Nova.Arion 03/05/2016
Porque sempre tem aquela que faz uma resenha não tão positiva
Pelo visto, eu fui a única até agora que não morreu de amores por esse livro.
Eu nem ia fazer uma resenha porque sou preguiçosa, mas visto que fui a única até o momento a dar menos de 4 estrelas para o livro, e estou com preguiça de fazer meu trabalho de 3D para hoje, achei que seria justo para a autora e os futuros leitores explicar o porquê. Digo futuros leitores porque, sempre que vou ler um novo livro, eu procuro resenhar negativas antes de decidir. Se os defeitos apontados forem coisas que não incomodam a minha pessoa, então eu leio. Se não...
Enfim, a resenha.
Sinto-me na obrigação de começar com os pontos positivos da história, então vamos lá.
Eu amei o mundo criado. Um lugar onde as pessoas que não desejam mais sentir dor? Onde eu assino?
A estética também me agradou muito, várias vezes me senti tentada a fazer algumas ilustrações baseadas nos cenários descritos e nas pinturas da própria personagem (e eu gosto de esquemas de cores monocromáticos).
Os personagens também me cativaram a sua própria maneira, apesar de eu achar que eles poderiam ter sido trabalhados de forma melhor.
E... Acho que foi isso.
Agora, o que mais me desagradou foi a narrativa.
No início, até que estava gostando. Os primeiros capítulos são muito bons (ou eu não teria comprado para ver como termina).
Mas, na medida em que a história foi avançando, sentia-me mais e mais irritada. A maior parte do livro é narrado em primeira pessoa no presente. Isso pode ser ou muito bom, ou muito desgastante. E começou muito bom, mas terminou muito desgastante. Cada vez mais sentia menos simpatia pela Melinda, nossa principal, e várias vezes me senti muito tentada a abandonar o livro.
E, em alguns momentos, para mostrar o que acontecia em outro ponto da história, a autora passava para terceira pessoa no pretérito. E essas partes eram tão mais bem escritas que as partes narradas pela Melinda, toda vez que mudava em trincava os dentes para não gritar "Moça, porque não escreveu o livro todo assim?!". Essas mudanças de pontos de vistas não fluíam de forma natural, meio que estragaram a minha experiência com o livro.
Tem como essa mudança funcionar, sabe? Recentemente, li o livro O Circo Mecânico, que fica alterando entre primeira, segunda e terceira pessoa. Mas flui tão naturalmente, você nem percebe direito. Acredito que, nesse caso, foi por conta de como a técnica foi usada no livro. Sempre que a narrativa saia da primeira pessoa, começava com frases como "Foi isso o que aconteceu" e "É isso o que acontece", de forma que mesmo essas partes soavam como se o narrador-personagem as estivesse contando.
Porém, no caso de Rainha dos Corações Congelados, essa mudança só me causava estranheza. Nas primeiras vezes até que consegui engolir, mas ao longo da história, só ficava mais e mais desconfortável. Era algo abrupto, forçado, tentando suprir os limites de Melinda como narradora, o que teria sido melhor se a história fosse escrita em terceira pessoa de uma vez, ou se as partes em terceira também soassem como se ela estivesse narrando.
O final... Não quero dar spoilers, mas vamos dizer que eu estava pronta para dar 3 estrelas, antes de eu ler o epílogo e decidi que duas já daria.
No fim, creio que realmente o que estragou a experiência para mim foi a narrativa. Sou muito chata nessas coisas. Porque a autora escreve bem! Tanto em primeira pessoa quanto em terceira.
Mas essa mistura simplesmente não desceu para mim. Mas, não sei. Talvez funcione para você.