Ruan Ricardo Bernardo Teodoro 28/01/2023
Até o pessimismo pode ser útil às vezes...
Nesse livro, Roger Scruton trata acerca de algumas "falácias" que certos políticos e professores podem ter te contado, isto é, visões de mundo que, apesar de aparentemente parecerem ser verdadeiras, são visões de mundo falsas em seu núcleo.
Um exemplo disso é o que Scruton chama de "falácia da melhor das hipóteses".
Vou explicar o que é: sabe quando teu amigo te chama pra fazer algo muito louco e descabido e diz assim "ah, na melhor das hipóteses, a gente vai ganhar só um arranhãozinho, relaxa".
Pois é, se você pensou o mesmo que eu, nós dois temos certeza que qualquer que seja o plano desse nosso amigo, vai dar B.O.
É basicamente isso o que Scruton quer dizer. O mais interessante, contudo, é que essa "melhor das hipóteses" não fica apenas entre alunos do ensino médio. O seu verdadeiro perigo aparece quando nossos políticos (a quem elegemos para defender nossos interesses), tentam ser otimistas "demais" quanto a projetos políticos que podem, "na melhor das hipóteses", trazer o bem comum.
Nessas situações, talvez uma pitadinha de pessimismo seja necessária para promover o bem comum (de forma segura) a todos.
Outro capítulo que me chamou a atenção foi o 4°, sobre a "falácia utópica".
Ah, um aviso, se você conheceu Scruton por "Como ser um Conservador", saiba que aqui ele apresenta ideias muito mais refinadas e que podem facilmente serem apreciadas por um espectro maior de pessoas.
Além disso. Gosto muito como Scruton introduz tão ironicamente seu livro. É deveras de uma sagacidade ímpar. Vou deixar para vocês deleitarem-se por si mesmos:
"A crença de que os seres humanos podem prever o futuro ou controlá-lo segundo as suas próprias conveniências não deveria ter sobrevivido a uma leitura atenta da Ilíada, e menos ainda do Antigo Testamento. O fato de que ela sobreviveu é um lembrete discreto de que o argumento deste livro é totalmente inútil". p. 8