Lilyan Sotnas 19/07/2019
"Quem diria que naquele espaço estéril, encardido e pálido do apartamento aquilo ia acontecer – não sei o que aconteceu, e se aconteceu. Tudo isso podia ser só invenção, mera especulação descarnada do plano físico. Mas sabia, desde já, que aquela coisa ia virar referência: ia ser tatuagem, cicatriz, mancha, massa sem fermento ou qualquer coisa que o valha. Eram os olhos abertos, a boca pronunciando e provocando, os lábios se chocando maciamente, e tudo isso se avolumando, se encorpando – condição humana. Não era amor, não é e não será. Amor desumaniza. Era o que tinha que ser. E o que podia ser?”
•☆>>📖
》 Eis um livro que fez mágica quando li. •Por quê? 》》 Porque pra entrar no clima da história para que ela flui-se no mesmo tom poético que é escrita, encaixar-me nela, eu experimentei ler escutando blues (coisa que nunca escutei, mas imagino que o autor deva ter escutado bastante) e tive que beber muito café (coisa de que geralmente troco por chá). Foi um livro diferente daqueles que costumo ler, porque foi o primeiro conto que li que trouxe uma poesia pura, real e intensa. Ele fala de paixão, aquela parte carnal e feia do amor. E, afinal, o que é mais intenso do que uma paixão avassaladora? Foi uma leitura LITERALMENTE encantadora e desafiadora que fez parecer ser um pedaço do próprio autor. E eu sempre quis saber se a história narrada não é apenas uma mera ficção. 👐 Inteligência Das Coisas Cegas não é uma obra para simplesmente ler, é uma obra para quem respira e sente poesia.