Pamela

Pamela Samuel Richardson




Resenhas - Pamela


26 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Geovanats 13/10/2020

Um clássico!
Como avaliar ou resenhar um clássico? E principalmente um clássico publicado em 1740. Eu gosto de livros de época, que retratam como era a sociedade em outros tempos, o que era costume, o que era aceitável e o que não era. Esse é um livro moralista, sem dúvidas, como era a sociedade na época, mas ao contrário do esperado eu me diverti bastante na leitura.
Ah, esse livro foi incluido no Index, ou seja, a Igreja Católica não permitia a leitura dele!!!!

A primeira metade da história parecia aquele desenho "os apuros de penélope" e foi engraçado ver os desmaios, chiliques da mocinha (as armas que as mulheres tinham na época) e a segunda metade, um guia de bom comportamento para manter um homem feliz (hmmmm, será que ainda não temos esse tipo de livro na estante de auto ajuda?). A sociedade era assim, e assim o livro é. Pode parecer chocante, mas esse livro foi um sucesso. Li algumas resenhas abaixo, de leitoras criticando o comportamento da mocinha, sua ingenuidade e compassividade, e acho totalmente inadequado esse tipo de avaliação, seria como criticar a mocinha por usar saias longas em vez de mini saia. A sociedade era assim, mulheres não tinham direitos e deviam obedecer seus pais e depois seus maridos, que eram escolhidos para ela e não por ela. Isso sem falar nas pessoas cruéis, ou a situação das pessoas de classes inferiores que tinham de se submeter aos senhores. Esqueçam os romances de Julia Quinn, eu já li alguns dela e me diverti, mas são entretenimento, fantasia, não realidade.
E meninas, não se enganem, ter liberdade de escolhas, não significa se adequar a um padrão A ou B considerado aceitável por um grupo de pessoas, boas ou más, e sim, ser feliz com suas escolhas, e quem sabe Pamela era feliz com suas escolhas?
Adriana 27/07/2022minha estante
Resenha perfeita ????????




spoiler visualizar
comentários(0)comente



Luísa Coquemala 23/08/2016

www.velhocriticismo.com
Samuel Richardson não imaginava se tornar um grande autor. O inglês era dono de uma gráfica e, quando viu a decadência desta, optou por outro caminho. A primeira obra do autor, Pamela, foi publicada apenas aos cinquenta e um anos, em 1740. O autor levava jeito para escrever cartas e eis que, quando viu, estava compondo seu primeiro romance epistolar.

Preparando o prefácio da obra, Richardson já deixa claro alguns de seus objetivos (tão caros aos romancistas do século XVIII): “para divertir e entreter, e ao mesmo tempo instruir e aperfeiçoar a mente dos jovens de ambos os sexos”, “para inculcar a religião e a moral de maneira tão agradável”, “para pintar o vício em suas próprias cores, para torná-lo merecidamente odioso; e para mostrar a virtude em sua própria amável luz, tornando-a verdadeiramente adorável”.

Já de cara o livro mostrava ter uma temática polêmica pois, mesmo com a intenção de ilustrar um exemplo virtuosos, o livro foi proibido pela igreja. O enredo é relativamente simples: Pamela, uma jovem de quinze anos, vê sua patroa morrer e fica sob os cuidados do filho desta, Mr. B. Não demora muito tempo, diante da beleza da jovem, Mr. B. começa a assediá-la. Pega em sua mão, dá presentes, diz algo suspeito aqui e acolá. Então, passa ao assédio, forçando uma relação e se aproveitando de sua alta posição social. Vezes seguidas, tenta forçar Pamela a fazer coisas obviamente não desejadas pela personagem. A loucura do patrão chega ao ponto de confinar Pamela em uma segunda casa, sob os cuidados de servos extremamente obedientes! A garota, em uma cena alucinante, tenta fugir, como uma verdadeira prisioneira.

Contudo, seria muito injusto para com o livro dizer que ele não tem mérito algum. Ele é, de fato, melodramático e baseado em um maniqueísmo pouco convincente: Pamela é boa demais e Mr. B. é tão maldoso que, apesar da mudança de comportamento para com Pamela, dizendo amá-la, é inevitável ficar sempre com um pé atrás em relação a ele. Além disso, a mudança de Mr. B. de violento para devoto é muito repentina, deixando tudo ainda menos convincente.

