O Feiticeiro e a Sombra

O Feiticeiro e a Sombra Ursula K. Le Guin
Ursula K. Le Guin
Ursula K. Le Guin




Resenhas - O Feiticeiro e a Sombra


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Jess 22/02/2024

Só no silêncio a palavra, só na escuridão a luz
"O feiticeiro e a sombra" é um livro de fantasia, considerado um bildungsroman. É extremamente bem escrito. E, apesar de ser pequeno, consegue ser épico e poético.

Conta com uma mitologia original baseada na magia dos nomes verdadeiros. Ged, o protagonista, explica que todos os nomes são "sílabas da grande palavra que está a ser muito lentamente pronunciada pelo brilho das estrelas".

Nele acompanhamos a jornada de Ged: sua infância, suas primeiras magias, sua educação formal em magia, seus erros e as consequências.

Foi uma leitura agradável e fiquei com muita vontade de ler os demais livros do ciclo de Terramar.
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Jeff.Jammer 23/12/2022

4 Estrelas brilhantes como o bordão de Gued
A história me pegou (que bom!)

Primeiro, o crescimento do protagonista. Uma evolução forte, concreta, originada de um erro, este de uma tolice e essa de imaturidade e orgulho.

E admitamos, a gente não gosta daquele carinha no começo: frio, seco, sério, orgulhoso (chatão, mesmo). Mas a gente ama o que ele se torna: responsável, maduro, humilde e sábio.

História rápida, mas bem contada. A gente ao avançar, até o meio, e passando deste até mais para frente, nota muito claramente que o mundo de Terramar, criado por Úrsula, poderia ter muuuitos mais detalhes, personagens, viagens, línguas, seres, a gente nota que poderia ser equipado a tamanho a Tolkien ou Martin, e não é, e tudo bem. Acabamos por ter então uma fantasia linda, clássica e enxuta. E está ótimo.

Adorei Terramar, Gued, os feitiços, os verdadeiros-nomes, tudinho, tudinho.
Nada para tirar e nada para acrescentar.
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Kamy 08/12/2021

Esse livro é muito bom, gostei muito de acompanhar a jornada do Gued.
O Gavião é um personagem que me cativou muito. Forte, corajoso, poderoso, habilidoso... Entretanto muito orgulhoso, e seu orgulho traz graves consequências.
Outro personagem que gostei muito foi o Vetch, um amigo verdadeiro, leal, disposto a ajudar e enfrentar o que for por seu amigo, muito cativante.
Esse livro só não foi um 5 estralas pra mim porque senti que falta aprofundamento em algumas partes, o livro seria melhor ainda se algumas partes, como o treinamento, fossem mostradas com mais detalhes.
Enfim, foi um livro incrível que amei muito.
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José Vinícius 31/07/2021

Fantasia mais pura e bruta.
Úrsula K. Le Guin escreveu esse livro visando jovens e adolescentes. De fato, o tom que ela usa para contar a história e seus elementos é muito fácil de ser deglutido, é quase como quenouvor histórias contadas numa fogueira. A jornada do personagem faz jus ao que é dito: antes de haver um grande e poderoso mago, havia uma criança pobre, porém curiosa sobre seu poder. Uma história que te leva a conhecer lugares destoantes em menos de dez páginas: uma ilha com campos de pastoreio de cabras, até uma cidade mágica, e depois charnecas cinzentas, até uma praia habitada por dragões. Uma aventura prazerosa, prato cheio para fã do gênero e curiosos. De fato, Le Guin deu origem a conceitos modernos de magia e dragões, bem antes de serem popularizados em outras obras. A adaptação feita pelos Studios Ghibli não é fiel, mescla muitas coisas de vários livros da série, mas sua OST do filme é belíssima e se encaixa perfeitamente com essa história. Sempre leio ouvindo, a imersão é total.
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Jessica 12/08/2020

Sensacional
Tomado de orgulho Gued aceita o desafio de um colega esnobe de invocar o espírito de um morto. Mas Gued acaba por invocar algo que não pertence ao mundo dos vivos, nem ao mundo dos mortos. Agora ele precisa encontrar uma maneira de desfazer o seu erro.
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M@g@ 12/12/2019

Muito bom
Tem aquele toque leve de senhor dos anéis, é um livro bem leve e agradável.
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Kaiame 18/03/2018

Me surpreendi...
Um sopro de ar livre.

