Resenhas - Senhora

Andreia Santana 15/10/2011

Aurélia, uma feminista ao estilo José de Alencar
Senhora, na minha opinião, é uma das obras mais audaciosas de José de Alencar e talvez uma das pioneiras da literatura brasileira nos idos de 1800. Para os padrões da época, Aurélia, a protagonista, era um escândalo. Acho-a genial! Embora discorde da vingança como método para curar feridas, não dá para fingir que fico indiferente ao fato de uma mulher, em pleno século XIX, tomar as rédeas da própria vida. Ainda mais numa sociedade onde as mulheres mal existiam como indivíduos e mal eram consideradas cidadãs.

Aurélia encara as adversidades do destino e muda o mundo ao seu redor, ao seu bel prazer. Ela não se rende, faz com que se rendam a ela. É uma das protagonistas mais bem resolvidas da nossa literatura. Ficar chorando pelos cantos? Que nada, ela vai à luta. Duvidam? Pois Aurélia, assim como a Capitu, de Machado de Assis, já originou tese de doutorado só pelo seu comportamento libertário. E como não!?

O romance de Alencar começa mostrando a vida simples de uma moça que é órfã de pai e cuja mãe costura para fora para garantir-lhes o sustento. Essa moça, Aurélia, é apaixonada por Fernando, um bon vivant que a namora e depois a abandona, porque está a cata de uma noiva rica em quem possa dar o golpe do baú. A mãe de Aurélia morre e ela se vê sozinha no mundo e com o coração aos pedaços por uma desilusão amorosa das brabas. Só que, o destino sorri e, algum tempo depois, ela descobre que seu avô era milionário e lhe deixou uma grande fortuna. É aí que Aurélia mostra que tem sangue nas veias.

A ex costureirinha pobre toma posse da fortuna, aprende etiqueta, piano e tudo mais que uma dama precisava saber naqueles tempos aristocráticos e, alguns anos depois, quando Fernando está sem eira nem beira, dá o golpe fatal. Manda o tutor acertar seu casamento com o ex-desafeto por cem contos de réis. Ele se casa sem saber quem é a sua senhora, ou seja, a mulher que o comprou. Só depois, descobre que é Aurélia, a pobre moça que ele abandonara.

A partir daí, José de Alencar se supera descrevendo cada uma das humilhações que Aurélia faz Fernando passar. Sempre jogando na cara dele que o comprou e que ele, portanto, não tem dignidade. Apesar de ainda amar o rapaz, ela toma para si a missão de dar-lhe uma lição, de fazer-lhe provar do próprio veneno.

Ao mesmo tempo, Aurélia ensina Fernando a ser homem. Apesar de considerá-lo indigno por ter se vendido, ela o ensina o caminho para reconquistar a honra perdida, e claro, para que descubra o que é o amor de verdade. Fernando, graças à força de caráter de Aurélia, revê os próprios atos e pouco a pouco, tenta reescrever sua trajetória.

Lais544 01/09/2020

Não sei ainda se gostei desses personagens, tenho que pensar sobre isso .. Nesse livro são abordados os temas do casamento por interesse, da ascensão social a qualquer preço e principalmente a independência feminina,única coisa que me incomodou foi o final meio clichê.

Jorge Luiz da Silva 25/11/2023

A verdadeira heroina
A heroína é ela, sem sombra de dúvida. Mesmo sendo trocada pelo dinheiro de outra, por seu único e grande amor, ainda se humilhou e se submeteu a um gesto nobre.

Janaina Edwiges 22/08/2020

“Vendido sim; não tem outro nome. Sou rica, muito rica, sou milionária; precisava de um marido, traste indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem contos de réis, foi barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a minha riqueza por este momento”.

Que protagonista marcante, leitores!!! Aurélia Camargo, a altiva rainha dos salões, é inteligente, forte, conhecedora dos seus negócios, perspicaz e financeiramente independente, ocupando uma posição bastante incomum para uma mulher na sociedade carioca oitocentista. Ela é o destaque desta história, que é muito bem escrita e prende a atenção do leitor até o final, pois queremos acompanhar e descobrir como será o desfecho do relacionamento conturbado entre Aurélia e Fernando Seixas.

Senhora é um romance que traz muitas críticas e reflexões interessantes sobre o contexto social da época, abordando temas como o casamento por conveniência, que é tratado como um negócio através dos dotes; ascensão social; independência feminina e também a vida de aparências, em que muitas pessoas querem aparentar ser o que não são, escondendo a realidade.

Um clássico da literatura brasileira, que vale muito a pena ser lido!

SmildenFor 31/03/2024

Deixou o coração quentinho
No livro há claramente duras críticas à avareza, à vaidade e à falta de ética. Onde parece ser impossível um verdadeiro amor subsistir.
Mas foi muito bom no final eles se rendem um ao outro.
Pena que na realidade o final dificilmente seria o amor. Ainda mais nos dias de hoje.

Carol 19/10/2021

muito bommmm
eu lembro que a professora de literatura passou na época da escola e como uma típica estudante, acabei procrastinando e desperdicei essa chance...
eu gostei demais, comecei a ler e simplesmente não conseguia parar, acabei devorando
a descrição pomposa do José de Alencar por vezes enchia o saco, mas quando me dava conta estava inserida na história de tal forma que minha mente ia bem longe

Fabricy 21/10/2021

Releitura!!! José de Alencar! Meu favorito no Colégio!
O livro foi publicado em 1875! Foi o primeiro livro dele que li no Colégio, amei tanto que li vários outros!

Hoje o reli de uma forma mais crítica e mais fascinada ainda!!! José de Alencar retratava tudo em detalhes tão minuciosos, tanto os lugares, as pessoas, e os sentimentos.

Para os padrões da época (Século XIX), Aurélia era uma mulher atípica, inteligente, independente e decidida!

O livro tem pontadas críticas à sociedade burguesa, que vivia de aparências, ao mercado de casamentos como meio de ascensão social e ao orgulho!

Nosso português da época é bem difícil, mas é um livro do século XIX, é nossa história linguística!!!

Fascinada novamente! Será que o amor pode ser comprado?

Leiam!!!

hta 20/08/2021

Uma fofoca clássica
Comecei a ler esse livro no auge dos meus 12 anos e achei chato e difícil, mas hoje lido ele com meus 19 anos posso dizer, que obra incrível. O livro me entreteu e me divertiu até o fim. Confesso que fiquei em uma dualidade em relação fim, não sabia se tinha gostado ou não por querer mais dos personagens. Após refletir sobre esse fim como dito pelo próprio José de Alencar, uma história verídica apenas aceitei. A obra é uma grande crítica a moralidade humana e até onde o ser humano vai pelo status e o dinheiro.

Livia.Botelho 07/07/2021

Fernando e Aurélia protagonizam, na minha opinião, o mais interessante romance dos clássicos. Movidos pelo orgulho, tornam-se seus próprios senhores. Aurélia, acima de tudo, representa a emancipação feminina de uma forma que à época não se acreditava ser possível. Cada vez que leio, me apaixono mais.

MariaeSM 14/08/2023

Um bom livro
Estava um pouco nervosa quanto a leitura deste livro por causa de alguns comentários que ouvi e li a respeito dele, mas até que foi uma boa leitura. No início, confesso que estava me arrastando enquanto lia, mas depois ficou um pouco mais interessante. Principalmente quando compreendemos o porquê da Aurélia fazer tanto mistério ao Seixas quanto ao casamento.
É compreensível o fato de ela estar zangada, mas teria sido melhor apenas deixar ele para lá e seguir com a vida. Mas como no final houve esta mudança de atitude por parte dele, fico feliz por ela não ter feito isso.
Acho que, para mim, os únicos pontos negativos do livro são o fato de a leitura ser um pouco arrastada no livro e o fato de que os demais parrsonagens parecem não ter vida própria. Eles existem apenas para fazerem parte da vida dos personagens principais e a gente não sabe o que acontece com eles depois que a história acaba. Sei que isso pode não ser algo tão importante, mas existem livros que fazem isso e deixam um ar de história mais completa.
Enfim, gostei bastante da leitura, embora tenha tido sentimentos bastante conflituosos enquanto o lia.