Por outro lado, o enredo e a escrita do livro conseguem envolver e fazer com que se queira ler os acontecimentos vindouros. Para o livro funcionar, nesse sentido, acredito que o mérito cabe à escrita do autor. Richardson desenvolve muito bem o psicológico da personagem – característica que a crítica frisará com frequência. O relato do livro se passa todo através da perspectiva de Pamela e da leitura das cartas escritas por ela. Então, apesar da perspectiva única proporcionada pelo livro, conseguimos entrar na mente da jovem e sentir vivamente seu desespero e suas emoções.

A ideia de Richardson, ao trabalhar com o modelo epistolar, era, além de instruir, também o de inovar. Em uma Inglaterra onde livros como Robinson Crusoé e As viagens de Gulliver eram o sucesso recente, Pamela conseguiu entrar como algo diferente e se afirmou como um sucesso estrondoso.

Prova simples do sucesso do romance foi o aparecimento de paródias por outro grande autor da época, Henry Fielding. Um ano após o lançamento de Richardson, Fielding publica Shamela, a história de uma criada que finge ser santa quando na verdade seduz seu patrão. Posteriormente, e com um trabalho com mais qualidade, menos embasado no de Richardson, Fielding publica também Joseph Andrews, onde o enredo gira em torno do suposto irmão de Pamela, este assediado por sua patroa, parente de Mr. B. A virtude contundente das obras Richardson será satirizada por Fielding e ambos os autores criarão um diálogo intenso através de seus romances – mostrando o interessante caminho de definição e insistente discussão pelo qual o gênero passava.

Desse modo, Richardson consegue marcar presença no incrível panorama de autores ingleses do século XVIII, cuja discussão gira em torno da escrita do que chamam novel. Ao lado de autores como Defoe, Sterne, Swift e Fielding, Richardson marca um estilo único e muito influente para a literatura posterior.


UM PORÉM

Também há aspectos desconfortáveis ao leitor moderno em Pamela, como a naturalidade com que as ações de Mr. B. são tratadas. Por exemplo: a governanta de Mr. B., Mrs. Jervis, apesar de tudo o que vê, ainda tenta defender o patrão. Pamela se vê em uma situação onde, além de injustiçada, não encontra qualquer possibilidade de ação, defesa, ou voz. Afinal, no contexto da obra (o século XVIII), a jovem é mulher, julgada inferior e, portanto, diminuída na sociedade opressora onde vive.

Fica claro, lendo o romance de Richardson, que Mr. B. faz o que faz porque vê sua atitude também como algo “normal”, quase como um direito. Teme o que Pamela pode dizer a seu respeito, mas em nenhum momento chega a perder o sono. E não é para menos: se a virtude de Pamela é recompensada, para o autor, com o casamento, o vício de Mr. B. não é punido em momento algum. Pelo contrário: seu casamento com uma pessoa de outra classe acaba sendo aceito.

É claro que, como mulher, não é nem um pouco difícil me sensibilizar com a situação de Pamela. E isso por um fato óbvio: apesar das leis e dos avanços, o que aconteceu com Pamela ainda acontece com muitas mulheres, mesmo que de uma maneira e num contexto diferentes.

Tentando não extrapolar o bom senso da crítica (este texto definitivamente não tem fins panfletários, mas de estabelecer relações plausíveis), gostaria de fazer uma aproximação. Venhamos, então, ao Brasil do século XXI – por que não?

É problemático pensar que, assim como o assédio estava naturalizado na cabeça de Mr. B., esse tipo de violência também está naturalizado na cabeça de milhares de brasileiros. Alguns ocorridos recentes são, sim, indicativo de sérios problemas para nós. Está tudo ligado. Se um Bolsonaro diz que uma mulher “não merece ser estuprada” e se um Frota é convidado para falar sobre educação, então vivemos em uma sociedade onde isso não gera alarde? Onde está tudo bem agir assim? Onde, como Mr. B., esses homens, apesar do que dizem e fazem, vão dormir tranquilamente? Onde é comum culpabilizar uma garota estuprada por trinta homens? Onde falar sobre estupro ou fazer uma piadinha tosca sobre mulheres é normal? Onde ficar mexendo com mulheres na rua como pedaços de carne é normal? Onde fazer piadas de conotação sexual com a presidenta mulher é motivo de riso e até considerado argumento?

