Sô 26/11/2018As primeiras páginas dessa HQ autobiográfica sobre uma adolescente punk não me chamaram muita atenção. Esse negócio de rebelde sem causa me dá preguiça. Mas ela vai te envolvendo aos poucos, e o que parecia ser uma história banal, passa a ter um significado.
A autora resolve ir com uma “amiga”, a Edi, para a Itália. Ambas são Austríacas e não possuem um centavo sequer para bancar a viagem. Vão pedindo carona na estrada, caminham entre a fronteira de ambos os países, e enfim chegam ao destino final. E é aí que a HQ começa a ficar interessante.
Adorei os detalhes que a autora inseriu na HQ para nos ambientar na história. Desde pontos turísticos famosos na Italiá, até detalhes corriqueiros: uma placa quebrada, uma moto estacionada, ruinhas estreitas, a fachada de uma loja.
É na Itália que o perrengue de verdade começa. Elas passam a mendigar para comer, trocam sexo por comida, não tomam banho, dormem em parques, uma delas se prostitui e a outra é estuprada. Chegam até a se envolverem com a máfia.
Os homens que a autora vai encontrando pelo caminho são de dar nojo. E em uma passagem específica, consegui sentir o medo que ela deveria estar sentindo naquele momento, enquanto fugia de mafiosos depois de se recusar a ter relação sexual com um deles.
Enquanto lia essa HQ, pensava a todo instante que se fosse eu, já teria corrido dali de volta para a segurança da minha casa, mas por outro lado, como assim uma mulher não conseguir viajar sozinha sem ser abordada por tarados? Quando disse lá em cima que a HQ passou a ter um significado, pra mim foi justamente o da resiliência feminina. Por mais mulheres corajosas assim!