Camila 04/03/2023
Um dos meus lidos de janeiro e sinto que é um livro necessário para todos. Onde o autor por meio de um romance histórico, apresenta-nos a mulher nesta sociedade e seu papel no sentido da guerra.
O que de início pensei tratar-se de uma obra que tratasse apenas da visão da mulher, foi muito além, uma busca de identidade. Sendo narrada a partir de dois pontos de vista: Imani, uma garota africana, que diferente do resto de sua tribo continua a apoiar os portugueses, o que a faz não pertencer a lugar algum- o próprio significado do seu nome explica muito ?Quem é??; e o Sargento Germano, através das cartas, inicialmente mais profissional que com o tempo passou a ser mais um desabafo de suas vivências e sentimentos.
Tendo que passar bastante tempo juntos, pelo fato de Imani ser a única a entender a língua portuguesa, começaram a existir fortes laços entre eles. Ao meu ver o que os liga é a busca por identidade, os dois estão nesse processo, Imani por ser uma mulher, julgada pelos que estão a sua volta e Germano e foi praticamente jogado em terras desconhecidas, e é perceptível com o decorrer do livro esse crescimento das personagens.
Outro ponto que me marcou bastante foi uma citação ?A diferença entre a Guerra e a Paz é a seguinte: na Guerra, os pobres sâo os primeiros a serem mortos; na Paz, os pobres são os primeiros a morrer. Para nós, mulheres, há ainda uma outra diferença: na Guerra, passamos a ser violadas por quem não conhecemos.?, na minha opinião bastante forte, mostrando ao leitor as dificuldades passadas não só na guerra mas no cotidiano, onde os vulneráveis são os primeiros a cair, e dentro disso encontram-se as mulheres, subestimadas pela sociedade e massacradas por ela.
Um livro com metáforas e rico no que traz, aquele que a cada releitura é tirado mais ensinamentos e novas visões.