Essas figuras públicas são um indicativo de que há algo a ser resolvido e repensado urgentemente em nossa sociedade, ignorar ou não querer combater isso é fechar os olhos para a representação que tudo isso implica. É fechar os olhos para os problemas de todos os dias. É ignorar a relação entre a população e os representantes que esta escolhe, ou não refletir a respeito das escolhas que o atual governo prioriza. Até onde as vozes das mulheres, hoje, são mais fortes que a de Pamela?

Pamela, acuada, oprimida, sem saber para onde ir ou a quem se dirigir, pode ser eu ou você amanhã. Esse é uma das grandes dificuldades em ser mulher, de lidar com isso em âmbito diário e público, na televisão, nas ruas, nas redes sociais.

Lendo Pamela, lembramos que a função da literatura não é a de apenas apresentar coisas belas e boas, mas também salientar o lado negativo do ser humano: e, claro, nos fazer estabelecer ligações e refletir sobre isso. Assim, é importante ler Pamela não apenas pela questão de história e qualidade literária, mas também porque é um livro que, de uma maneira ou de outra, nos dirige a questões espinhosas que ainda nos cercam.


A EDIÇÃO

A edição lida foi a da Pedrazul. A capa é muito bonita, a folha de qualidade e leve, de fácil leitura. Contudo, a editora pecou na tradução – ela tem vários defeitos e algumas partes que, quando cotejadas com o inglês, tiram praticamente todo sentido da frase no original. Admiro muito a ideia de quem criou a editora Pedrazul, mas cuidado na tradução nunca é pouco. (Ainda não li outro lançamento da editora, então meu parecer é apenas sobre esse livro.)

A Martin Claret também andou publicando o livro, mas não sei se a tradução é a mesma.

De qualquer maneira, a publicação das obras de Richardson é muito importante para o público brasileiro. Que alguém agora encare Clarissa!
Cris 12/04/2018minha estante
Parabéns pelas considerações!!!
Muito eu não sabia e graças a você agora fui presenteada.
Este paralelo também me veio a mente, constantemente no decorrer da leitura.
Triste néh, ainda conviver com tudo isto.
Bj




Dayana116 06/07/2016

Finalmente terminei de ler Pamela! E quando digo "finalmente" é porque foi um alívio concluir a leitura desse livro que se arrastou por dois longos meses. A primeira metade do livro até fluiu com uma certa facilidade, mas a segunda metade foi muita embromação.
O livro é epistolar e a personagem principal, Pamela, é a narradora dessas cartas. Acompanhamos seus infortúnios através da correspondência que ele envia à seus pais.
Pamela trabalha como acompanhante (dama de companhia ou algo do tipo) de uma senhora muito abastada e quando esta senhora morre, Pamela se vê objeto dos desejos do filho desta senhora, Mr. B, que recorre a todo tipo de trapaça pra possuir Pamela (no sentido sexual mesmo). Entretanto, Pamela foge de todas as investidas de Mr. B. com sucesso.
Na segunda metade da história, Mr. B. cansado de suas investidas mal sucedidas resolve que a única maneira de ser aceito por Pamela é propondo o casamento. E é aqui que, para mim, a leitura empacou. Eu já estava bastante incomodada com a submissão e ingenuidade excessivas de Pamela, mas nesta segunda parte do livro essas suas "qualidades" ficam ainda mais evidentes. Além disso, a todo momento Mr. B. e as outras personagem falam sobre a beleza de Pamela de forma elogiosa como se esta fosse a única qualidade da personagem, ou pelo menos, a única que valesse a pena ser mencionada. É claro que este é um livro do século XVIII, escrito por um homem e temos de levar em conta o contexto histórico e o papel subalterno a que a mulher era destinada. Mas é realmente difícil acompanhar certos diálogos sem se irritar muito. Como por exemplo na cena onde a irmã de Mr. B está histérica pelo casamento do irmão com Pamela. Ela lhe pergunta como ele teria comportado se ela própria tivesse casado com o zelador. Ele responde a seguinte pérola: " A diferença é, um homem enobrece a mulher que ele casa, seja quem for; e a adota em sua própria categoria, seja qual for, mas a mulher, embora seja nobre, degrada-se em casamento mediano, e desce a seu próprio posto"."
Não me entenda mal. Não é que o livro seja ruim, aliás, tenho certeza que a história deve agradar a muitas pessoas, infelizmente não agradou a mim. Mas fico satisfeita de ter lido esta obra de Samuel Richardson pelo seu valor histórico e por conhecer um dos autores lidos por Jane Austen.
Érica 24/10/2016minha estante
Nossa.. Estou lendo ainda e tá sendo difícil, doloroso.. Ainda estou na primeira metade e não aguento tanto absurdo e abuso.. Me sinto mal.. Nem queria ler mais, mas quero saber como vai ser até o fim.. Nem ligo de ler spoiler já..


