Itin | @merasliteratices 31/01/2021Isaac Asimov não é meu escritor de ficção científica favorito, seu estilo narrativo por vezes datado, contrasta por exemplo com o realismo tecnológico de Arthur C. Clarke, que nos brinda com as melhores explorações espaciais que a literatura já experimentou. Asimov porém criou várias das obras mais famosas do Scifi, que acabaram por moldar e influenciar o gênero.
'O Cair da Noite' é considerado por muitos uma de suas obras mais importantes e impactantes. Se trata de um conto curtinho, que narra a história de um planeta com seis sóis, que irá presenciar um eclipse "pela primeira vez". Por trás disso, todo medo do escuro, do fim do mundo e de uma amedrontadora profecia sobre supostas estrelas que espreitam na escuridão, vem à tona.
Um exercício recorrente que a ficção científica faz, tendo Asimov e Clark como pioneiros, é imaginar como seriam outros planetas situados em diferentes lugares do universo, usando como princípio nossa filosofia científica, a história e nossa evolução biológica.
Em poucas páginas, Asimov discorre sobre as teorias daquela civilização em explicar os Sóis, e tentar entender o que seriam as hipotéticas "estrelas". Debates cientifico-filosóficos, refutações de teorias e a batalha entre a razão e os dogmas religiosos são ingredientes que compõe essa obra prima.
Experimentos realizados para simular céus escuros (que eles nunca viram) e as estrelas, e debates sobre o "centrismo" do universo, são alguns dos ingredientes que mostra os passos que uma civilização deveria passar nas primeiras tentativas para compreender a natureza (como fizemos, criando as mais variadas linhas de pensamento e paradigmas científicos).
Em poucas páginas, Asimov filosofa sobre nossa própria condição de sociedade. Em como nossas crenças são centradas no pouco que conhecemos do universo e como tudo poderia ser completamente diferente se nos localizássemos em um outro ponto qualquer do cosmos!