Posso dizer que e um livro fantástico, pois, apresentado um personagem que se vê muito especial e por causa dessa visão ele acaba desenvolvendo um orgulho e arrogância enorme, pois, se considera muito especial e esta destinado à grandeza e gloria. Mas por causa dessa mesma arrogância e orgulho acabamos começando a desenvolver uma antipatia pelo personagem.

Conforme vai seguindo a história o Gued que esta cada vez mais orgulhoso e arrogante, achando-se superior e melhor que todos, e por causa disso acaba tendo que pagar um preço enorme.

O primeiro livro nos mostra principalmente o que acontece quando à nossa expectativa são muito grandes e o orgulho com a arrogância faz com que não escutemos conselhos e avisos de quem só nos quer bem, e quando vemos o preço que pagamos e que descobrimos o quão tolo e ignorantes fomos.

Passa uma ideia brilhante para um livro tao antigo e com uma otima moral na história.

"Volto para unto de ti tal como parti, um tolo - disse o jovem, vaz rouca e empastada." O Feiticeiro e a Sombra, de Ursula K. Le Guin
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Raphael.Franklin 17/10/2017

Uma fonte de inspiração
Uma história envolvente, numa escrita quase poética! Pode-se, claramente ver de onde vieram idéias para diversas fantasias atuais!
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Cristina Henriques 06/10/2016

“Olhou para baixo, para os braços magros, molhados com a umidade fria do nevoeiro e sentiu-se tomado de raiva contra a sua fraqueza, porque conhecia a sua força. Havia poder nele, assim soubesse como usá-lo, e buscou entre todos os encantamentos que conhecia, na esperança de encontrar algum expediente que pudesse dar, a si e aos seus companheiros, uma vantagem ou, pelo menos, uma possibilidade. Mas a necessidade, só por si, não é suficiente para desencadear o poder. É preciso também conhecimento.”

“Porque manter na obscuridade a mente daquele que já nasceu mago é coisa muito perigosa.”

“— Senhor, o meu aprendizado quando começa?
— Já começou — retorquiu Óguion.
Fez-se um silêncio, como se Gued estivesse a conter palavras que precisava de pronunciar. E por fim disse-as:
— Mas se até agora ainda não aprendi nada!
— Porque ainda não descobriste o que te estou a ensinar.”

“— Quando conheceres o quadrifólio em todas as suas estações, a sua raiz, folha e flores, pela vista, pelo aroma e pela semente, então poderás aprender o seu nome-verdadeiro, conhecendo o seu ser. E esse é bem mais que a sua utilidade. Ao fim e ao cabo, que utilidade tens tu? Ou eu? A Montanha de Gont é útil, ou o Alto-Mar?”

“Para ouvir, temos de estar em silêncio.”

“Nunca pensaste que o perigo rodeia forçosamente o poder, tal como a sombra rodeia a luz?”

“Antes de falares ou agires, tens de saber qual o preço a pagar!”

“— O sábio não precisa de perguntar, o tolo pergunta em vão — após o que seguiu o seu caminho.”

“— Serão as roupas que fazem o mago?
— Não — retorquiu o rapaz mais velho. — Embora eu já tenha ouvido dizer que são as maneiras que fazem o homem...”