Dayana116 31/01/2017minha estante
Oi Érica, espero que você tenha tido paciência de chegar ao final. É realmente doloroso ler certas cenas.


Maria7667 16/01/2020minha estante
Oi Dayana sofro desse mesmo mal que você passou lendo...na primeira metade eu li achando muito bom toda a narrativa.....mais estou sofrendo para terminar de lê a segunda parte....parei de lê ele por quase um ano e retornei agora mais estar sendo bem difícil....


Dayana116 17/01/2020minha estante
Sim, é uma leitura arrastada (e dolorosa em algumas partes). Eu lembro que na época que eu li eu fiquei com a impressão que o autor ficar repetindo as mesmas estratégias até a exaustão do leitor (por exemplo, aquelas tentativas de seduzir a Pamela). E realmente a segunda parte é muito chata.


Maria7667 17/01/2020minha estante
Sim a segunda parte eu criei ranço da Pamela pq eu não consegui acreditar na bondade repentina do protagonista, então passei a achar ela muito besta.além do que o modelos da escrita em forma de cartas não me agrada da forma como estavam no livros....é o fato kkkkk que ela elogiava absurdamente o seu Mestre....mais entendo todo o contexto no qual a história foi escrita é a época.


Dayana116 18/01/2020minha estante
Verdade!! Muito difícil acreditar q o Mr, B mudasse da água pro vinho daquele jeito. E a ingenuidade excessiva da Pamela dá nos nervos. Vontade de dar uma sacolejo nela. Sobre esse recurso das cartas, acho que seria mais interessante se tivesse cartas de outros personagens, mas que eu lembre é só dela, então a gente só tem a versão dela.
Tem uma cena (acho q do fim da primeira parte) que ela fica trancada na casa e tenta escapar pra enviar um bilhete eu fiquei tsc tsc.


Érica 27/05/2020minha estante
Gente, nunca terminei de ler hahah Larguei e não peguei nunca mais. Acho q hj em dia não tem mais contexto pra um livro desse, só pra quem tem interesse em estudar as obras da época ou o autor, sei lá..


Érica 27/05/2020minha estante
Ah vcs ainda chegaram na segunda parte.. eu peguei ranço da Pamela e de todos os personagens na pri,eira parte logo rsrs


Érica 27/05/2020minha estante
Gente, nunca terminei de ler... larguei e não peguei nunca mais.. não deu não, peguei ranço da Pamela e de todos os personagens logo no início. socorro! Hahah


Maria7667 14/06/2020minha estante
kkkkkk entendo você @ÉRICA


Dayana116 21/06/2020minha estante
hahahaha sim! Muito ranço de todo os personagens desse livro.




spoiler visualizar
comentários(0)comente



Talita 24/02/2016

Pamela ou A Virtude Recompensada
A editora Pedrazul fez financiamento coletivo para lançar Pamela ou A Virtude Recompensada, de Samuel Richardson, com tradução de Rafael Tages. Eu colaborei assim que fiquei sabendo. É um romance epistolar de 1740, e é na verdade um pioneiro entre os romances. Isso seria o suficiente para chamar a atenção de muita gente, mas Pamela despertou minha atenção por Richardson ser, como diz a quarta capa, “um dos autores prediletos de Jane Austen”.

O livro conta a história de Pamela Andrews, que aos 15 anos, pobre, vira serva na casa de uma senhora rica e acaba sob a tutela do filho dela, um aristocrata que vai fazer de tudo para tê-la como amante. Mas o subtítulo não deixa dúvidas: a mocinha fará com que sua virtude prevaleça e vai lutar para que sua honra permaneça intacta. Eu estaria mentindo se dissesse que em algum momento consegui me importar com o destino da protagonista, mas isso não significa que não aproveitei a leitura.

