Sueli 28/01/2016
O Penúltimo dos Canalhas...
Mostre-me um leitor que tenha todo o tempo do mundo, e eu estarei conhecendo uma pessoa feliz!
Pois é, nosso tempo não nos pertence integralmente... Por um acaso, eu tenho o enorme privilégio de compartilhar meus dias com familiares muito amados. E, de vez em quando, a vida acontece e aquelas horas felizes lendo os livros que aprendi a amar, depois de tantos anos, tornam-se escassas... Contudo, o simples prazer de roubar alguns minutos e renovar o humor para o que der e vier é fabuloso!
Foi o que aconteceu durante a leitura de “O Último dos Canalhas”, da Loretta Chase. Quanto mais eu desejava estar grudada nesse livro adorável, menos tempo eu tinha. Embora, eu confesse que quase deixei de comprá-lo já que não gostei do volume anterior... Ok, galera, pode me vaiar... O início de “O Príncipe dos Canalhas” é uma delícia, mas depois... tsc, tsc, tsc... Não deu para mim! Sinto muito, adoradores de Lord Dain. ;)
Contudo, Lord Vere foi paixão à primeira linha! Você tem que concordar que um homem com uma dor, é muito elegante. E, Lord Vere carregava toda a dor do mundo aprisionada em seu peito e sem ter com quem desabafar, até encontrar a “Mulher Dragão”. Essa mulher foi quem começou o processo de cura desse personagem delicioso – em vários sentidos, é claro – com uma tremenda surra em praça pública! Ele mereceu, era arrogante e intrometido demais.
E, ele gamou por ela, é claro...
Então, temos esse homem vagando por Londres, sem amarras, bêbado, relacionando-se com a escória, mas que ao ver Bertie, irmão querido de Lady Dain, ser quase atropelado por uma loura imensa em sua carruagem, sai correndo para impedir que uma tragédia maior ainda aconteça nos becos sujos de Londres.
Vere conhece Lydia, por quem se apaixona quase imediatamente, só faltava o soco para solidificar esse sentimento, que ele só percebe quase ao final do livro.
Ih, dei spoilers? Bem, não me diga que você ia ler esse livro na incerteza sobre a concretização do amor dos dois??? Ahhhhh, chorei... :D
A trama é intensa, bem amarradinha, cheia de inserções shakespearianas, muito bem colocadas e divertidas, vilões terríveis, anjos de caras sujas, e, tem a Susan que é uma querida. O livro é tão bacana, que até mesmo os caninos se dão bem...
A prisão de Marshalsea - mencionada no livro - abrigava os devedores, e foi onde o pai de Charles Dickens ficou preso e, serviu de inspiração ao seu romance Little Dorrit, que foi adaptada pela BBC, e está sendo exibida pelo canal Art1, todas as terças, às nove e meia. #ficaadica.
Mas, eu sou uma leitora danada de chata... E, não é que eu descobri uma falha nessa história? Mas, nada que impeça você de ter horas de pura diversão, viu?
Explico: eu amo livros policiais, e de vez em quando dou uma escapulida e leio um e outro. Amo de paixão Sherlock Holmes! Com o Benedict Cumberbatch, então nem se fala!
Pois é, foi por causa dessa paixão que descobri esse “furo” da Loretta Chase. Acontece que Arthur Conan Doyle, segundo a lenda, baseou seu personagem icônico no Dr. Joseph Bell, citado pela autora em determinada cena do romance. Contudo, o Joseph Bell nasceu somente em dezembro de 1837, muito depois da época em que o romance está ambientado. Não rolou, Chase. Sorry!
Você poderia argumentar que era um homônimo, mas quando estiver lendo, vai acabar concordando comigo... Ou, não!Tudo bem...
Para terminar, de presente, Chase nos brinda com uma defesa muito bem argumentada a favor do gênero de seus próprios romances. Acredito, baseada na biografia da autora, que seja uma parte de sua vivência pessoal.
Um livro muito bom, e, em minha opinião, muito superior ao primeiro volume dessa série. Eu espero que você leia e se divirta tanto quanto eu.