“— Isto é uma pedra. Tolk na Língua Verdadeira — disse ele, olhando suavemente para Gued. — Um pedaço da pedra de que é feita a Ilha de Roke, um pouco da terra firme em que vivem os homens. É ela própria. Faz parte do mundo. Através da Ilusão-Mudança podes fazer com que pareça um diamante... ou uma flor, uma mosca, um olho, uma labareda... — E a pedra ia mudando de forma para forma, à medida que ele as nomeava, até ser de novo pedra. — Mas isto é mera aparência. A ilusão engana os sentidos do observador, fazendo com que ele veja, ouça e sinta que a coisa mudou. Mas isso não muda a coisa. Para transformares esta pedra num diamante, terás de mudar o seu nome-verdadeiro. E fazer isso, meu filho, mesmo a uma tão ínfima migalha do mundo, significa mudar o mundo. Pode ser feito. Sem dúvida que pode ser feito. Essa é a arte do Mestre da Mudança e há de vir a aprendê-la, quando estiveres pronto a aprendê-la. Mas não deverás mudar uma coisa, seja ela um seixo ou um grão de areia, antes de saberes o bem e o mal que esse ato irá acarretar. O mundo está em harmonia, em Equilíbrio. O poder de Mudar e de Invocar de um feiticeiro pode abalar a harmonia do mundo. E é perigoso, esse poder. É terrivelmente perigoso. Tem de se submeter ao saber e servir a necessidade. Acender uma vela é lançar uma sombra...
Voltou a olhar para o seixo e, falando agora com menos gravidade, acrescentou:
— Uma pedra é também uma coisa boa, sabes? Se as Ilhas de Terramar fossem todas feitas de diamante, bem dura seria a nossa vida aqui. Diverte-te com as ilusões, rapaz, e deixa que as pedras sejam pedras.”

“— Estou farto de malabarismos, farto destes truques de ilusão, que só servem para divertir senhores ociosos nos seus castelos e domínios. A única verdadeira magia que até agora me ensinaram aqui em Roke foi fazer fogos-fátuos e algum trabalho com o tempo. O resto não passa de tontice.
— Mas até a tontice é perigosa — retorquiu Jaspe —, nas mãos de um tonto.”

“Gued suspirava por vezes, mas nunca se queixava. Via que, naquela poeirenta e infindável questão de aprender o nome-verdadeiro de cada local, coisa e pessoa, se açoitava o poder a que ele aspirava, como uma pedra preciosa no fundo de um poço seco. Porque é nisso que consiste a verdadeira magia, o dar o verdadeiro nome a cada coisa.”

“Deste modo, é precisamente aquilo que nos confere o poder para operar a magia que estabelece os limites desse poder. Um mago só pode controlar o que lhe está próximo, o que ele pode nomear exata e completamente. E é bom que assim seja. Se assim não fora, a maldade dos poderosos ou a loucura dos sábios já há muito teria tentado mudar o que não pode ser mudado, e a Harmonia perder-se-ia. O mar, sem equilíbrio, devastaria as ilhas onde nós tão perigosamente habitamos e, no velho silêncio, todas as vozes e todos os nomes se perderiam.”

“(...) a majestade da tarefa não era suficiente para tornar menos árduo e árido o trabalho”

“— Costuma dizer-se, Gavião, que aquele a quem um animal selvagem se afeiçoa é um homem para o qual os Velhos Poderes da pedra e da nascente falarão com voz humana.”

“Dizia para si próprio que esses momentos de temor e escuridão mais não eram que as meras sombras da sua ignorância. Quanto mais aprendesse, menos teria a temer, até que, finalmente, investido de todo o seu poder como Feiticeiro, já nada precisaria de temer no mundo, absolutamente nada.”

“Agora que estavam ali, sobre o Cabeço de Roke, o ódio e a raiva tinham-se dissipado, substituídos pela mais absoluta certeza. Não precisava já de invejar fosse quem fosse. Sabia que o seu poder, nessa noite, naquele escuro solo encantado, era maior do que alguma vez fora, preenchendo-o até o fazer vibrar com a sensação de uma força dificilmente mantida sob controlo. Sabia agora que Jaspe estava muito abaixo dele, que fora talvez enviado apenas para o trazer ali naquela noite, já não um rival mas um mero servo do destino de Gued. Sob os seus pés sentia as raízes da colina estendendo-se cada vez mais fundo para o seio da escuridão, sobre a sua cabeça via o fogo seco e longínquo das estrelas. Entre uma coisa e outra, todas as coisas eram suas para as determinar, para as comandar. Encontrava-se no centro do mundo.”

“Há em ti um grande poder que nasceu contigo, e usaste esse poder erradamente ao teceres um encantamento sobre a qual não tinhas controle, e sem saberes como esse encantamento afeta o equilíbrio entre luz e sombra, vida e morte, bem e mal. E foste levado a fazê-lo por orgulho e ódio. Será de admirar que o resultado tenha sido ruinoso?”

