Lane @juntodoslivros 16/04/2016Vai mexer com a sua cabeçaTeri Terry é também autora da trilogia Reiniciados, mas esse é meu primeiro contato com a autora. Em Jogos Mentais a autora brinca ao mesmo tempo com a distopia e a ficção-científica. O mundo sendo controlado por uma empresa e um mundo virtual sendo o novo brinquedo da humanidade.
O mundo vive conectado, as pessoas passam cada vez mais tempo plugadas em seus PPI (Ponto de Plug-In), onde podem se conectar ao mundo virtual, chamado de Temporeal. Estudar, divertir-se, trabalhar, entre tantas coisas mais está se tornando comum de serem feitas no modo virtual. Ainda existem escolas, mas a maioria das atividades é feita virtualmente nessas instituições. Aos 10 anos, as crianças já ganham seu primeiro Implante Educacional da empresa PareCo e podem ficar conectadas para tudo. Dificilmente você encontra crianças nessa faixa etária em passeios ou brincando na rua, pois a conexão virtual limita cada vez mais o contato físico. Estar conectado lhe dá a opção de fazer tudo, por que sair de casa então?
Mas existem aqueles que se recusam a estar conectados: Recusadores por Exceção Religiosa e por Exceção Médica. Porém, o governo quer eliminar o ensino médio e deixa-lo totalmente virtual no Temporeal. O que acontecerá com os Recusadores?
Nossa protagonista, Luna Iverson, é uma Recusadora, mas por nenhum motivo de Exceção. Ela simplesmente não quer estar conectada, isso faz dela uma Lunática. Luna Lunática. Uma párea social. Seu pai acha que ela é uma Recusadora por conta da morte de sua mãe, Astra. Mal sabe ele que o motivo real é bem pior que isso...
Luna sempre se achou diferente. Até descobrir que as sensações que sentia ao estar conectada eram totalmente diferentes de qualquer outra pessoa.
"Durante anos pensei que fosse assim com todo mundo. Quando descobri que não, que para todos os outros o mundo físico desaparece e isto aqui é tão real quanto tudo o que há nele, quase me expus. Mas Nanna me alertou que isso deveria ser segredo. Naquela época não entendi o porquê eu tinha uns seis ou sete anos? Compreendi anos mais tarde. Algumas vezes, ser diferente não é nada bom." Página 39
Por que estar nos dois mundos torna isso uma habilidade perigosa para Luna? Isso ela vai descobrindo.
"Será que dois testes podem realmente mudar tudo? Os números de Nanna dizem que sim: 1 é um novo começo. 2 é uma escolha que deve ser feita." Página 82 e 83
Apesar de Luna ser uma Recusadora, ela acabou conseguindo uma vaga para fazer o Teste, um tipo de seleção para vagas em universidades e estágios. Se você for bem nos testes poderá conseguir um bom estágio e ir para uma boa universidade.
Será que fazer o Teste é realmente algo bom para alguém que tem um segredo? Luna vai entrar em mundo que desconhecia ou ignorava até então. Não se pode confiar em ninguém. Um inimigo secreto acaba se revelando aos poucos e se tornando mais perigoso do que ela imaginava.
No início, Luna parecia uma garota bem diferente. Bacana e até moleca, mas eu comecei a ver que através dessa fachada se escondia uma garota que só queria ser aceita e ela acabou ficando um pouco irritante para mim, pois ser diferente parecia significar ser o centro de muita coisa. Apesar desse momento chato de Luna, o livro vai fluindo e nos relevando muita coisa sobre o passado de Luna. Um passado que ela achava que era apenas um sonho.
Muitos personagens vão aparecendo e complementando a nova fase da vida de Luna. Um deles é o Gecko, um PHacker. Esse tipo de hacker consegue manipular o vácuo que existe no sistema virtual. O tipo de hacker muito perigoso para a empresa PareCo.
Gostei bastante da leitura. O livro critica a inserção cada vez maior das pessoas aos mundos virtuais esquecendo-se que o mundo físico também é divertido e até mais saudável. A interação entre as pessoas se restringe ao superficial do que você gostaria de ser e não do que você realmente é. Temos também o padrão no modo de vestir, estar na moda é vestir as mesmas roupas para fazer qualquer atividade. Qualquer semelhança não é mera coincidência. ;D
site:
http://www.lagarota.com.br/2016/03/resenha-jogos-mentais-teri-terry.html