Brina.nm 06/11/2015Resenha premiada: Birman Flint e o mistério da pérola Negra. Em uma manhã fria, Birman Flint, um gatuno repórter do jornal Diário do felino, é informado de um assassinato muito curioso, ocorrido na noite anterior, perto das docas. Um pequeno camundongo, foi morto por um golpe certeiro e quase fatal, mas que lhe garantiu o tempo necessário para se abrigar onde encontrariam seu corpo, e as misteriosas pistas que ele deixou para encontrarem seu assassino.
Esse camundongo, era Karpof Mundongovich, um agente imperial Rudanês, que ao que tudo indica estava em uma missão especial, que nem o governo de seu país desconfiava, e que acabou muito mal. Suas pistas são enigmáticas: uma cobra feita com seu próprio sangue, em volta de sua medalha imperial, que representa a honra e dedicação ao seu líder Czar, e um caderno com anotações e símbolos desconexos, que não fazem nenhum sentido algum a qualquer observador local.
Caberá a Flint, com a ajuda de seu amigo camundongo Bazzou, e do detetive Galileu Ponterroaux, embarcar rumo a Rundânia, para investigar as pistas deixadas por Karpof, e descobrir o motivo de seu assassinato.
Birmam Flint e o mistério da pérola negra, é o primeiro livro de uma série, que acontece no ano de 1920 em um mundo bem parecido com o nosso, com a única diferença de que são animais que o habitam.
"Um dos dedos da pata dianteira esquerda embebido em sangue, apontando para a medalha presa à fina corrente que arrancara do próprio pescoço, quem sabe num último gesto, deixando-a ali propositalmente rodeada pelo círculo, não um círculo qualquer, mas linhas feitas com o próprio sangue cuja forma surgia diante de Birman Flint como um ser assustador, quase demoníaco, arrancando um miado surpreso do gato ao deparar-se com a figura.... - uma cobra...."
Nesse primeiro livro, vemos um ‘mundo’ completamente novo, mas bem parecido com o nosso em alguns aspectos. Esse mundo descrito pelo autor é perfeito, por meio de uma narrativa criativa e fluida, o cenário se constrói diante de nossos olhos, e somos apresentados a detalhes históricos, de culturas, seitas ocultas, detalhes místicos, que me fizeram pensar de onde o autor tirou tanta criatividade, pois quando você lê, parece que tudo é muito real. Tudo isso da um ar tão fascinante na história, que é impossível você não ficar imaginando tudo isso depois, e principalmente, ficar brincando de criptografar frases em Uruk.
Tenho que ressaltar a linda edição desse livro. A capa é linda, toda escura e representando alguns personagens importantes na história, e por dentro, temos essa ilustração do brasão da dinastia Romromanovich e da sua árvore genealógica. O acabamento do livro também é ótimo, as páginas são amareladas e com uma fonte ótima para não cansar a vista.
A história é completamente repleta de aventuras e mistérios. Com apenas algumas anotações que a princípio não fazem sentido algum, eles vão descobrindo enigmas ligados a seitas, religiões antigas, conspirações políticas, e passados que muitos julgavam ser apenas uma crença se revelando como verdade.
"É o que costumo dizer, jovem camundongo, confie sempre no destino. Neste caso, refiro-me aos meus informantes espelhados por cada canto dessa cidade maldita."
O ritmo do livro é bem fluido, todo narrado em 3ª pessoa, o que da uma visão mais ampla para o leitor, a fim de compreender as coisa que os personagens não percebem a primeira vista. Mas é a partir da página 100 mais ou menos, que tudo fica completamente eletrizante, pois o leitor é jogado na investigação com os personagens, e fica completamente eufórico para descobrir o quão grande é o mistério que envolve a morte do camundongo.
O que mais gostei aqui, é que o autor não se apressa em lhe dar todas as explicações para os mistérios, são pequenas pistas aqui e lá que o repórter e seus companheiros descobrem que contribuem para solucionar o que está acontecendo, que se mostra algo muito mais grandioso que somente um assassinato qualquer, e que pode mudar o rumo do país e das coisas que conhecem até hoje.
"E o final, quando muitas coisas são reveladas, você fica temendo pela vida do repórter e seu amigo, pois estão envolvidos até a cabeça com uma coisa muito mais grandiosa do que esperavam, e fica naquela ansiosidade, de ler o próximo logo, e descobrir se vão conseguir sair inteiros dessa ou não."
Seu instinto como repórter dizia-lhe que havia ali uma boa história, muito embora não conseguisse imaginar o quão profunda poderia ser.
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http://www.gordinhaassumida.com.br/2015/11/resenha-premiada-birman-flint-e-o.html