“Por um momento, Gued quedou-se imóvel, como alguém que acabou de receber importantes notícias e tem de abrir o espírito para melhor as acolher.”

“Quem sabe o nome de um homem tem a vida desse homem a seu cuidado. Assim, a Gued, que perdera a fé em si próprio, Vetch fizera essa oferta que só um amigo pode fazer, a prova de uma confiança inabalada e inabalável.”

“E finalmente, após aquele longo, amargo e desperdiçado tempo, soube uma vez mais quem era e onde estava.”

“Dessa sombra apenas sei isto: que só um grande poder poderia ter invocado semelhante coisa, talvez mesmo só um único poder, uma única voz, a tua. Mas o que, por sua vez, isso significa, não sei. Descobri-lo-ás. Tens de o descobrir ou morrer, ou pior que morrer... O Mestre falava suavemente e os seus olhos estavam sombrios ao fitar Gued. — Em rapaz, pensaste que um mago é alguém que pode fazer toda e qualquer coisa. Também eu assim pensei, em tempos. E a verdade é que, à medida que o poder real de um homem aumenta e se alarga o seu conhecimento, tanto mais se vai estreitando o caminho que lhe é possível seguir. Até que, finalmente, ele nada escolhe, mas faz apenas, e na sua totalidade, o que tem de fazer.”

“Invocando todo o seu poder num só instante e sem pensar em si próprio, enviou o seu espírito atrás do espírito da criança para o trazer de volta a casa. E chamou-a pelo nome: «Aioeth!» Julgando ter ouvido fracamente uma resposta no seu ouvido interior, prosseguiu, chamando uma vez mais. Viu então o rapazinho a correr, longe e rápido, por uma escura encosta abaixo, no flanco de algum vasto monte. Não havia som. As estrelas por sobre o monte não eram estrelas que os seus olhos alguma vez tivessem visto. E, no entanto, sabia o nome das constelações: o Feixe, a Porta, Aquela Que Gira, a Árvore. Eram aquelas estrelas que nunca se põem, que não empalidecem com o nascer de dia algum. Seguira longe de mais a criança moribunda.”

“Passo a passo avançou, cada passo um esforço da sua vontade e cada um mais difícil que o anterior.”

“Enquanto escutava, a esperança e a desconfiança lutavam no espírito de Gued. Um homem versado em feitiçaria em breve aprende que, na verdade, muito poucos dos seus encontros são por acaso, seja isso para bem ou para mal.”

“As roupas principescas que envergava eram-lhe estranhas, as pedras sobre as quais se erguia não eram familiares e estrangeiro era o próprio ar que respirava. Não era ele próprio, não era o ser que fora.”

“— Não sei o que sou. Tive poder, em tempos. Perdi-o, penso”

“Afinal, um mau caminho pode conduzir a bom fim.”

“Viera até esta torre-fortaleza por acaso e, no entanto, todo o acaso era desígnio. Ou viera por desígnio e, contudo, todo o desígnio apenas se devera ao acaso.”

“. Aquilo que não se conhece, teme-se.”

“De tudo isto, tanto ou tão pouco que queiras é teu.”

“— A luz é que derrota as trevas — disse, com a voz presa —, a luz.”

“Quase cedera, mas, por pouco, não chegara a ceder. Ele não aquiescera. E é muito difícil para o mal apoderar-se da alma que não aquiesce.”

“Tens de buscar o que te busca. Tens de caçar o caçador.”

“Um homem deveria saber a que fim se destina, mas nunca o saberá se não voltar atrás, regressando ao seu início e guardando esse início no seu ser. Se não quiser ser como um madeiro mergulhado e arrastado na corrente, terá de ser a própria corrente, toda ela, desde a nascente até mergulhar no mar.”

“— Os feiticeiros não se encontram por acaso, rapaz — disse Vetch. — E afinal, como há pouco disseste, eu estava contigo no princípio da tua jornada. Está, pois, certo que a acompanhe até ao final.”

“Esse é um pensamento soturno e, espero bem, falso. Julgo, pelo contrário, que aquilo que vi começar, posso ver acabar. De alguma maneira, aprenderás a sua natureza, o seu ser, o que aquilo é, e assim o chegarás a agarrar, a sujeitar, a vencer.”