Em sua época, Pamela foi um sucesso gigantesco, claramente influenciando autoras como Jane Austen, que eu já citei, e as irmãs Bronte. Mr. B, o homem que quer vencer a “virtude” de Pam (vou me permitir essa intimidade - é difícil não repetir esse nome 300x), é um protótipo do homem de personalidade difícil que aparece tanto em Austen como nas Bronte. É como se Mr. B. tivesse sido lapidado até virar Mr. Darcy, Heathcliff ou Mr. Rochester. Surge assim uma longa linhagem de homens acostumados a conseguir o que querem. Desse ponto de vista, foi muito divertido ver o escracho total em que nasceu esse modelo de homem: Mr. B é um tarado, é um fanfarrão escrachado, e às vezes quase um personagem que poderia ter saído do Monty Python.

Ri muito na cena em que ele se veste de mulher e finge dormir na cadeira do quarto de Pamela só para poder entrar na cama com ela - tenho certeza que esse lado meio comédia de costumes não passou despercebido nem a Samuel Richardson, nem ao público da época que, pelo menos é o que diz a Wikipedia, chegava a se reunir em pequenos grupos para ler Pamela em voz alta. Acho que o sucesso de Pamela em seu tempo era justamente por conseguir unir a diversão do folhetinesco, que era considerada reles, aos ensinamentos de honra e moral que tanto ordenam as atitudes e os modos da protagonista, considerados desejáveis. O que mais pode nos incomodar hoje em dia - essa moralidade difícil de engolir - parece ser exatamente o que fazia de Pamela um livro possível de ser lido por toda a família inglesa do século XVIII e do seguinte. Sem essa doutrina a orientar o livro, sobrariam apenas a aventura e o escracho do romance, o que, imagino, não seria muito bom nem edificante para as mocinhas da época.

Não tem como repetir, agora, o impacto que Pamela tinha antes, mas ao mesmo tempo a gente não ganha nada se passar a leitura inteira apenas achando aqueles modos absurdos. Em um certo momento do livro, a irmã de Mr. B o confronta quando descobre que ele e sua serva estão casados - pois é, o casório é a recompensa pela virtude - e pergunta o que ele faria se soubesse que ela, a irmã, se casou com um serviçal. Ele diz que são coisas diferentes, e que uma mulher nobre que se casa com um servente está diminuindo o seu nível, enquanto uma mulher pobre que se casa com um aristocrata está se elevando. Quando, por exemplo, eu me lembro do contexto de Orgulho e Preconceito, publicado 73 anos depois de Pamela, penso que Mr.B ali, retrucando a irmã, não estava apenas sendo escroto, estava atestando um fato social – é só pensar que as irmãs Bennet, de Orgulho e Preconceito, precisavam casar porque, como mulheres, não tinham direito à herança do próprio pai, que ficaria para um primo distante. Quer dizer: a mulher foi, por muito tempo, social e politicamente inferior ao homem.

Claro, às vezes eu dei risada de nervoso ao lembrar de quão pior e mais machista o mundo já foi (e aí vem certa dose de pessimismo ao lembrar de quão ruim e machista ele ainda é), mas acho que Pamela acaba sendo uma interessante viagem ao passado, principalmente para quem já tem alguma familiaridade com aquelas autoras inglesas que eu citei. Esse livro foi um dos pontapés iniciais do gênero romance, que tanto nos agrada hoje em dia, e é interessante ver que ele passou por um longo caminho para chegar até aqui - tanto nas histórias quanto nos personagens, que, ainda bem, não precisam ser necessariamente exemplos de conduta.

site: https://ninguemdeixababydelado.wordpress.com/2016/02/24/pamela-ou-a-virtude-recompensada/
Vivi 22/03/2016minha estante
Confesso que li com muita dificuldade...
O fato da história ser escrita em forma de cartas pela personagem, que reconta tudo o que acontece para seus pais, tornou a leitura bem cansativa além de ficar sabendo dos acontecimentos somente pela visão da Pamela. Fiquei bem curiosa para saber como tudo iria acabar, mas não foi fácil terminar.
A edição da Pedrazul é linda, então não me arrependi da compra. É mais uma questão de estilo mesmo.


Jessica602 08/04/2016minha estante
Tô com a Vivi, odiei o fato da narrativa ser por cartas, cansa muito! Fora que a história em si não é boa também.




