Roseane 24/07/2018
E eu?
E eu, não sou mulher?
Livro doloroso de se ler quando se é mulher negra retinta. Livro fala da realidade da mulher negra norte americana mas espelha muito a realidade da mulher negra Brasileira.
A autora Gloria Jean Watkins (Hopkinsville, 25 de setembro de 1952), mais conhecida pelo pseudônimo bell hooks (escrito em minúsculas)é uma autora, teórica feminista, artista e ativista social estadunidense. Sua obra incide principalmente sobre a interseccionalidade de raça, capitalismo e gênero, e aquilo que hooks descreve como a capacidade destes para produzir e perpetuar sistemas de opressão e dominação de classe. (Fonte: Wikipedia).
Esse livro ampliou o meu olhar perante o sexismo do homem negro e do racismo do homem branco e da mulher branca em relação a mulher negra.
A preocupação do homem negro com sua ?desmasculinização? no período da escravidão (só lendo pra entender esse contexto). Suas reivindicações onde relatavam que perderam a liberdade, o status e suas mulheres, mulher lida como PROPRIEDADE do homem negro.
Absurdas torturas feita pelo homem branco escravagista na travessia no intuito de ?domesticar? as mulheres. Um relato diz que o branco chicoteou uma criança de 9 meses pq se recusou a comer, derrubou a criança no chão do navio, mergulhou a criança em água quente e depois ordenou que a mãe atirasse o corpo ao mar.
O homem branco não tinha limites para as suas atitudes sádicas, violências físicas absurdas. Incontáveis mortes maternas, tortura a mulheres grávidas...o homem branco estuprava as mulheres negras na infância.
Os acadêmicos brancos quando começaram a escrever a história negra, assim o fizeram com o máximo de desonestidade e omissão possível, coisa que até hoje acontece. Por isso que nós temos que contar a nossa história.
Nessas falácias que eram aceitas pela população e reproduzido em massa pela mídia tinha em seu pilar a desqualificação da mulher negra.
Os esteriótipos negativos da mulher negra começaram a ser construído desde a escravidão e se reforça até os dias de hoje. Se um homem negro em uma comunidade africana desconfiasse de adultério, ele entregava a mulher para escravidão nas Américas. O homem branco plantou a imagem que a mulher negra é: selvagem, puta, prostituta, vaca, vulgar, má...
A mulher branca que se sentia ameaçada caso mulher negra obtivesse uma valorização social então reforçava a esses esteriótipos e se tornou uma das principais inimigas diretas da mulher negra. As mulheres brancas feministas eram contra a escravidão, mas não eram antirracista. Elas se pautavam nos esteriótipos e tinham o apoio do HOMEM NEGRO.
Um ódio profundo do homem negro a mulher negra era uma crescente pois obedecia a uma ideologia patriarcal e sexista. O homem negro teve seu estereótipo de homem selvagem abrandado e conseguiu direito ao voto o que causou revolta na mulher branca pois ela ainda não votava e o homem negro sim.
As relações afetivas interraciais homem negro mulher branca eram até tolerados, sabemos muito bem como o homem negro trata as suas brancas... então passava.
As relações mulher negra e homem branco causava ódio e revolta do homem negro que não admitia mulher negra em uma relação, e o ódio da mulher branca pois corriam o risco de mulheres ?vulgares? terem o status de senhora.
Não esqueçamos que as relações mulher negra e homem branco era a base de estupro, violências e sadismo na sua grande maioria, relações românticas eram raras.
As organizações sociais foram surgindo, escreviam, participavam de congresso, grupos surgiam como o movimento Black Power até uma sociedade negra alternativa foi proposta por um engraçadinho chamado Baraka, a sociedade negra que ele propunha era de total submissão e desvalorização da mulher negra. Muitos homens se converteram ao Islam e mulheres os seguiram, era satisfatório pq pregava a submissão da mulher. Malcom X achava fofo a total dedicação da esposa a ele, M.L. King também colhia frutos dessa desqualificação da mulher.
Resumindo, pretas retintas , estamos f?*&@$das!!!
Que peso sinto no peito após ler esse livro pq é uma realidade.
Oxalá temos hoje a Casa das pretas, Psicopretas, Oficina de escrita de mulheres negras, Casa da cultura da mulher negra, Geledés, Sueli Carneiro, Djamila Ribeiro, Conceiçao Evaristo, Dona Diva... temos teatro, música, cinema, livros, viagens, restaurantes... pretas organizem suas vidas, a estrutura é pesada e nós não somos incluídas, procuremos nós em nós a nossa felicidade no outro é historicamente e estruturalmente difícil.
Como Sojourner Truth eu pergunto:
E eu não sou mulher?