“Penso que, quando deixei de fugir e me voltei contra ela, essa ação da minha vontade sobre ela deu-lhe forma, embora essa mesma ação a impedisse de se apoderar da minha força. Todas as minhas ações encontram eco nela. É a minha criatura.”

“Invocar uma coisa que não se encontra de modo algum ali, chamá-la dizendo o seu nome-verdadeiro, isso é grande mestria e não se usa levianamente.”

“— Diz-me só uma coisa, se não for um segredo. Que outros grandes poderes existem, além da luz?
— Não é segredo. Todo o poder é apenas um na sua fonte e no seu final, creio eu. Anos e distâncias, estrelas e candeias, água e vento e feitiçaria, a perícia na mão de um homem e a sabedoria na raiz de uma árvore, todos surgem em conjunto. O meu nome, o teu e o nome verdadeiro do Sol, ou uma nascente de água, ou unia criança que não nasceu ainda, tudo são sílabas da grande palavra que está a ser muito lentamente pronunciada pelo brilho das estrelas. Não há outro poder. Não há outro nome.”

“Porto de abrigo, cais, paz, segurança, tudo isso ficara para trás. Tinham-lhe voltado as costas. Seguiam agora uma via em que todos os acontecimentos eram perigosos e nenhum ato era destituído de significado. Na rota que tinham tomado, pronunciar a menor dos encantamentos poderia mudar o acaso, abalar o equilíbrio do poder e dos fados, pois dirigiam-se agora para o próprio centro desse equilíbrio, para o lugar onde luz e treva se encontram. E aqueles que assim viajam não pronunciam uma única palavra imponderadamente.”

“Tive demasiada pressa, agora já não me resta tempo. Troquei toda a luz do Sol e as cidades e as terras distantes por uma mão-cheia de poder, por uma sombra, pela treva.”

“Alta e claramente, quebrando aquele velho silêncio, Gued pronunciou o nome da sombra e, nesse mesmo momento, a sombra falou sem lábios nem voz, dizendo a mesma palavra: «Gued.» E as duas vozes eram uma única voz.
Gued estendeu os braços, deixando cair o bordão, e apoderou-se da sua sombra, daquele seu outro e negro eu que se estendia para ele. Luz e treva encontraram-se, uniram-se e tornaram-se um.”

“E começou a aperceber-se da verdade, que Gued não saíra derrotado nem vitorioso, mas, ao dar à sombra da sua morte o seu próprio nome, tornara-se inteiro, um homem. Alguém que, conhecendo a totalidade do seu ser verdadeiro, não pode ser usado nem possuído por qualquer outro poder senão ele próprio, cuja vida é pois vivida por amor da vida e nunca ao serviço da ruína, da dor, do ódio ou da treva.”




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Geisy 28/07/2016

Antes de Harry Potter existiu o Gavião...
Ursula Kroeber Le Guin (1929-) nasceu em Berkeley, California, e mora em Portland, Oregon (EUA), informa a autora em seu website. Até 2015, publicou vinte e um romances, onze volumes de contos, quatro coletâneas de ensaios, doze livros infantis, seis volumes de poesia e quatro de traduções, além de receber uma gama de prêmios como Hugo, Nebula, National Book Award, PEN-Malamud e National Book Foundation Medal. Dentre as obras de fantasia, destacamos o Ciclo de Terramar, formado de seis livros: A Wizard of Earthsea (1968), The Tombs of Atuan (1971), The Farthest Shore (1972), Tehanu (1990), Tales from Earthsea (2001) e The Other Wind (2001).
O feiticeiro e a sombra, de Ursula K. Le Guin, narra uma aventura de antes de Gued (nome verdadeiro), Gavião ou Dunny (antigo nome dado pela mãe e abandonado após atingir a maturidade) se tornar o maior de todos os magos. Nascido em um vilarejo chamado Gont, Gued desde cedo se mostrava diferente dos irmãos e revelou ter um talento nato para a magia. Com treze anos, é tomado por aprendiz do grande feiticeiro Óguion, o Silencioso; mas, impaciente com os métodos do mestre, escolhe ir para a escola em Roke. E será que, apesar de todos os avisos, Gued tenta um feitiço para invocar o espírito dos mortos e acaba por libertar uma sombra terrível pelo mundo. A sombra sem nome o caçaria por onde quer que fosse, pois seu objetivo era tomar o corpo de Gued e, a partir daí, trazer o mal para Terramar.