Iasmin Morais 16/06/2022

Breves impressões
Que livro! O autor nos leva para perto de Pamela e os seus sentimentos e bravuras são tão fortes que parece que estamos vivendo ao seu lado! Que exemplo de mulher! Virtuosa, verdadeira, humilde e forte! Pamela é um exemplo, uma heroína! Sua história é tocante, cheia de reviravoltas e arrebatadora! Vale muito a pena fazer a leitura desse romance! Se tornou um favorito para mim!
comentários(0)comente



Lari 12/11/2022

Dois livros diferentes
Originalmente a publicação se deu em dois volumes e eles são muito diferentes. Tentarei falar sem dar spoileres, apesar de ser um clássico, mas não garanto, por isso, cuidado.
O primeiro livro é simplesmente perfeito dentro da época em que foi escrito. Ele relata a busca de uma criada para manter sua dignidade e aquilo que ela considera mais precioso. Não dá vontade de largar o livro e ele dá uma agonia. Realmente prende.
Enquanto o segundo livro achei muito fraco, a história vira totalmente, a menina forte do primeiro livro vira uma idiota e todos os personagens tem a personalidade alterada e o ritmo se torna absurdamente lento.
Vale a leitura por ser um clássico que retrata sua época, mas o machismo realmente incomoda e muito. No entanto, é o mesmo machismo que encontramos nos dias atuais.
comentários(0)comente



Brunakelle 31/01/2021

Pamela é um livro escrito de forma epistolar, rico em detalhes e exageros, muitas reflexões e reviravoltas. E como um livro do século XVIII é preciso levar é consideração o contexto histórico ao analisar as situações e posicionamentos dos personagens, entretanto no final ainda fica aquele sentimento de que o mal foi recompensado. No geral, foi uma leitura que gerou um misto de sentimentos, em sua maioria irritação, mas válida pelo valor histórico.

Ps: o livro pode apresentar um cenário bem atual, infelizmente.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



lissie 18/02/2022

Opinião conflituosa
Eu li até a metade desse livro e tive uma experiência desagradável. Eu comprei ele numa livraria que tinha na minha cidade e me apaixonei pela estética e a sinopse, mas a leitura em si foi péssima. Eu sei que era um romance de época e é esperado personagens masculinos tóxicos, mas eu detestei ficar sofrendo e sentindo o desespero da personagem principal. E o mais engraçado é que eu não encontrei resenhas suficiente sobre esse livro, seja boa resenha ou péssima resenha.
comentários(0)comente



Andréa Bistafa 07/06/2016

http://www.fundofalso.com
Pamela é um clássico da literatura inglesa, publicado pela primeira vez em 1740. Foi um dos primeiros romances focados mais no caráter do que na aventura, ou seja, trás uma quantidade significativa de costumes e hábitos do século XVII (dezoito).

Quem espera encontrar um romance mais doce se decepcionará um pouco. A trama é bem pesada, precisa ser digerida lentamente, principalmente para nós mulheres, que lutamos diariamente pelo nosso espaço.

Escrito em formato epistolar (cartas), trás um arranjo de tudo que a protagonista Pamela escreveu durante a sua experiencia "romântica". Antes de falar sobre a trama, vamos entender o contexto.

Escrito por um homem (Samuel Richardson), exprime com naturalidade abusos que hoje consideramos terríveis, mas que no século dezoito, eram tratados com naturalidade. A principal é a forma como se oprimiam as mulheres e a pessoas de classe baixa. Para as famílias abastadas, era inaceitável a união dos homens/mulheres de título com trabalhadores.

Pamela tem sua origem muito pobre, e ainda criança é acolhida por uma senhora nobre, que a educa e sustenta com boas coisas. A primeira carta de introdução de Pamela é dirigida a seus pais, notificando os mesmos sobre o falecimento de sua Senhora.
Após essa perda a menina que então tem 15 anos, fica sem saber qual será seu destino, e se alegra ao descobrir que o filho de sua Senhora a manterá na casa e continuará a sustentando. O rapaz tem 23 anos (se não me engano, aproximadamente) e acaba desenvolvendo uma paixão pela menina.

A coisa mais importante, talvez a única, que uma mulher pobre tinha naquela época era sua virtude. Ceder aos encantos de um rapaz antes do casamento levaria a mulher a total ruína. Ruína de verdade, não romantizada como vemos nos romances de época contemporâneos. Sendo assim, Pamela não sede aos encantos do patrão.
Acontece que os libertinos da época também pouco se parecem com os atuais romantizados.

