Gilles Dorneles 04/02/2016
Radiografia do Brasil - Rachel Sheherazade
O Brasil Tem Cura de Rachel Sheherazade é um livro minuciosamente preciso e compacto. Ela com certeza trouxe-nos um parecer bem conciso sobre as mazelas que assolam nossa nação, mas ao mesmo tempo tão importantes para uma nação suspirar soberania. Além de apresentar também os seus problemas origináveis, das fuziladas bases/colunas que uma nação precisa para caminhar ou ao menos permanecer em pé.
A Rachel traça uma falha inicial bem nas nossas raízes, a partir dos nossos pais colonizadores, do seu caráter tirano e ambicioso, do menosprezo pela riqueza abstrata da nação bebê Brasil, em função de uma avareza egoísta da nobreza portuguesa. Trataram o novo Brasil como uma espécie de sanguessuga, sem interesse nenhum em estabelecer vínculos nas terras e nascer um povo/terra com valores. Eles tinham o Brasil como uma espécie de trampolim, fazer riqueza e voltar para sua nação de origem. Posteriormente passaram a enviar todo tipo de mau caráter de Portugal para a recente terra brasileira, pessoas condenadas eram mandados para as terras brasileira como exilados a uma prisão sem cela, tido por eles como algo desprezível. Convenhamos, imagine o tipo de gente que se alastrou por aqui nos primórdios, suas motivações e ações, suas índoles e seus descendentes. Sem falar nas Capitanias Hereditárias, comandos de faixas longas de terras a nobres da coroa portuguesa com o fim de estabelecer governo sem supervisão nenhuma, mandava quem tinha mais produção, com isso passaram a ter privilégios da corte de escravizar índios, distribuir terras e administrar a justiça.
Com todas essas origens putrefatas e mesquinhas construiu-se uma identidade nacional decaídas de falhas e povos desmoralizados, pessimistas, conformistas e aquela clichê de sobreviver o mais apto, embora tenhamos uma riqueza concreta e visível, padecemos de uma obscuridade extremamente negativa de nós mesmos, como bem cita o livro em questão, ao dramaturgo Nelson Rodrigues: “o brasileiro é um Narciso às avessas, que cospe na própria imagem” e diz frases perpétuas em suas mentes vorazes do tipo que todo mundo já ouviu: “O Brasil não tem jeito!”, “É daqui pra pior!” e por aí vai.
“Nivelamo-nos, todos por baixo. Aceitamos a pecha de ‘povo desonesto, preguiçoso, avesso ao trabalho e à leitura’, e nos convencemos de que nossas únicas vocações possíveis são o futebol e o carnaval, verdadeiros ‘orgulhos nacionais’. Aliás, comumente confundimos a paixão pelo futebol com amor a pátria, por isso nosso patriotismo só aflora de quatro em quatro anos, quando a seleção verde e amarela entra em campo na Copa do Mundo; um patriotismo fugaz, volúvel, que esmorece e sucumbe quando a derrota bate à porta” – O Brasil tem cura, Rachel Sheherazade, p.38.
Tão necessário de nos curarmos é admitir que estamos doentes e nos permitir mudarmos nossas mentes e visões conhecendo-nos a nós mesmos a partir de uma máxima: nossa culpa. Buscarmos o conhecimento a sabedoria de causa e o pensamento alargador das ideias é um grande ponto de partida.
A partir de então Rachel mergulhará nos sintomas, tais como educação, armas, maioridade penal, corrupção, desemprego, racismo cristão, leis, manifestações, violência e demais males e vilezas da nação apontando as falhas e ao mesmo tempo introduzirá o tratamento, o bom e as peças certas para a locomotiva andar, com uma mudança de pensamento e um otimismo simples, mas transformador.
Ótimo Livro!