Cris 05/11/2015Completamente sem ar...Foi como me senti ao ler esse livro. Quando se começa um livro da Britainy já esperamos derramar muitas lágrimas e ter o nosso mundo virado aos avessos, mas mesmo assim esse livro ainda me surpreendeu além do esperado. O tema por si só é forte, dois viúvos quebrados que perderam não apenas os companheiros, mas o rumo de suas vidas. Contudo, a trama foi tecida de uma maneira tão delicada e verdadeira, não houve pressa tampouco lentes cor-de-rosa. Nem sempre foi bonito, ou agradável de ler, mas era real e honesto.
E com um enredo espinhoso o livro poderia desandar muito fácil, afinal os dois tinham relações sólidas e eram apaixonados pelos seus companheiros, então a maestria dessa autora novamente se sobressai. Não houve nenhum momento em que senti que eles estavam buscando remendos para substituir o amor que se foi (nem mesmo quando eles estão literalmente fazendo isso, pois você ainda consegue ver o sentimento real entre eles crescendo).
Tanto o Tristan quanto Lizzie estão quebrados, perdidos, cheio de mágoas e sem saber como seguir em frente, são sombras das pessoas que eram. Mas enquanto o Tristan perdeu a esposa e filho, a Lizzie ainda tinha a Emma, o que a impediu de se entregar completamente a dor.
O Tristan no início é detestável, grosseiro, cruel e completamente danificado. Mas acho que assim como a Lizzie vi que por trás de toda aquela má atitude tinha um bom homem, apenas perdido em um mar de dor. Confesso que quando ele tem o colapso ao saber do cachorro meu coração foi fisgado. E depois de cada atitude tosca ele compensava com um gesto de bondade então ficava cada vez mais nítido que ele tinha mais camadas que apenas a do idiota da cidade. E quando ele ajuda a Faye além de ser uma das partes mais divertidas nos mostra que ele é uma boa pessoa. Agora não vou negar que desejei fazer picadinho dele depois do que ele faz com a Emma. Entendo que ele estava com dor, confuso e principalmente, cheio de raiva, mas foi de partir o coração.
A Lizzie não era a típica personagem perfeitinha, ela estava em luto profundo, tão sem rumo quanto o Tristan e tentando as duras penas criar sua filha. Amei que ela era falha, com seus porres, suas choradeiras, porque a tornava real; afinal perder alguém que se ama tira seu chão. Porém, em nenhum momento ela foi uma mãe relapsa, pelo contrário, a cada recaída ela tentava com mais ímpeto melhorar para não sobrecarregar a filha. Ela era uma mulher que teve seu mundo virado de cabeça para baixo e estava tentando muito duramente reconstruir sua vida. Outro ponto que amei é que apesar de toda a dor a Lizzie não era amarga. E meu lado vingativo e rancoroso (é eu tenho um hahaha nem dá pra notar né :P) achou que a Lizzie perdoou o Tristan muito rápido.Porém, entendi o lado dela, a vida realmente parece muito curta para ficar guardando rancores quando você passa por tudo que eles passaram. Mas ela podia ter judiado dele só um pouquinho :D
Os personagens secundários alinhavaram a trama com perfeição. Nem tenho como descrever a Emma, a menina era a maior fofura do mundo. E como não cair de amores por uma criaturinha que adora zumbis e acha monstros fofos. A sua relação com o Tristan era uma das melhores partes do livro, o modo como os dois discutiam e debatiam por tudo e por nada.
A Faye era tão porra-louca, desbocada, sem filtro e a melhor amiga do mundo. O Sam com jeito esquisitão também me conquistou. E o que dizer do sr Heston, ele era aquele tipo de pessoa que lhe dá lições de vida durante o chá com um sorriso no rosto. Amei a relação tempestuosa, mas cheia de afeto da Lizzie com sua mãe. E os sogros da Lizzie não poderiam ser pessoas melhores. Agora, os pais do Tristan foram fenomenais, apoiaram, deram espaço, perdoaram e nunca deixaram de querer ajudar o filho.
Enfim, essa trama foi tão além de falar sobre a dor do luto. Deu uma lição sobre amor incondicional, a não julgar as pessoas pelas aparências e que aceitar as diferenças nos faz crescer e nos torna pessoas melhores. É um livro arrebatador, que vai literalmente tirar seu fôlego; você vai rir, chorar, sentir-se um caco, mas apesar de intensa e em muitos pontos dolorosa é uma viagem que vale a pena. Esse com certeza, é um dos melhores livros que li esse ano e meu favorito da autora.
MAIS DO RECOMENDO!!!!!