escolha a vida, escolha não escolher a vida
Uma surpresa muito agradável. Chega um ponto da leitura que você apenas tem que admitir que é um bom livro, pois cumpre todos os requisitos de um, embora desafie todos esses aspectos: escrita boa, mas desconfortante -, história envolvente, mas imoral, nojenta, absurda -, personagens interessantes, mas grotescos, detestáveis (menos o spud, estarei com ele nas trincheiras), e o pior de tudo, reais!

Incrível pensar que um conteúdo desse nível pode ter saído da mente de um ser humano, mas gosto da maneira como o Irvine Welsh não pega leve ao escrever as coisas mais perturbadoras que você irá ler em sua vida simplesmente por querer fazer.

Gosto também da maneira como cada narrador tem suas especificidades e da pra perceber, mesmo sem citação de nomes quem é cada um, isso é uma habilidade de escrita muito admirável e faz com que um laço (de amor ou ódio) seja criado com cada personagem.

Adorei o capítulo com protagonismo feminino. É muito bom ver a discrepância entre o universo de drogas e violência dos homens e como eles agem frente a isso e o mesmo contexto aplicado na visão das mulheres. Pena que foram pouquíssimas páginas mostrando isso e acredito que as personagens mais complexas poderiam ter sido muito mais desenvolvidas (principalmente a Lesley com a morte da filha, particularmente foi um plot que me interessou muito).

Enfim, realmente muito bom!
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Naty 04/02/2021

Razoável
É uma mistura de Laranja Mecânica com a pegada dos romances de Bukowski, entretanto acho inferior a esses. Resumidamente são drogados vivendo e fazendo besteira kkk
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Nanda 07/06/2020

tipo assim......
Parece um baseado ruim, mas nem tanto, mas ruim com ctz. Dá uma onda em umas páginas, mas de resto, puxado. Algumas narrativas são horriveis de ler (Franco e Spud) e outras são muito boas a ponto de vc sentir um nojo tremendo de toda a situação. Os dilemas são todos bons principalmente o 67. O delírio com a nenê Dawn é uma das melhores partes. Começo e final ruins, no meio que fica bom mas nem tanto, muito longe de ser um pico.
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Gui 15/05/2021

belo e violento. escolha a sua vida
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