DUELO LITERÁRIO
Vídeos toda sexta-feira/domingo sobre Livros, Quadrinhos e Artes em geral!
Blog: http://dueloliterario.blogspot.com.br/
Canal: https://www.youtube.com/channel/UCIlG3BiKp7E7OU7cITrE-vg

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Melian 19/10/2015

Maravilhoso!
Depois de tanto tempo procurando algo que me trouxesse sensação de leitura como Tolkien me trás, (já que hj em dia só se fala de anjos, vampiros e fadas), tenho a indicação por uma amiga que é descendente de portugueses os livros da Ursúla, sofri por não ter versão nacional a venda, mas descobri que ler a versão portuguesa tbm foi ótimo!
Amei o livro, escrita perfeita, envolvente, sem delongas e sem frescuras! Assim como um bom livro de fantasia deve ser! Quero a coleção toda para ontem!
Blanda 18/05/2016minha estante
Descobri o livro pela animação do Studio Ghibli, Contos de Terramar. Ansiosa que para que a coleção chegue logo.




Natália 06/03/2015

Um livro pra vida
O Feiticeiro e a Sombra é um livro com muito mais conteúdo que aparenta num primeiro momento. Ursula Le Guin consegue dar uma lição para a vida com a história de Gued. Em pouco podemos lembrar de Harry Potter no início do livro, uma vez que se trata de um jovem que descobre seus talentos para a magia e parte para uma escola de feitiços. Entretanto, Le Guin consegue fabular uma narrativa mais profunda, com mais discussões subjetivas e morais. É um livro interessantíssimo que eu não indicaria para alguém com menos de 18 anos apesar do título juvenil. Quando cheguei ao fim da história, fiquei meditando por uns momentos sobre a conclusão e percebi que muito daquilo poderia ser levado pra minha vida, para as minhas próprias lutas internas. Realmente muito bom.
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DyMaxter 28/01/2015

OS NOMES VERDADEIROS DE URSULA
Conta-se a lenda de Gued, o maior Arquimago dentre as ilhas de Terramar, da sua infância - quando seu poder era ainda resguardado no pequeno corpo e na inconsciência - à maioridade - quando sua vida, pode hora, já não o pertencia e seu pensamento era unicamente direcionado à sua própria Sombra.

Gued nasceu na aldeia de Dez Amieiros, situada na ilha de Gont, montanha solitária que ergue-se sobre o mar. Ali cresceu ao lado do pai, sempre ausente e concentrado em seu ofício; mas foi com a tia que o garoto para sempre teceria seu destino: ela, vendo o talento nato do garoto, de acordo com o que sua sabedoria permitia, ensinou-lhe os primeiros feitiços. Estes, apesar de simples, provaram-se muito úteis contra invasores vindos do mar.

Assim Gued atraiu a atenção de seu futuro mestre, Óguion, que lhe daria o nome verdadeiro e, por escolha própria do discípulo, o mandaria a Roke, ilha famosa pela Escola de Feitiçaria que lá se localiza.

Mais próximo do encontro com a própria Sombra, Gued - ou Gavião, como dali passou a ser chamado - treinou, e com os ensinamentos e a orientação dos Mestres da Magia rapidamente ostentou fama pela eficiência e velocidade com que aprendia: nisso residia seu orgulho e deste nasceria o próprio medo. Pois assim chegou a noite em que Jaspe, outro aluno notável pelas habilidades mágicas, desafiou o Gavião a invocar um espírito dos que já foram, uma alma do outro lado do Espelho, a Sombra do mundo dos não vivos.

Assim inicia-se a jornada do jovem Gued, que inicialmente foge, corre e busca o exílio do medo, ao qual nunca se aproxima enquanto dele você fugir; mas, após encarar um ninho de dragões, navegar pelos mares do Estremo e lamentar-se pela morte de um amigo, inicia a caça à Sombra.