Nota: O protagonista, patrão de Pamela, é tratado durante toda a obra como Mr. B--, sem nome. Pesquisadores acreditam que o seu verdadeiro nome era Mr. Brandon, e o autor pretendia preservar o nome desse alguém da não ficção. O autor era tipógrafo, escrevia cartas para pessoas incapazes de escreve-las, e assim, criou o romance Pamela combinando cartas que haviam lhe despertado interesse. Portanto podemos acreditar que parte dessa trama é verossímil.

Libertino, Mr B, planeja um sequestro para obrigar Pamela a ter relações com ele, saciando assim seu desejo reprimido. Leva-a para uma propriedade afastada e pratica inúmeras maldades com a garota.
Vamos notar que uma atitude dessa era completamente normal na época. A "carcereira" da garota, que a seguia dia e noite (dormia na mesma cama inclusive) era uma mulher, e chega a segurar Pamela para que seu Senhor tente estupra-la. Todos os subordinados são coniventes com os abusos, ninguém faz nada para ajuda-la, e os poucos que tentam são castigados.

Em meio a inúmeras cartas, Pamela vai relatando todas essas atrocidades aos pais, mesmo que nunca envie as mesmas.
Com muita bravura, ela não chega a ser violada, sofre de inúmeros desmaios e aflições. Por ai vemos que grande parte das mulheres da época eram de fato subjugadas, menosprezadas e, pelo menos nessa obra, não vemos nenhuma valente de verdade, feminista ou durona como nas obras de época escritas hoje em dia. Pamela tinha uma saúde debilitada, mesmo no auge da juventude desmaiava sempre que acuada, chegava a responder malcriadamente, mas logo se desculpava já que sua criação submissa regia a maioria de seus atos.

Mas a grande reviravolta do livro está justamente quando Pamela passa a amar Mr B, e você se pergunta como isso pode ser possível! Após muitos percalços Mr B adoece seriamente e desperta na garota o amor que ela não havia sentido antes. A partir dai, seu patrãozinho muda completamente o tratamento à ela, vendo que ela MERECE, pois mesmo com todo o terror psicológico não entregou sua virgindade. Dai o subtitulo (machista) do livro: A Virtude Recompensada. Recompensada pois, um nobre fará de tudo contra a sociedade e a família (uma irmã monstruosa) para casar-se com uma simples serviçal.

"Por que deveria tremer o inocente assim, quando o culpado tem sua mente em paz?"

É muito difícil falar dessa obra, é complexa demais. Senti nojo, repulsa, raiva, passei a gostar e compreender os personagens (quando me ambientei na época) e terminei com um misto de satisfação e revolta com a obra. Me acrescentou uma carreta de conhecimento. Podemos até citar "a cultura do estupro" e com certeza a "culpabilização da vítima".
Outra personagem marcante é a irmã de Mr B, Lady Davers, que tem uma cabeça que, por incrível que pareça, próxima a de muitas mulheres da atualidade, as que dizem "Tudo Puta" sabe?

"Porque não sei como veio, nem quando começou, mas rastejou, rastejou como um ladrão sobre mim; e antes que eu soubesse o que estava acontecendo, parecia amor."

Pelo tanto de complexidade da obra, não posso deixar de refletir no seguinte: tudo que lemos são cartas escritas por Pamela para os pais. Não temos a visão de outros personagens, então existem momentos que não sabemos se de fato o que Pamela escreve acontece exatamente como ela diz. Não conseguimos avaliar por perspectivas se Mr B era o diabo que parece ou o apaixonado do segundo ato. Não sabemos a condição psicológica de Pamela que a leva do ponto onde só vê o negativo dele para o que só vê as qualidades. É como se fossem dois homens diferentes, mimado como todos os homens abastados da época, agia como se pudesse comprar com dinheiro qualquer coisa. Eu só pude atribuir a ele alguma doença mental/emocional, ainda que tenha ficado tocada pela sua "segunda fase" romântica e carinhosa. Retrato dos homens bipolares que agridem as mulheres de hoje talvez.

A edição feita pela editora Pedrazul tem inúmeros pontos maravilhosos. Pausa em alguns momentos a trama para explicações, trás muitas informações no rodapé sobre tudo da época, até mesmo o costume dos horários para as refeições. Palavras que não estavam claras no original não tiveram sua tradução inventada, a obra está como a original e as palavras abreviadas permaneceram assim, levando o editor a citar o que provavelmente elas queria dizem. Obviamente a escrita é rebuscada, em visto da data que foi escrita, porém a tradução é primorosa. É um balde de conhecimento! Leia devagar, aos poucos. Você não se arrependerá.

