Butakun 24/06/2016
Outro gênio (quase) esquecido...
King. Stephen King. Não, Robert E. Howard não é um pseudônimo do King. O tempo não permitiria tal coisa. Mas o mencionei por ter sido com ele, o King, a minha primeira aproximação com a literatura de terror/horror. Sim, foi com “O Iluminado”, depois com “A Coisa” e, mais recentemente, com “Sob a Redoma” (que nem é tão terror assim, por ser mais voltado ao humano em si, e não ao sobrenatural). Mas chega de King. Voltemos ao roteiro. Até ouvir sobre o lançamento dessa antologia pela Editora Clock Tower, eu mal tinha conhecimento quanto a quem seria Robert E. Howard. Naturalmente, como bom apreciador da sétima arte, já havia assistido alguns filmes do Conan, o até bonzinho “Solomon Kane” de 2009, e “Kull, o Conquistador” (com o meu muso, Kevin Sorbo, hahaha), mas não os tinha ligado às suas origens. Até pouco tempo atrás, eu era bastante relapso quanto a isso. Lembro até de ter lido alguns contos que encontrei na internet publicados por aqui pela Conrad na coleção “Conan, o Cimério”, infelizmente cancelada já no segundo volume, mas, lembro até, que li por curiosidade, pelo Conan em si, sem sequer ter em mente que aqueles eram os contos originais, que criaram o cimério, em meados da década de 1930. Daí veio “O Mundo Sombrio” e acabei me jogando de cabeça no universo Howardiano, com os pictos, Bran Mak Morn, Conan, Kull e outros tantos. O livro, que engloba parte da obra do REH que se alimenta da fonte do Cthulu Mythos do Lovecraft, tem seus méritos, contando com contos bastante interessantes (como “A Pedra Negra”, que abre o livro, e “O Reino Sombrio”, que introduz Kull como o rei de Valusia, e “O Deus de Bal-Sagoth”, que conta até com a participação do saxão Athelstane, ícone guerreiro da antiga história britânica, que aparece também no romance histórico “Ivanhoé”, de Sir Walter Scott), uma relativamente boa organização, e deliciosas e fantásticas ilustrações do Leandro Moura, que também é responsável pela belíssima capa. De forma geral, a antologia serve como uma ótima introdução à obra do Robert, mostrando suas diversas facetas em contos bem diversificados, onde o terror habita, mas outros gêneros, como o “Magia e Espada”, sua principal marca, também têm significativo espaço. Naturalmente, nem tudo são flores. Há erros e mais erros quanto à grafia, regras gramaticais (como crase e concordância), pontuação equivocada, etc. Eu diria até, sem maldade ou exagero algum, que, possivelmente, há mais erros do que páginas.Um exemplo? Em “A Coisa no Telhado”, conto de apenas 7 páginas, foram notados mais de 25 erros. Só consigo pensar que não houve qualquer revisão entre a tradução, a preparação de textos e a edição final. E ver outros 4 erros em um parágrafo de 10 linhas (em “O Espírito do Anel”) só reforça isso. Em outro livro da editora, “O Rei de Amarelo”, publicado no começo de 2015, o mesmo problema, só que em menor escala, foi encontrado. Eu mesmo até enviei para eles uma relação com vários que verifiquei, apontando inclusive equívocos na tradução. Enfim, fica aquele sentimento de tristeza, ao ver uma editora promissora, que trouxe para o mercado brasileiro uma nova forma de fazer livros (o financiamento colaborativo), se perder em erros banais, de pura ineficiência na revisão. Sem mais. É isso. Agora resta torcer para que alguma outra editora abra os olhos para a maior criação do REH: Conan, outro ícone da literatura fantástica tão tristemente ignorado no Brasil.