Nath 11/02/2021Superestimado. Mesmo.Sério, a coisa mais superestimada que já li até o momento. Fraco, previsível, uns furos óbvios no plot, uma construção de personagens paupérrima. Enfim; um clichezão dos bem ruins, com direito a cenas típicas de filme de terror de baixo orçamento.
Entretanto, pra levantar alguns pontos positivos a respeito desse livro, posso dizer que ele começa bem; a ideia no todo é muito interessante, traz alguns questionamentos que apesar de um pouco batidos, são bem válidos. Além disso, a narrativa é fluída, com uma linguagem simples, bem clara e objetiva, indo bem direto ao ponto, o que é bom pra o que acredito que o autor se propôs a fazer e da um ritmo bom pra leitura. Não foi um livro que comecei "surtada", querendo ler rápido pra descobrir logo os capítulos seguintes, mas foi suficiente pra despertar meu interesse. Pena que isso tudo se perdeu tão rápido.
Não gostei e não achei nada convincente a forma como a história se desenrola, como o assassino se revela e como a "caçada" entre ele e o Psicológo William acontece. Tudo, absolutamente tudo é extremamente óbvio e conveniente. Os personagens (especialmente os principais) constantemente se baseiam em premissas moralistas super romantizadas pra justificar suas atitudes (que são todas horríveis, diga-se de passagem, o que os transforma em meros hipócritas) e parcamente tentar omitir suas psicopatias, o que leva o autor a usar muito de artifícios que não me agradam: muitas frases de efeito tanto nos diálogos como na narração, sempre com intenção nítida de chocar e/ou comover o leitor, o que torna o texto forçado e até um pouco sensacionalista em alguns momentos. Além disso, o famigerado "deus ex machina" também é muito usado, principalmente nos últimos 30% do livro, o que reforça minha percepção de conveniência nesse trama que pra mim foi pouquíssimo consistente.
Como disse anteriormente, a linguagem o do autor é bem clara e objetiva e é visto que ele escreve bem, tem o que precisa pra elaborar algo com potencial de envolver o leitor, no entanto, além das tais frases de efeito, ele também usa de muitos estereótipos na narrativa (talvez tenha a ver com a quantidade de clichês escolhidos), o que me incomodou muito. Exemplos significativos disso são: a forma sofrível como o autor se refere e como contextualiza bairros afastados e/ou de baixa renda, pessoas de comunidades rurais, pessoas com transtornos mentais etc; e também a parte investigativa que não só ficou muito longe da realidade (policiais invadindo propriedades e coletando provas por conta própria o tempo todo sem nunca ter mandado ou coisa que o valha, policiais portando armas de alto calibre em blitz, personagens falando sobre "acordos" na esfera criminal e por aí vai), como também resultou em algo totalmente americanizado, como que tirado de um filme estadunidense qualquer. A parte da psicologia também deixa muito a desejar, tanto que a síndrome de asperger é tratada de forma totalmente irresponsável, com um personagem sem profundidade nenhuma e que no fim das contas mais parece um mal educado do que alguém com dificuldades de interação social. Com tudo isso, a impressão que tive foi de alguém que quis fazer muito, mas que não quis ter o trabalho de fazer pelo menos uma pesquisa básica sobre os assuntos que pretendia abordar e por isso, o resultado foi que ou as coisas se mostravam incoerentes, ou ficavam muito vagas.
Isso se estende literalmente até o final, o qual, diga-se de passagem também é em grande parte previsível e cheio de clichês convenientes.
Por incrível que pareça, eu realmente queria muito gostar, principalmente pelo começo que realmente me prendeu com uma premissa que achei realmente boa e porque é um livro que foi muito falado e exaltado internet a dentro principalmente na época do lançamento. Infelizmente não me convenceu, não funcionou pra mim e minha experiência foi totalmente frustrante.