"A morte de um mago, que durante a sua vida muitas vezes caminhou pelas secas e abruptas encostas do reino da morte, é estranha coisa. Porque o homem moribundo não parte às cegas, mas com segurança, conhecendo o caminho."
— O Feiticeiro e a Sombra

OS NOMES VERDADEIROS DE URSULA

O universo criado por Ursula em O Feiticeiro e a Sombra é muito familiar aos leitores de Christopher Paolini na obra Ciclo A Herança: tanto cá, quanto lá, há uma grande e notável atenção à essência de cada coisa, animada ou inanimada, o nome verdadeiro do mundo. Essa foi uma ideia extremamente criativa e inteligente de Ursula (agora sei que não foi uma criação total e original da mente por trás de Eragon).

A linguagem e o tempo se assemelham a Os filhos de Húrin, obra póstuma de J. R. R. Tolkien. Este se passa rápido e não raro observa-se um avanço de anos em alguns ou um capítulo; aquela é simples e sem longas descrições, porém recheada de frases de efeito, filosofia e elegância.

Em 2006, o Studio Ghibli produziu uma adaptação dos livros Contos de Terramar. A animação, a dublagem, a trilha sonora e, principalmente, a recriação das ilhas e cidades estão belíssimas, contudo o roteiro peca com cenas mal explicadas, como os dragões e a Sombra. Isso talvez se atribua ao diretor Goro Miyazaki, que estreava seu primeiro filme como roteirista e diretor. Se o grande mestre Hayao Miyazaki tivesse participado da produção...

O Feiticeiro e a Sombra infelizmente não foi publicado no Brasil, mas vale a pena baixar o ebook e investir em uma poderosa e sedutora fantasia situada entre terra e mar.

"Não deverás mudar uma coisa, seja ela um seixo ou um grão de areia, antes de saberes o bem e o mal que esse ato irá acarretar. O mundo está em harmonia, em Equilíbrio. Acender uma vela é lançar uma sombra..."
— Mestre de Mão sobre magia de Mudança

site: http://montedelivro.blogspot.com.br/2015/01/resenha-o-feiticeiro-e-sombra-ursula-le-guin.html
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Jonas 26/07/2014

Depois de assistir ao filme de animação do Studio Ghibli, O Feiticeiro de Terramar, fiquei sem entender algumas partes e fui buscar mais informações. Acabei por descobrir que o filme era uma colagem de várias pedaços da série criada por Ursula K. Le Guin.

O livro já foi publicado no Brasil lá pelas décadas de 70 ou 80, mas nunca republicado depois disso. O que é um perda, já que a editora que o tivesse feito durante o auge de Harry Potter iria conseguir faturar uma boa quantia. Foi uma verdadeira saga pra conseguir, mas graças a internet consegui os arquivos pdf da edição portuguesa.

É interessante ver o crescimento de Gued. Desde uma criança destinada a criar cabras, até um dos jovem mágico arrogante por ser o mais poderosos de sua escola, para depois um solitário andarilho em busca de uma resposta.

A coragem do Gavião para enfrentar sua sombra é inspiradora.

Quem já leu Harry Potter, vai poder observar vários elementos do enredo que foram reaproveitados pela J.K. Rowling. Por exemplo a escola de bruxos, a rivalidade entre Gued e Jasper, que remete a Harry e Draco. O Arquimago. A habilidade de comunicar com dragões de Gued, que lembra a ofidioglossia de Harry Potter. O uso de outra língua para fazer esconjuros. E a ligação mágica entre o herói e o vilão e outras mais.

Se bem que não se pode dizer que existe um vilão. O antagonista neste caso é a sombra do protagonista. Uma punição que ele carrega consigo por ter quebrado as leis que regem o universo de Terramar. Os leitores que são muito apegados ao dualismo cristão do bem contra o mal, podem não entender o que se passa com Gued e sua sombra.

Enquanto escrevo esta resenha, já estou finalizando o terceiro livro da série. Ursula é filha de antropólogo e tinha um amigo nativo americano na sua juventude, e todo o conhecimento que ela adquiriu com essa convivência torna sua obra mais rica e fora das convenções da literatura de fantasia infanto-juvenil.
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