Nota sobre diagramação
Fonte pequena e menor espaço entre as linhas acarretou em uma leitura um pouco cansativa. Como a formato da trama é epistolar, os diálogos são colocados na mesma linha e entre aspas, então as páginas são completamente preenchidas. Acredito que se a diagramação seguisse o padrão, teríamos uma média de 600 páginas.

"E quão diferente é seu comportamento agora! E eu não parecia estar apaixonada, como ele diz, se eu voltasse; e não seria um tipo de orgulho feminino bobo fazê-lo me seguir até meu pai? Como se devesse abusar dele, porque ele abusou de mim?"

site: http://www.fundofalso.com/2016/06/resenha-pamela-samuel-richardson.html#more
Cris 12/04/2018minha estante
Terminei o livro da mesma forma.
Ameiiii seus comentários




spoiler visualizar
comentários(0)comente



Clube do Farol 08/08/2022

Resenha por Renara @renaradoula
Olá, Clube do Farol!
Estava sumida, né? Mas prometo voltar, rs! Hoje vamos conversar sobre um livro que eu estava LOUCA para ler! Vamos conversar sobre Pamela, do autor Samuel Richardson. A versão que li da obra foi a "maravillinda" feita pela Editora Pedrazul - parabéns! Vocês sempre são incríveis!

Se ainda não contei para vocês, conto agora... Não era muito de ler clássicos da literatura romântica, até conhecer a Bete (chefinha linda que amo!!) e a Pedrazul. Como não amar esses livros? Confira aqui a capa e contracapa!

Mas agora chega de conversa à toa e vamos ao que realmente interessa, né? Em Pamela, o leitor conhece a jovem Pamela - meio óbvio né? Rs. Tá, foco! Voltando ao enredo da obra, a jovem Pamela é uma serva de apenas 15 anos. Sua então patroa vem a falecer, e tudo que ela mais deseja é voltar a morar com seus pais.

Entretanto, Mr. B, filho da sua patroa vem a se apaixonar por ela, e claro que ele não vai deixar ela voltar a morar com seus pais. Pelo contrário, ele faz inúmeras tentativas de seduzir Pâmela. A vontade de Mr. B em seduzir Pamela é tão maluca, que ele chega a falar que vai enviar ela de volta para os pais e termina a mantendo como prisioneira em sua residência em Lincolnshire, vigiada por uma empregada horrível, a Mrs. Jewkes.

Pamela é uma jovem muito forte e determinada, porém boazinha demais. Ela é tão gente boa que não guarda nenhum tipo de sentimento ruim, por pessoa nenhuma!

No que diz a respeito de Mr. B, ele até chega a ser um pouco encantador, porém suas atitudes mudam isso. Repare bem em uma coisa, se a obra fosse escrita em tempos atuais, com toda certeza, seria um livro que sofreria com "mimimi" nas redes sociais. Não estou dizendo que ele está certo - CLARO QUE NÃO ESTÁ! Mas, ao ler uma obra de caráter clássico, devemos nos atentar que para a época (século XVIII) era normal um nobre agir assim com uma mulher que fosse muito abaixo de sua posição social.

Sobre a narrativa, gostei muito da maneira com o autor levou o enredo, confesso que gostei mais do que imaginava.

O que falar da edição? Linda! Espetacular! Uma coisa que achei super bacana (Sim! Eu falo isso), é que o os capítulos são as cartas que Pamela escreveu para sua família e seus pensamentos. Assim sendo, os capítulos variam conforme as cartas.

Foi uma experiência muito boa para mim quanto leitora, poder ler algo escrito por Samuel Richardson. Afinal o cara escreveu o livro que é considerado o "ponta pé" no lance de romances e ainda inspirou autoras com Jane Austen. Bom, vou me despedindo de vocês por aqui!

Espero que gostem... Beijos, Renara

site: http://www.clubedofarol.com/2018/04/resenha-pamela.html
comentários(0)comente



Angel 18/06/2020

Me cansou
A primícia do livro é muito boa , o livro em si é muito bom , só que o autor demorar muito para a conclusão e muitas vezes fica enrolando com coisas que já acontecerem , talvez se o livro fosse menor o autor teria desenvolvido uma história mais cativante .
Obs: minha opinião .
comentários(0)comente



26 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR