Juh Lira 26/12/2017Doctor Who: Cidade de Morte e 4th Doctor é rei!Depois do maravilhoso Shada de Douglas Adams, Cidade da Morte (City of Death) publicado pela Suma de Letras em 2015 foi a minha última leitura do universo whovian também do mesmo autor.
A história se passa em Paris no ano de 1979 quando o Doctor (Tom Baker) leva a sua companion Romana (Lalla Ward) para um passeio agradável pelas ruas parisienses. Mas como tudo na vida do Doctor sempre se complica, acontecimentos estranhos cruzam os dois na figura sombria e misteriosa do conde Carlos Scarlioni e um experimento perigoso com o tempo que o mesmo financia. Além disso, o conde estaria tramando um roubo da mais famosa pintura de Leornado da Vinci para um fim desconhecido: A Monalisa. Como sempre, apenas o Doctor e Romana se tornam as únicas esperanças.
Cidade da Morte é considerado o arco de Doctor Who mais visto e reprisado da série. O enredo foi concebido originalmente de uma ideia de David Fisher, no qual Adams e Graham Williams aperfeiçoaram e concluíram a história para as gravações. A novelização de James Goss - autor que já escreveu diversos romances de Doctor Who como o já resenhado no blog Quando Cair o Verão e outras Histórias - é satisfatória e bem feita, porém deixa a desejar se comparada com a adaptação romanesca feita por Garret Roberts com o roteiro de Shada. O autor acrescentou diversas cenas não originais ou cortadas do script para a TV, no que ajudou mas ao mesmo tempo atrapalhou o ritmo narrativo da história, deixando capítulos confusos por tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, e algumas cenas desnecessariamente lentas.
Um ponto que chama muito a atenção é que Paris é basicamente um personagem na história, pois tanto Adams quanto Goss dão muita ênfase a diversos pontos turísticos, costumes e cultura parisiense sempre com humor, ironia e algumas tiradas bem engraçadas - a cena do Le Patron no restaurante é emblemática e uma alfinetada típica de ingleses na frieza e indiferença dos franceses quanto a situações absurdas.
O vilão Conde Scarlioni lembra o vilão Skagra do já mencionado Shada, tanto pelas descrições físicas e atitudes maldosas. Contudo com o plot twist do enredo, descobrimos que o segredo de Scarlioni e seus reais objetivos são bem mais malignos do que aparenta. No entanto, o enredo não é complexo comparado com outros arcos e episódios de Doctor Who, incluindo os da série atual - mas é realmente bem divertido.
Como sempre o melhor do livro é o Doctor e dessa vez sua companion Romana II, que se mostrou bem mais simpática e carismática do que a Romana I - para quem não sabe, ela é também uma senhora do tempo. No meio do caminho, um detetive britânico chamado Duggan acaba se juntando aos dois para impedir o conde Scarlioni de executar o seu plano.
nicialmente é de se pensar que o detetive não é muito esperto e apenas um brigão. No entanto, no final, tanto o Doctor quanto Romana percebem que sem ele, eles não teriam conseguido salvar o planeta Terra - às vezes um soco na cara pode ser tão eficiente quanto um plano mirabolante gallifreyniano.
Para minha alegria, pois adoro os episódios históricos de Doctor Who, nosso querido 4th Doctor visita (ou tenta visitar) Leornado da Vinci quando ele estava ainda pintando a Monalisa, sendo este o capítulo mais divertido e engraçado de toda a história. O humor do 4th Doctor está bem mais afiado e aqui ele está muito mais brincalhão e cara de pau do jeito que todo mundo gosta - o mais engraçado é ver Romana também aprendendo essas habilidades úteis.
Eu tenho, porém, algumas reclamações quanto à edição brasileira. Encontrei alguns erros de concordância no texto e de diagramação na minha cópia bem bobos, mas que a editora deixou passar antes da publicação. Talvez a Suma já tenha corrigido para uma segunda tiragem, pois eu comprei pouco tempo depois do lançamento quando fui na CCXP de 2015. Contudo, eu adorei as artes que aparecem no meio do livro com uma citação, além da foto do Tom Baker e da Lalla Ward na folha de rosto.
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