Jonas 01/04/2016
Babel
Sarcástico, profanador, poético, crítico, vulgar, malvado, maluco, hermético...
No meu caso, que sou negro, a cor da minha pele não deixou passar ileso por alguns contos. De uma certa forma, estou pintado ali como uma vaca preta numa praça que dizem que eu enfeio, numa casa escura do lado feio do rio separada por uma ponte que não fui eu quem ergui e que serve pra representar um dos tristes estereótipos lançados sobre nós negros: o de ser um objeto / garanhão erótico pra ser degustado ao menos uma vez na vida por alguém que não seja negro (dá pra entender de quem falo...).
A obra é mistura de contos que criam uma teia entre dois mundos: o da superfície e o do subterrâneo onde a fantasia e a realidade se misturam quase o tempo todo pra formar a visão de um mundo desequilibrado mas que se vê no espelho como algo sempre muito bem arrumado. Livro bem diferente. Parece simples, mas não é.