isabella 17/07/2022

Um livro romântico.
Não tenho dúvidas sobre a beleza da obra, que segue a estética romântica e nos presenteia uma discussão sobre o que foi antes e o que é o romantismo agora.
José de Alencar usa da não linearidade para nos envolver na obra que nos leva a um final surpreendente para o romantismo em que nós acostumamos, mas conveniente e desejado para esse ramo da literatura do século 19. 5?

William LGZ 15/08/2023

Chegou muito perto da perfeição
Antes de ler Jane Eyre este tinha sido meu livro favorito do ano e isso não é pouco, eu vinha com as expectativas baixas por antes só ter lido do escritor o romance indianista Iracema, que não gostei tanto, mas Senhora mostrou uma outra faceta do seu autor que atingiu em cheio todos os meus gostos literários.

Desta vez a escrita altamente descritiva de José de Alencar, que em outro contexto achei bastante exaustiva, encaixou como uma luva nesta trama complexa que busca explorar a temática de um casamento de aparências, prática comum entre a sociedade do século XIX como uma forma de ascensão social, de forma aprofundada e com algumas surpresas que não deixam o leitor cair em tédio nunca.

Seus personagens, em especial a protagonista Aurélia, são marcantes e muito bem desenvolvidos, e os considero o principal motivo para eu ter me afeiçoado tanto a obra; Minha única crítica para esta está em seu final que achei muito apressado, precisando de uma melhor construção para que seus rumos pudessem ser aceitos de melhor forma por mim.

Entretanto mesmo assim e sem dúvidas ainda prossegue sendo um dos melhores livros que li em 2023 e definitivamente o indico para todos que acompanharam a resenha até aqui e se interessaram de algum modo por ele, vocês não vai se arrepender!

Arthur803 26/12/2023

Um romance bem escrito, intenso e refinado.
"Senhora" com certeza foi um dos melhores romances "de época" que eu já li, confesso que não sou fã desse estilo, mas pude aproveitar a obra apesar disso. Estou tentando ler coisas fora do meu costume. Outro ponto, já adianto que não é uma leitura fácil, dependendo do momento da sua vida, ou a ordem da sua leitura anual, pode ser que não aproveite a obra.

Os sentimentos e o ambiente são descritos de forma refinada, o linguajar é rebuscado e característico de clássicos. Personagens têm sua fineza e cultura acentuados, são amantes de poemas, teatros, conhecedores de vários assuntos. Além disso, são educados e seguem as normas sociais de um seleto grupo rico e renomado, dando uma profundidade, principalmente, aos personagens principais.

Mas voltando aos sentimentos, estes sao descritos em sensações dos personagens ou expressos em diálogos, e na minha visão, são perfeitamente colocados, sendo responsáveis pelo brilho do livro. Os personagens realmente sentem, são falhos, mas também acertam, nada preto e branco, muito pelo contrário, durante a leitura é bem capaz do leitor se encontrar em conflito. "Perdoar tal personagem?" "Se render ao amor e esquecer do passado?" "Nada disso, ele merece tal coisa ruim !". Muito bom essa relatividade. A dualidade dos sentimentos é perfeita, a mudança, desenvolvimento, muito bom.

Para os amantes de romance, e também para os amantes dos clássicos, eu recomendo "Senhora".

Ella 18/01/2021

Seria perfeito...
Se não fosse ela cedendo e casando no final. Honestamente, preferia que ela terminasse rica, feliz e sozinha