Kennia Santos | @LendoDePijamas 29/09/2018"Você nunca vai encontrar seu futuro enquanto não se reconciliar com seu passado." Título: Doce Perdão (Sweet Forgiveness)
Autora: Lori Nelson Spielman
Classificação: 4,5/5
Hannah Farr leva uma vida confortável: é uma apresentadora de um programa em New Orleans, possui milhares de fãs e namora Michael Payne, o prefeito da cidade. Mas, o que ninguém sabe é que Hannah carrega consigo um passado extremamente cheio de angústia e questões mal-resolvidas.
"Dentro de cada um de nós, existe um alçapão. Embaixo desse alçapão, estão nossos segredos mais sombrios. Nós o mantemos firmemente trancado, tentando, de forma desesperada, enganar a nós mesmos, fingindo que esses segredos não existem." (p.30)
As pedras do perdão viraram uma "mania" no país inteiro. O conceito é: envie duas pedras para alguém que, de alguma forma você causou algum mal. Se a pessoa lhe enviar de volta uma delas, significa que você foi perdoado.
"Às vezes, não há maquiagem que possa encobrir nossos defeitos mais feios." (p.177)
Quando Hannah recebe as pedras, ela apenas ignora e guarda. Anos depois, situações à obrigam a tomar alguma atitude com relação à isso. Ela não quer de forma alguma desenterrar seu passado: é como se ela revivesse toda a dor que sentiu e os erros que cometeu.
Agora, ela se vê nessa encruzilhada entre consertar os seus erros, ou viver eternamente numa fachada de felicidade e plenitude que ela criou para si mesma.
"A verdade é que sou apenas uma menina diante de uma plateia, esperando perdão. Uma pessoa comum, como todo mundo, que só quer ser amada." (p.271)
Em Doce Perdão, Lori Nelson Spielman apresenta aos seus leitores uma história autêntica e repleta se significados. À vista crua pode parecer só mais um drama, mas definitivamente é mais do que isso.
Hannah é o tipo de personagem que se guardou por tanto tempo em um casulo, que quando a realidade bate de frente, ela não consegue reagir ou acreditar. Então ela faz o que sempre fez: foge, foge e foge... mas não é surpresa pra ninguém que, não importa o quanto fujamos de algo, essa coisa sempre vem bater de frente conosco.
"Causamos muito mal quando tentamos esconder nossa dor. Porque, de uma forma ou de outra, ela sempre vaza." (p.270)
O livro traz mensagens importantíssimas sobre perdão, relatadas numa delicadeza que é de partir o coração e abrir os olhos ao mesmo tempo. Eu NUNCA tinha lido um livro que sequer se aproximasse de expressar a importância desse ato, a importância que o perdão tem para que possamos nos tornar seres melhores e deixar de carregar fardos que nos sufocam diariamente.
"Eu sempre imaginei a vida como um quarto escuro cheio de velas. Quando nascemos, metade delas está acesa. A cada boa ação que fazemos, mais uma se acende, criando um pouco mais de luz. Mas, ao longo do caminho, algumas chamas são extintas por egoísmo e crueldade. Então, veja bem, nós acendemos algumas velas e apagamos outras. No fim, só podemos desejar ter criado mais luz que escuridão neste mundo." (p.47)
Foi uma leitura INCRÍVEL, onde eu aprendi muita coisa, chorei, e me questionei sobre quem eu sou, e o que tenho feito. É o tipo de livro que leva o leitor a fazer uma autoavaliação, algo muito importante, afinal nos dias de hoje, quando nos olhamos no espelho, vemos algo que a sociedade quer que vejamos, e não nós mesmos.
Tudo bem que o final foi vago e eu realmente NÃO gosto disso, daí o desconto de meia estrela. Mas confesso que ainda descontei com dó (o que não acontece com frequência) pois houve uma justificativa muito plausível pra tudo aquilo. Eu realmente não entendo o porque de tanta gente engrandecer "A lista de Brett" e ignorar a existência desse. Eu gostei de Brett e traz mensagens importantes, mas NEM DE PERTO é tão autêntico e comovente quanto esse aqui.
Recomendo muito. Se prepare pra se desmanchar em pedacinhos e se remontar após a leitura dessa obra magnífica.
"Um pedido de desculpas não apaga nossos erros. É mais como passar uma borracha sobre eles. Sempre sabemos que o erro está ali, logo embaixo daquela aspereza do papel. E, se olharmos direito, ainda o vemos. Mas, com o tempo, nossos olhos começam a ignorar o erro, e só enxergamos o texto novo, mais claro desta vez, e escrito com mais reflexão." (p.150)